Cultura

"Bonitinha, mas ordinária" estreia sábado (1º/12) no Martim Gonçalves

Na peça, a tentação atormenta o ex-contínuo Edgard, que tem de escolher entre o casamento por dinheiro ou por amor
Verena Paranhos , da redação em Salvador | 26/11/2012 às 11:41
Peça de Nelson Rodrigues
Foto: Nilson Rocha
No ano de centenário do nascimento de Nelson Rodrigues, 19 novos atores da Escola de Teatro da UFBA apresentam Bonitinha, mas ordinária, sob direção de Luiz Marfuz (Meu nome é mentira e As velhas). O espetáculo estreia dia 1º de dezembro (sábado), no Teatro Martim Gonçalves, às 20 horas, e fica em cartaz até 16 de dezembro, de quarta a domingo, com entrada franca (mediante apresentação de senha).       

 Na peça, a tentação atormenta o ex-contínuo Edgard, que tem de escolher entre o casamento por dinheiro ou por amor. Apaixonado pela vizinha Ritinha, que sustenta a mãe louca e as três irmãs, Edgard recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, a filha de Werneck, seu patrão, que fora currada. A trama gira em torno das hesitações de Edgard e, como todo texto rodriguiano, traz tensões e desfechos surpreendentes, que escondem a hipocrisia e o moralismo de fachada da classe média que o autor soube tão bem analisar.

Bonitinha, mas ordinária é inédito na Bahia e também comemora 50 anos da primeira e histórica montagem, dirigida por Martim Gonçalves, no Rio de Janeiro. Para Luiz Marfuz, o texto de Nelson continua atualíssimo. “Ele atravessa qualquer época. É o nosso dramaturgo mais contemporâneo. Existem questões no texto que remetem ao conservadorismo da época (1962): virgindade, pureza, casamento, sexo. No entanto, o mais importante é foco no mercado de compra e venda de valores humanos e sociais, com ênfase no brasileiro”. 

Apesar do texto da peça ter estrutura cinematográfica (com projeções flash back) e já ter sido adaptado diversas vezes para o cinema – com direção de J.P. de Carvalho (1963), Braz Chediak (1981) e Moacyr Góes (2009) – nesta montagem, Marfuz procurou um diálogo entre esta linguagem e a teatral. “O cinema é uma referência na minha trajetória. Digo que literatura e cinema são dois eixos que me ajudam a moldar minha formação como artista e pessoa”, explica o professor da Escola de Teatro da Ufba.

  Equipe

Esta é a terceira vez que Luiz Marfuz dirige um espetáculo de formatura dos alunos da Escola de Teatro da UFBA. Em 2008, ele montou Atire a primeira pedra (4 indicações ao Prêmio Braskem de Teatro) e, em 2011, Meu nome é mentira (5 indicações, com premiação de Melhor Diretor). Para o diretor, esta turma tem um traço particular: “eles já entraram na Escola de Teatro com experiências anteriores em grupos e espetáculos, o que dá um caldo na formação. Você lida com atores que têm um itinerário da prática, da experimentação, da pesquisa da cena e da atuação. Aliás, este vem sendo um perfil de entrada de grande parte dos alunos da Escola”.

E acrescenta: “Esta turma tem disciplina e vontade coletiva. Os atores são aplicados, gostam de experimentar e são sensíveis a propostas estéticas que os instiguem. Não têm o freio de mão puxado, fazem de tudo um pouco: produzem, resolvem questões técnicas, cantam, dançam, tudo isso na busca pela formação de um ator com potencialidade e disponibilidade que se exige hoje em dia”.

A montagem baiana conta ainda com uma equipe de renomados profissionais da cena local: Miguel Carvalho (figurino), Luciano Bahia (direção musical), Paco Gomes (coreografia), Rodrigo Frota (cenografia), Marcelo Jardim (preparação de canto), Elaine Cardim (preparação de voz), Leonel Henckes (preparação corporal).

FICHA TÉCNICA

 Texto: Nelson Rodrigues

Direção e Adaptação: Luiz Marfuz

Elenco: Aisha Britto, Alex Barreto, Andréa Rodrigues, Brisa Morena, Carlos Gomes, Eveline Ferraz, Fernanda Beltrão, Fernando Antônio, João Gabriel, João Guisande, Laís Machado, Larissa Raton, Laura Sarpa, Manuela Brito, Patrícia Oliveira, Raphaela de Paula, Thiago Carvalho e Thierri Moitinho

Assistentes de Direção: Diego Pinheiro, Juan David Gonzalez, Leonel Henckes, Sandro Souza e Vinícius Martins

Coordenação de Produção: Fernanda Paquelet

Figurino: Miguel Carvalho

Cenografia: Rodrigo Frota

Direção Musical: Luciano Bahia

Maquiagem: Claudete Eloy

Coreografia: Paco Gomes

Iluminação: Luciana Liége e Paco Gomes

Designer de novas mídias: PH Dias

Preparação corporal: Leonel Henckes

Preparação vocal para cena: Elaine Cardim

Preparação de canto: Marcelo Jardim

Análise de texto: Cleise Mendes

Penteados :Deo Carvalho

Operação de luz: Ruhan Álvares

Operação de som: Diego Pinheiro

Fotografia: Adenor Gondim, Alessandra Novais e Nilson Rocha

Arte Gráfica: Lucas Modesto

Assessoria de Imprensa: Verena Paranhos

Assistente de produção: Mariana Passos

Núcleo de produção executiva: Amauri Oliveira, Fernanda Beltrão, Fernando Antônio, João Guisande, Larissa Raton, Laura Sarpa, Raphaela de Paula e Thiago Carvalho

SERVIÇO:
Bonitinha, mas ordinária

Onde: Teatro Martim Gonçalves – Rua Araújo Pinho 292, Canela (3283-7850 / 3283-7851)

Quando: De 1º/12 a 16/12, de quarta a domingo, às 20h

Entrada franca (a distribuição de senhas começa 1 hora antes de cada apresentação)

Classificação: 14 anos