Cultura

O AVIÃO DOS GORDINHOS PODE DECOLAR EM FUTURO BREVE. POR OTTO FREITAS

veja
| 09/07/2012 às 07:00
Gordo sempre leva a pior nos vôos devido poltronas apertadas
Foto: DIV
  Todo mundo sabe que gordo não cabe na poltrona do avião, que é apertada até mesmo para quem está apenas um pouco acima do peso. Como esta coluna já registrou, sobram pesquisas confirmando e reafirmando o que todos sentem na pele, gordos e magros: poltrona de avião é pequena e não atende às necessidades da maior parte dos passageiros.


   Em média, o encosto dos assentos conta com 45 cm de largura, mas cerca de 70% dos passageiros têm ombros mais largos que isso e estão acima do peso, segundo as pesquisas.


   Alguns voos nacionais têm classe executiva e econômica. A executiva equivale a uma cadeira e meia da classe econômica. Ou seja, dois passageiros da classe econômica ocupam o mesmo espaço de um na executiva. Então, o gordo que não tem grana para voar na primeira classe, na executiva, ou pagar por duas poltronas, é forçado a sofrer o aperto, em viagens tenebrosas, ou simplesmente ficam impedidos de viajar de avião, no caso dos grandes obesos.


   Mas parece haver uma nova luz no horizonte, além do arco-íris. Os gordinhos, enfim, podem ganhar, em futuro breve, cadeiras um pouco mais folgadas nos aviões de carreira. Terão que pagar mais caro por isso, mas é melhor do que pagar tarifa dobrada, quando são obrigados a comprar duas poltronas, em algumas aeronaves.


    Segundo a revista Veja (nº 25, 20/6/12), a Airbus está desenvolvendo um novo modelo de seu jato A320 com poltronas junto ao corredor mais largas. No A320 atual, os três assentos de cada lado da aeronave têm 46 cm. No novo avião, as poltronas do corredor terão 51 cm. As do meio e as da janela, 43 cm, mesma largura que as do Boeing 737, modelo similar. É pouco, mas é melhor do que nada.


   Ainda não há previsão de prazo para que o avião dos gordinhos entre em operação, mas, segundo a Airbus, companhias aéreas de todo o mundo já manifestaram interesse no projeto. As americanas devem ser as primeiras, considerando que um terço da população dos Estados Unidos é formado por obesos. O certo mesmo é que será cobrada uma taxa extra pelo assento mais largo.


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   Aliás, as taxas extras fazem parte de uma tendência: como acontece fora do Brasil, as companhias aéreas nacionais começaram a cobrar dos passageiros por serviços que antes eram de graça. O grandalhão que pretender esticar as pernas, sentando nas poltronas próximas à saída de emergência, onde há mais espaço, agora tem que pagar uma taxa extra de R$10,00. Lanche grátis em breve será coisa do passado: os sanduiches eram cobrados em 180 dos 900 voos diários; agora, é preciso pagar por eles em 400 voos. 


   Os entendidos afirmam que em futuro breve as companhias vão cobrar por todo e qualquer serviço de bordo. É um dos recursos para sobreviver à competição que baixou significativamente o preço dos bilhetes. Às vezes, é mais vantagem viajar de avião do que de ônibus.


   Isso atraiu novos clientes, principalmente a chamada nova classe média brasileira, que nunca viajou de avião. Convém lembrar que esse novo passageiro está acostumado a dar nó em pingo d'água para sobreviver e certamente vai achar um jeito de fugir das taxas extras.


   Na bagagem de mão certamente não vão faltar o tradicional franguinho assado com farofa e as garrafas pet de tubaínas e outros refrigerantes populares.

Quem quiser que vá vender suas barrinhas de cereal na primeira classe.


* Otto Freitas (otto.freitas@terra.com.br), 59 anos, é jornalista, formado pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia. Atua na imprensa baiana há quase 40 anos, em revistas, jornais e TV; comunicação corporativa e jornalismo digital.