Cultura

SARAU COM OFICINA DE FREVOS E DOBRADOS NA CASA DAS SETE MORTES, SEXTA

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| 12/10/2011 às 11:00
Maestro Fred Dantas à frente da Oficina de Frevos e Dobrados
Foto: DIV
  Na Casa das Sete Mortes, no próximo dia 14, sexta, 19h, no Centro Histórico de Salvador, acontece  concerto (sarau) da Oficina de Frevos e Dobrados sob a regência de Fred Dantas. Serão tocados dobrados originários da Bahia, onde o estilo se diferenciou da marcha militar pelo uso do tangado(sambado).

 

  O dobrado é descendente da marcha militar de passo dobrado, que na Espanha originou o Pasodoble, na França o Pás redoublé e nos Estados Unidos, a Military March. O nosso dobrado, embora muitas vezes tenha sido composto para o ambiente de caserna, acabou caracterizando a vida simples das cidades do interior e suas festas populares.


Embora já fosse composto com traços regionais desde 1900 por Tranquillino Bastos(Cachoeira, 1850-1935) no dobrado Navio Negreiro, por exemplo. Nos anos 1940 o dobrado passou a ter forte diferenciação da marcha militar, devido ao uso do "tangado", ou seja, sambado, o acompanhamento rítmico-melódico de influência baiana, e das longas convenções adotadas, entre outros, por Amando Nobre e Estevam Moura.


Adotando todas as convenções musicais da tradição européia, o dobrado tem forma ternária, ou seja, possui três partes distintas, uma introdução e uma ponte:

A Introdução tem muito de decisivo, de definitivo, afinal, a música de marcha tem que se identificar logo, mostrar a que veio e a que direção aponta.


A Primeira parte é "a música", por assim falar, pois nela existe a melodia que identifica o dobrado. Nessa parte o contracanto (ornamento) não tem  o destaque que terá no Trio. O centro (acompanhamento) é comedido, dando chances à melodia de transparecer. A marcação (baixo) é normativa, também.

A Segunda parte é chamada "o Forte do dobrado", onde muitas vezes as tubas têm seu momento de solo, junto com os demais graves. Outra maneira do forte é usar trombones e trompetes no canto e manter a tuba na marcação.
 

A Ponte, como o nome indica, é um pequeno trecho de transição, depois do qual a música geralmente volta à primeira parte, para depois pular para o Trio.


O Trio é um universo. Pode ser uma simples variante da melodia da primeira parte dobrados de João Sacramento Neto no sudoeste, ou uma obra de arte rebuscada, uma arte independente dentro do dobrado, como é o estilo do Recôncavo.


No programa tem-se a oportunidade de apreciar diversos estilos de dobrado:

  • a) O dobrado de linhas simples, do sudoeste baiano e suas festas de padroeiro.
  • b) Dobrados de Fred Dantas e suas experimentações;
  • c) com o Bode Preto, o dobrado das Lavras Diamantinas e suas lutas.
  • d) O neoclássico de Belmonte, e seu dobrado dedicado a uma filarmônica integrada só por mulheres, a Cruzeiro do Sul
  • e) O dobrado clássico brasileiro, representado por Verde e Branco, dedicado à época ao movimento Integralista
  • f) Dobrados compostos no sul do país, como o Treze Listras e o célebre Silvino Rodrigues, cuja autoria parece ser bem mais antiga, em gravações 78 rpm, do início do século XX.

Uma boa audição para todos e bem-vindos ao Sarau da Casa das Sete Mortes.





 

P R O G R A M A



João Sacramento Neto (Condeúba, 1934-2010)                 Dobrado Os Músicos


Fred Dantas   (Salvador, 1959)                                           Dobrado Luis Ayala


Júlio Cézar Souza (Mucugê, 1889-1983)                         Dobrado O Bode Preto 

    

 Ovydio Santa Fé Aquino (Belmonte 1898-1987)       Dobrado Cruzeiro do Sul.


 Estevam Moura (Santo Estevão,  1907- 1951)              Dobrado Verde e Branco


  Pedro Salgado (Piraí, RJ 1890-1973)                                Dobrado Treze Listras


 Grav.  Mário Zan (Roncade, It. 1920- 2006)                        Dobrado Silvino Rodrigues


Fred Dantas                                                       Dobrado Lira de Maracangalha