Cultura

TÉCNICOS DO IPAC FAZEM JORNADA NOS CIRCUITOS ARQUEOLÓGICOS DA BAHIA

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| 18/01/2012 às 13:12
Diretores do IPAC e da UFBA integram a comitiva
Foto: ASCOM IPAC
A partir deste domingo, dia 22 (janeiro, 2012), a Secretaria de Cultura do Estado (Secult), através do
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC), em parceria com o departamento de Antropologia da Universidade Federal (Ufba), inicia o primeiro circuito de arqueologia da Bahia. Trata-se do projeto Circuitos Arqueológicos do IPAC/Ufba que identifica, pesquisa e realiza manejos de sítios de arte rupestre, bens paisagísticos e edificações reconhecidas como patrimônios culturais na Chapada Diamantina, região central baiana.

Uma comitiva integrada pelo secretário da Cultura, Albino Rubim, o diretor geral do IPAC, Frederico
Mendonça, prefeitos e diretores municipais, assessores e técnicos estaduais, percorrem durante cinco dias – até 26 de janeiro – os municípios de Lençóis, Wagner, Nova Redenção e Iraquara. Com território formado há 1,7 bilhão de anos atrás, a Chapada encontra-se a 400 km da capital baiana, detém as maiores altitudes do Nordeste brasileiro – com pontos de mais de 2 mil metros de altura –, enorme variedade ambiental e significativas edificações dos séculos XIX e XX.

A ideia é criar um circuito de visitação que promova a preservação e o usufruto pleno dos bens da Chapada através do Turismo Cultural. Os turistas visitariam esses roteiros a partir dos patrimônios paisagísticos, ambientais, arquitetônicos e de pinturas rupestres da região. “A meta é mostrar que o
turismo cultural é um vetor exequível de desenvolvimento econômico sustentável para esses municípios, a partir de atrações culturais irrefutáveis e valiosas”, explica o diretor do IPAC, Frederico Mendonça.

Na caravana cultural da Secult/IPAC, além da visitação aos sítios arqueológicos, serão anunciados os
tombamentos da Igreja Presbiteriana, do Grace Memorial Hospital e do Instituto Ponte Nova no município de Wagner, e o da Vila da Parnaíba, em Iraporanga, no município de Iraquara, incluindo ainda lançamentos de DVD, cartilhas e abertura de exposição de arqueologia.

O projeto Circuitos Arqueológicos começou em 2008 via convênio IPAC/Ufba, com levantamentos dos bens culturais, mobilizações, oficinas e cursos que duraram 15 meses em seis municípios,
Lençóis, Palmeiras, Iraquara, Morro do Chapéu, Wagner e Seabra. Cerca de 450 pessoas foram beneficiadas, transformando-se em multiplicadores. “Desde 2008, equipe multidisciplinar da Ufba/IPAC percorre cidades identificando e registrando pinturas rupestres e promovendo atividades de educação patrimonial, para ter como resultado final os circuitos”, diz Mendonça.

Foram realizados ainda Seminário Internacional de Arte Rupestre com estudiosos franceses e a renomada arqueóloga brasileira Niéde Guidon, o 5º Seminário de Arte Rupestre e a 3ª Reunião da Associação Brasileira de Arte Rupestre. Por fim, foi montada a exposição Circuitos Arqueológicos em Salvador em setembro e outubro do ano passado (2011). “A Bahia é um dos estados mais ricos do país
quando falamos da quantidade e qualidade do patrimônio material, como construções seculares tombadas, pinturas rupestres, fósseis ou grutas, e podemos tirar proveito disso”, diz o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça.


PROGRAMAÇÃO - No domingo (22) a caravana cultural da Secult chega a Lençóis e vai a Serra das Paridas, sítio arqueológico já montado para visitação. No dia 23, serão visitadas a cidade de Wagner e as localidades de Cachoeirinha e a Passagem dos Bois. Em Wagner acontece ainda a primeira edição do projeto ‘Conversando sobre Patrimônio’ do IPAC fora de Salvador, começando o ‘Ano 2’ dessa ação. O tema ‘Missão Presbiteriana na Bahia – Patrimônio Edificado’ pontua questões sobre tombamentos com seus impactos em proprietários e municípios. O evento abre o calendário 2012 das palestras que acontecem mensalmente no Conselho Estadual de Cultura, com temática sobre patrimônio, cultura e políticas públicas.

Em Wagner também será aberta a mostra Circuitos Arqueológicos da Chapada no Instituto Ponte Nova, com municípios de Lençóis, Palmeiras, Iraquara, Morro do Chapéu, Wagner e Seabra.
Na terça-feira (24) acontece visita à Nova Redenção, no Poço Azul, local onde ocorreram achados pré-históricos, incluindo fóssil de preguiça-gigante. À noite, em Lençóis, ocorre lançamento do DVD
‘História Cultura e Patrimônio – A voz da Comunidade’ no auditório da Casa Afrânio Peixoto da Fundação Pedro Calmon, entidade também vinculada à Secult. Na quarta (25) a caravana segue até Iraquara onde haverá circuito-piloto com passagem pela Lapa Doce, Lapa do Sol, Pratinha e Iraporanga, em Iraquara. No mesmo dia será lançada cartilha com roteiro e imagens para as prefeituras
trabalharem seus circuitos. A caravana será encerrada no dia 26
(quinta).

O coordenador dos Circuitos Arqueológicos IPAC/Ufba, doutor em Pré-história pelo Museu de História Natural de Paris, Carlos Etchevarne, explica que o nome rupestre vem do latim rupes que significa rochedo, onde são encontrados vestígios, pinturas e desenhos deixados por populações
pré-históricas. Considerada um dos mais importantes testemunhos do passado humano no planeta, a Pintura Rupestre é encontrada, geralmente, em abrigos, grutas e lajedos rochosos de várias partes do mundo e foi produzida por grupos humanos de caçadores-coletores, horticultores, agricultores ou
pastores.

Etchevarne relata que nos trabalhos de identificação, pesquisa e gestão de sítios de arte rupestre, e com apoio do Governo do Estado/Secult/IPAC, prefeituras e comunidades, foram mapeados 57 sítios na
Bahia. “Essa é a primeira eperiência na Bahia de aproveitamento com pesquisa e gestão que visa a preservção de acervo tão extraordinários de sítios”, diz o especialista. A próxima fase é a implementação de itinerários turísticos planejados, com a intervenção de outras secretarias estaduais, prefeituras, agentes privados e comunidades.