Cultura

Funarte e Funcultura apresentam "Um Rito de Mães Rosas e Sangue"

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| 23/06/2012 às 16:24


Após ganhar os prêmios de melhor figurino para Luciano Pontes e melhor iluminação
para Luciana Raposo no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos (PE), o espetáculo
"Um Rito de Mães, Rosas e Sangue", dirigido por  Claudio Lira, inicia sua turnê nacional e será apresentado em quatro capitais no mês de julho: Salvador, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.



"Um Rito de Mães, Rosas e Sangue", um ato poético em três quadros, traz à cena
uma livre adaptação das três tragédias rurais de Garcia Lorca: "Bodas de Sangue"
(1933), "Yerma" (1934) e "A Casa de Bernarda Alba" (1936). Aqui a criação de Lorca é apresentada como um espetáculo ritualístico ambientado num lugar distante, no qual o tempo e o espaço são
reinventados e metaforizados dentro da cena.


A peça transforma as tragédias em quadros, onde a Mãe é o foco central do ritual
cênico: é ela quem dita as regras do jogo. No primeiro quadro,
Claudio Lira versa sobre a memória e o futuro da mãe no momento posterior aos
acontecimentos da tragédia "Bodas de Sangue". É o desabafo de uma mãe perante
suas lembranças, seus fantasmas e o infortúnio da morte de seu filho,
assassinado no dia do casamento. Diante do túmulo deste e da ausência do marido,
também já morto, e com quem conviveu por apenas três anos, ela amaldiçoa as
navalhas e outros objetos cortantes, enquanto vira comentário para as
vizinhas.
No segundo quadro, "A Casa de Bernarda", um universo sufocante e claustrofóbico
é instaurado pela mãe Bernarda Alba, que com mãos de ferro, condena as suas
filhas a um luto eterno, até que alguma delas se case. No terceiro e último
quadro, "Yerma", a peça desvenda as várias Yermas, que se sobrepõem, à medida
que as esperanças da personagem vão se dissipando em sua busca incessante pela
maternidade.



A costura desse "tecido cênico" é feita através da combinação de duas personagens
opostas, Maria Josefa, a louca mãe de Bernarda, que anseia por vida e liberdade,
e a mendiga, símbolo do mau agouro presente em alguns textos de Lorca, figura
que, segundo o próprio autor é a morte na iconografia dos seus
textos.



A montagem
conquistou o Prêmio Myriam Muniz, da Funarte, e o Fomento às Artes Cênicas, da
Prefeitura do Recife, e traz no elenco, Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga,
Andrezza Alves, Daniella Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira,
Lano de Lins e Zé Barbosa.



Um Rito - Sua
Origem


A montagem de "Um
Rito de Mães, Rosas e Sangue"

é fruto da união de pessoas com experiências
de vida diferentes, que compartilham do desejo em estabelecer uma discussão viva
e criativa sobre o fazer teatral. O embrião do projeto surgiu em 1999, na
Universidade Federal de Pernambuco, com a montagem de "A Casa de Bernarda - Uma
Performance Obscura". Dez anos depois, contando com o reforço de novos
profissionais que se agregaram ao projeto, retomaram os trabalhos e o pensamento
continuando os estudos sobre o universo do escritor Federico Garcia Lorca, e
mais especificamente sobre suas Três Tragédias Rurais.



O espetáculo estreou em maio de
2010 no Festival Palco Giratório, do SESC Pernambuco. Em seguida, realizou
temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, em Recife. Foi contemplado com os
prêmios de Melhor Figurino, para Luciano Pontes, e Melhor iluminação, para
Luciana Raposo, além de concorrer aos prêmios de Melhor Espetáculo e atriz
Coadjuvante no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos - PE (
2011).


Seguiu então em turnê por
diversas cidades de Pernambuco como Surubim, Jaboatão dos Guararapes (por duas
vezes), Triunfo e Caruaru.



Sucesso
de público e crítica, "Um
Rito de Mães, Rosas e Sangue"

hoje
cumpre sua terceira temporada em Recife, e prepara-se para iniciar sua turnê
nacional. Em paralelo com essa circulação, o grupo ensaia sua nova montagem, uma
encenação da peça "Beijo no Asfalto", cuja estreia está prevista para agosto de
2012, no Rio de Janeiro.




Sobre o
Autor


Federico García Lorca, poeta e
dramaturgo, nasceu em Fuente Vaqueros, Andaluzia, em 05 de junho de 1898, e foi
um dos maiores poetas e dramaturgos espanhóis, bem como uma das primeiras
vítimas da Guerra Civil Espanhola.



De educação sofisticada, Lorca
ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, depois transferiu-se para
Madri. Publicou os primeiros poemas inspirados em temas relativos à Andaluzia
("Impressões e Paisagens", 1918), à música e ao folclore ("Poemas do Canto
Fundo", 1921-1922) e aos ciganos ("Romancero Gitano", 1928), quando ficou amigo
do cineasta Luis Buñel e do pintor Salvador Dali. Concluído o curso de Direto,
Lorca foi para os Estados Unidos e para Cuba, período em que escreveu seus
poemas surrealistas e expressou seu horror pela brutalidade da civilização
mecanizada ("Poeta em Nova Iorque" - 1940).



Voltando à Espanha, criou o
grupo de teatro chamado La Barraca, e com ele percorreu o país. Lorca tinha
ideias socialistas, mas foi sua homossexualidade o alvo do conservadorismo da
Igreja Católica espanhola, que ao lado dos facistas ensaiava a tomada do poder.
Iniciou-se aí uma das mais sangrentas guerras do século XX, prenúncio da Segunda
Guerra Mundial. Com o início da guerra, Lorca, intimidado, retornou para
Granada, e teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento
de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".



Assim, num dia de agosto de
1936, sem julgamento, "A caneta calou-se" e o grande poeta foi executado pelos
franquistas; seu corpo foi enterrado em lugar até hoje desconhecido. Sua voz,
porém, ecoa até hoje, como o vento, por todas as partes.



Em sua curta existência, Lorca
deixou pouco mais de uma dúzia de peças, grande parte consideradas obras-primas,
entre elas as Três Tragédias Rurais, utilizadas por Claudio Lira para compor o
espetáculo "Um
Rito de Mães, Rosas e Sangue".




FICHA
TÉCNICA


Elenco:
Ana
Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrezza Alves, Daniella Travassos, Luciana Canti,
Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa.



Texto
Original:
Frederico Garcia Lorca


Dramaturgia,
Encenação e Argumento:
Cláudio Lira


Texto
Cênico:
Criação Coletiva do Grupo


Direção de
Arte:
Luciano Pontes


Iluminação: Luciana Raposo


Direção
Musical e Preparação Vocal:
Adriana
Millet


Coreografias: Sandra Rino


Instrutora
de Yoga:
Ana Maria Ramos


Edição de
Fotos e Vídeos:
Tuca Siqueira


Programação
Visual:
Cláudio Lira


Produção
Executiva:
Claudio Lira, Andrezza
Alves


Produção
Circuito:

Andrezza Alves, Patrícia Caju, Sandra Joliv


Assessoria
de Imprensa Circuito:
Moretti Cultura e
Comunicação



SERVIÇO:


Onde: Teatro do
Movimento - UFBA


Endereço: Av Adhemar de Barros,S/N
- Campus de Ondina - Salvador
Contato: danca@ufba.br
Telefone: 55 (71) 3245.6412


Quando: dias 03 e 04 de julho -
Terça e Quarta, às 20h


Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$
10,00 (meia-entrada)


Recomendação:
16 anos