A Folia de Reis espalhou cores e sorrisos pelas ruas de Lauro de Freitas na noite desta sexta-feira (6), segundo dia da festa, perpetuando tradição secular.

Em Portão, o Terno da Estrela Dalva, que completa 18 anos, desfilou ao ritmo do Bloco Afro Bankoma. A responsável pela manifestação na localidade é Aidê Nascimento dos Anjos, de 57 anos.

"Para mim é um grande orgulho trazer crianças, adolescentes e adultos para que esta tradição não se perca aqui no nosso município". Os participantes do Estrela Dalva tem entre 5 e 89 anos de idade.

No centro da Cidade saiu o Boi Janeiro, cantando de porta em porta em troca de contribuição para a também tradicional Feijoada do Boi.

O historiador Gildásio Freitas, que acompanha o folguedo da cidade há 31 anos, salientou a importância da festa que por 15 anos ficou esquecida. "É uma das maiores tradições da cultura popular brasileira". De acordo com um dos organizadores, Sinaldo Souza Pereira, os moradores sentiram falta quando o Terno de Reis deixou de sair. "A população cobrava. Naquela época, não tínhamos apoio da prefeitura. Apesar de ser próximo a Salvador, Lauro de Freitas tem de preservar as características interioranas que podemos sentir na força da sua cultura".

Uma das matriarcas do Boi Janeiro, Carmélia de Brito, de 67 anos, participa da festa desde menina. Hoje ela se alegra ao ver a continuidade da manifestação. "Para mim representa muito, eu adoro. A gente não está deixando a tradição morrer". O dia que se comemora a visita dos três Reis Magos ao menino Jesus é 6 de janeiro, mas o Terno de Reis em Lauro de Freitas, assim como em outras cidade, é também festejado na véspera. 

O folguedo é de origem ibérica e de raiz católica. No entanto, a manifestação foi moldada, através dos séculos, pelas genuínas expressões brasileiras composta pela mistura de etnias. O ritmo e a repetição dos versos revelam elementos das culturas indígenas e africanas.