O dobrado é descendente da marcha militar de passo dobrado, que na Espanha originou o Pasodoble, na França o Pás redoublé e nos Estados Unidos, a Military March. O nosso dobrado, embora muitas vezes tenha sido composto para o ambiente de caserna, acabou caracterizando a vida simples das cidades do interior e suas festas populares.
Embora já fosse composto com traços regionais desde 1900 por Tranquillino Bastos(Cachoeira, 1850-1935) no dobrado Navio Negreiro, por exemplo. Nos anos 1940 o dobrado passou a ter forte diferenciação da marcha militar, devido ao uso do "tangado", ou seja, sambado, o acompanhamento rítmico-melódico de influência baiana, e das longas convenções adotadas, entre outros, por Amando Nobre e Estevam Moura.
Adotando todas as convenções musicais da tradição européia, o dobrado tem forma ternária, ou seja, possui três partes distintas, uma introdução e uma ponte:
A Introdução tem muito de decisivo, de definitivo, afinal, a música de marcha tem que se identificar logo, mostrar a que veio e a que direção aponta.
A Primeira parte é "a música", por assim falar, pois nela existe a melodia que identifica o dobrado. Nessa parte o contracanto (ornamento) não tem o destaque que terá no Trio. O centro (acompanhamento) é comedido, dando chances à melodia de transparecer. A marcação (baixo) é normativa, também.
A Segunda parte é chamada "o Forte do dobrado", onde muitas vezes as tubas têm seu momento de solo, junto com os demais graves. Outra maneira do forte é usar trombones e trompetes no canto e manter a tuba na marcação.
A Ponte, como o nome indica, é um pequeno trecho de transição, depois do qual a música geralmente volta à primeira parte, para depois pular para o Trio.
O Trio é um universo. Pode ser uma simples variante da melodia da primeira parte dobrados de João Sacramento Neto no sudoeste, ou uma obra de arte rebuscada, uma arte independente dentro do dobrado, como é o estilo do Recôncavo.
No programa tem-se a oportunidade de apreciar diversos estilos de dobrado:
Uma boa audição para todos e bem-vindos ao Sarau da Casa das Sete Mortes.
P R O G R A M A
João Sacramento Neto (Condeúba, 1934-2010) Dobrado Os Músicos
Fred Dantas (Salvador, 1959) Dobrado Luis Ayala
Júlio Cézar Souza (Mucugê, 1889-1983) Dobrado O Bode Preto
Ovydio Santa Fé Aquino (Belmonte 1898-1987) Dobrado Cruzeiro do Sul.
Estevam Moura (Santo Estevão, 1907- 1951) Dobrado Verde e Branco
Pedro Salgado (Piraí, RJ 1890-1973) Dobrado Treze Listras
Grav. Mário Zan (Roncade, It. 1920- 2006) Dobrado Silvino Rodrigues
Fred Dantas Dobrado Lira de Maracangalha