Cultura

WANDO E AS CALCINHAS COMO AMULETOS DA MASCULINIDADE, por CÉSAR RASEC

VIDE
| 08/02/2012 às 11:24
O som de Wando foi unificador da brasilidade
Foto: DIV
 

A Música Popular Brasileira (MPB) está triste. Deixa-nos, hoje (8 de fevereiro), aos 66 anos, Wanderley Alves dos Reis, ou melhor: Wando, sinônimo de romantismo com desdobramento superpopular.

Digo superpopular, no lugar do que batizam de brega, porque, no meu entendimento, o brega é algo tratado de forma pejorativa pelos "intelectuais antipopulares", pessoas que não entendem o Brasil de verdade. O som de Wando é um som unificador da brasilidade, pois o superpopular é o Brasil de norte a sul e de leste a oeste. O superpopular é o romântico: dores e amores em lutas sem fim.


O romantismo de Wando é muito bem azeitado mercadologicamente e as calcinhas das fãs, jogadas nos palcos da vida, são amuletos de uma masculinidade sem banalidade e sem violência. Wando representou o gostar de mulheres sem meia-palavra. Alinho-me nesta corrente romântica de amor às mulheres.


As chuvas de calcinhas nos shows deste artista mineiro de Nova Lima eram, em verdade, chuvas da contagiante alegria da coisa brasileira; um êxtase ancestral da liberdade tropical e, também, quiçá, algo que remete ao orgasmo frenético de mulheres protagonistas de um filme real, o filme onde ela passa a ser "raio, estrela e luar" do cancioneiro popular.


O primeiro disco de Wando é uma pérola da MPB. A obra intitulada "Glória a Deus e Samba na Terra", de 1973, mostra um Wando com pegada de Jorge Benjor. Vale uma revisita às 13 canções. São elas:


1. Deus no céu e samba na terra [Samba é aleluia] (Wando)

2. Lamento do capoeira (Dunga, Ditinho)

3. O ferroviário (Cézar, Círus)

4. Tapa na tristeza (Wando)

5. Adeus e até logo (Yara, Wando)

6. Sou da madrugada (Gilson de Souza, Wando)

7. Pago pra ver (Beto Scalla, São Beto)

8. Amanhã é outro dia (Isolda, Milton Carlos)

9. Ouça meu amor (Sérgio Lemke)

10. Malandro guardado (Rose, Wando)

11. Benedito e Julieta (Clóvis Cavalcanti, Casabranca)

12. Falou e disse (Reginaldo Vasconcelos)

13. O importante é ser fevereiro (Wando, Nilo Amaro), um de seus muitos clássicos.

Depois de ouvir este disco veremos que Wando é mais do que o superpopular. Ele é o Brasil multimusical que jamais será igualado por outros países.


Em tempo, seu maior sucesso chama-se "Fogo e Paixão", mais conhecida pela frase "raio, estrela e luar", lançado no álbum "O Mundo Romântico de Wando", de 1988.