Cultura

SEPULTADO EM SÃO PAULO UM DOS MAIS ANTIGOS CANTORES SERTANEJOS, TINOCO

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| 04/05/2012 às 12:30
Velório de Tinoco na Zona Oeste de São Paulo
Foto: Rodrigo Coca

Um dos filhos do cantor sertanejo Tinoco, Elcio Perez, disse que esteve na casa do pai na quinta-feira (3) e já o encontrou passando mal. "Ele estava ofegante e me pediu um beijo. Foi então que senti que a temperatura dele estava muito alta", contou Elcio, 66 anos, durante o velório do pai, que acontece no Cemitério da Quarta Parada, no Belém, na zona leste de São Paulo. O cantor morreu de insuficiência respiratória na madrugada desta sexta (4).


"Sempre que eu chegava na casa do meu pai, dava um abraço nele. Ontem ele estava na cama. Quando perguntei se estava tudo bem, ele me pediu que eu fosse embora porque estava passando mal. Mandei chamar uma ambulância imediatamente", relatou o filho.

Elcio contou ainda que trabalhou com o pai desde os 9 anos, quando o sertanejo fazia apresentações em circos, até os 39, na produção dos shows. De acordo com ele, Tinoco nunca quis parar de trabalhar. "No mês passado, ele fez quatro shows." Tinoco tinha apresentação marcada para a Virada Cultural em São Paulo neste final de semana; a assessoria de imprensa do evento ainda não sabe se algum artista substituirá o cantor.

O cantor deixa seis filhos.

Carreira
Tinoco formou uma das duplas sertanejas mais famosas e respeitadas do País ao lado do irmão mais novo João Salvador Perez, o Tonico, ainda nos anos 30.

Com a paixão pela música herdada dos avós maternos, Olegário e Izabel, Tonico e Tinoco começaram a carreira em 1930, quando moravam em Botucatu, no interior de São Paulo. A primeira apresentação profissional aconteceu cinco anos mais tarde, junto com um primo, em show em uma quermesse local.


Em 1941 a família se mudou para a capital paulista e, devido às dificuldades financeiras, começaram a fazer apresentações aos finais de semana, ao lado de Raul Torres Florêncio, como o trio Os Três Batutas do Sertão.


Increveram-se em um programa de calouros na Rádio Emissora de Piratininga, chegando à final do concurso, quando foram aplaudidos de pé pelo público. Outros violeiros da competição também se emocionaram e cumprimentaram a dupla que já dava sinais de sucesso.


A partir daí começaram a colher os frutos e, no início da década de 50, já eram considerados um dos maiores nomes da música sertaneja no País. Nos anos 60, realizaram quase mil gravações, dividas em 83 álbuns. A dupla teve fim com a morte de Tonico, em 1994.