Cultura

MOSTEIRO SÃO BENTO VAI REVELAR NOVOS DOCUMENTOS SOBRE HISTÓRIA DO PAÍS

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| 31/03/2012 às 13:26
Arquiabade dom Emanuel fez revelação na missa dos 500 anos de Catarina Paraguaçu
Foto: BJÁ
  O arquiabade do Mosteiro de São Bento, dom Emanuel d'Able do Amaral, anunciou neste sábado durante missa comemorativa pelos 500 anos de nascimento de Catarina Paraguaçu, no mosterinho da Graça, que um grupo de pesquisadores do São Bento e da Casa da Torre estão analisando textos inéditos sobre a mãe do Brasil, e que nunca foram lidos pela historiografia nacional. "O livro do tombo do Mosteiro vai revelar algo que ainda não se conhece sobre a história do Brasil", frisou.

  A tupinambá Catarina Paraguaçu foi herdeira da sesmaria doada pela Corte de Portugal ao casal Diogo Álvares (Caramuru) e Catarina passada por doação a Ordem de São Bento, a qual chegou a Bahia em 1582, 33 anos após Tomé de Souza, e sete anos do seu falecimento. O casal é responsável pela construção da primeira ermida a Maria na América Portuguesa (atual igreja da Graça), isso por volta de 1530, bairro onde residiram até seus falecimentos, Caramuru, em 1557, sepultado na catedral jesuita; e Catarina, em 26 de janeiro de 1589, sepultada na igreja da Graça.

  Em sua homilia, o arquiabade ressaltou quatro missões, hoje, para dar continuidade a obra de evangelização iniciada por Catarina Paraguaçu, após sua visão e achado de uma imagem de Maria e construção da ermida. A primeira delas destacou a dimensão espiritual do santuário mariano com a forte presença da mãe de Deus na América Portuguesa, na Bahia, um legado que os beneditinos cultuam com todo ardor.

  Entende que essa parte espiritual está associada ao dever com o acervo artístico que precisa e vai ser restaurado, projeto que já foi aprovado pelo IPHAN e busca recursos para sua execução. "Temos que preservar a parte histórica e continuar cultuando a espiritual", frisou.

  A segunda missão, segundo o arquiabade, "é cuidar das pessoas" num trabalho de solidariedade sobretudo com aqueles que mais precisam, o que classifica de "graça solidária". A terceira missão é manter a ermida ou mosteirinho da Graça em pleno funcionamento e, para isso, o MSB vai designar psicologos para atuarem no campo da psicopedagogia, com apoio da Associação dos Moradores.

  E, por fim a quarta missão, revelar o que está escrito nos livros de tombo do Mosteiro sobre Catarina, sua origem, sua jornada em vida na Bahia, o que poderá ser muito revelador para a história do Brasil.

  MÃE DO BRASIL

  À missa, com a presença do presidente da Câmara de Vereadores, Pedro Godinho, do presidente do Centro Cultura e de Pesquisas da Casa da Torre, Christovão de Ávila, do presidente da Fundação Pedro Calomon, Ubiratan Castro, do presidente da Associação dos Moradores da Graça, Flávio de Paula, fiéis e outras autoridades, teve um enorme congraçamento e, no seu final, distribuição de livros de Tasso Franco sobre a vida de Catarina Paraguaçu.

  O arquiabade Dom Emanuel agradeceu o dom da vida pelos 500 anos da obra evangelizadora de Catrina Paraguaçu e destacou o papel da tupinambá como a primeira liderança mulher do Brasil. "Catarina é a ação da presença de Deus na América Portuguesa e neste país",  frisou.

  Lembrou o arquiabade que, hoje, também comemora-se Cascais, Portugal, os 650 anos da Igreja de Nossa Senhora da Graça naquela localidade.