No mundo artístico, a auto-referência sempre foi tema recorrente já que muitos artistas buscam inspiração em suas próprias vidas. Com o advento dos mass media (meios de comunicação de massa) a partir da segunda metade do século XX e o supra-aquecimento do mercado da arte moderna e contemporânea que perdura até hoje, muitos profissionais desse segmento passaram a padecer de um exercício exacerbado do ego.

Mas, alguns artistas contemporâneos, mais recentemente, buscam o caminho contrário. O caminho da alteridade. De ouvir "o outro". De entender esse “outro”, de deixá-lo falar e se expressar. Às vezes até como uma condição final para se encontrar a si mesmo.

É justamente sobre essa temática, que será lançado hoje (19), sábado, às 10h30, no Solar do Unhão (Av. Contorno, s/n), em Salvador, o livro “DIAS & RIEDWEG: ALTERIDADE E EXPERIÊNCIA ESTÉTICA NA ARTE CONTEMPORÂNEA BRASILEIRA”, da pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Beatriz Pimenta Velloso.

Logo após, às 11h, será iniciado um debate público, com entrada gratuita, no Cinema do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), com a participação da autora, de um do mais renomados críticos da arte contemporânea, o alemão Jörg Heiser – pela primeira vez em Salvador – Dias&Riedweg e a diretora do MAM, Stella Carrozzo.

Os artistas Maurício Dias e Walter Riedweg, que estão com exposição aberta ao público a partir de hoje (18) no MAM-BA, desenvolvem seus projetos em colaboração com diferentes grupos sociais por meio de videoinstalações que contextualizam em forma de arte as suas subjetividades.

Segundo a autora, na arte contemporânea brasileira, grupos desprivilegiados já tinham feito sua aparição, como na pintura modernista da Semana de Arte de 1922 que, entretanto, observou a alteridade à distância e a idealizou em formas cubistas. “Sob outra perspectiva, Dias & Riedweg aproximam a representação artística à experiência direta do encontro, em que o risco da inclusão e exclusão não está apenas presente, como também visível na própria abordagem”, diz Beatriz.

Assim, esses artistas que expõem no MAM-BA até 22 de julho, evidenciam que a subjetividade é algo presente em todos os contextos, independente das diferenças socioeconômicas. Essa postura teria evoluído a partir de Hélio Oiticica que, no final dos anos 1960, conviveu com os habitantes do Morro da Mangueira e construiu obras inspiradas no cotidiano de suas vidas.

“A partir dos anos 1990, Dias & Riedweg, ao se beneficiarem das tecnologias do vídeo, possibilitam uma maior aproximação do público de arte a experiências com a alteridade, convidando os visitantes de suas exposições a refletir sobre os respectivos mecanismos de inclusão e exclusão que fundamentam a formação de nossa cultura”, completa a professora da UFRJ.

SERVIÇO

O quê: Lançamento do livro “Dias & Riedweg: alteridade e experiência estética na arte contemporânea brasileira” com a presença da autora Beatriz Pimenta Velloso. Logo após, Mesa Redonda com Jörg Heiser, Walter Riedweg, Mauricio Dias, Beatriz Pimenta e Stella Carrozzo.

Quando: amanhã, sábado, dia 19 de maio, às 10h30

Local: Cinema do MAM-BA (Avenida Contorno, s/n, Solar do Unhão) – estacionamento no local