Cultura

IPAC ENTREGA IMAGENS SACRAS RESTAURADAS DA IGREJA DE N.S. DO PASSÉ

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| 02/09/2011 às 09:17
Imagem de Nossa Senhora da Encarnação volta a igreja de N.S.das Candeias de Passé
Foto: Lázaro Menezes

Um Cristo crucificado, uma estátua de Nossa Senhora da Encarnação e um livro representando texto bíblico, com pedestal, serão entregues restaurados às 14h desta sexta-feira, 2, a representantes religiosos da cidade de São Sebastião do Passé, na Coordenação de Restauro de Elementos Artísticos (Cores) do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Recebem as peças, o Frei Cristiano Freitas, pároco da Paróquia de Nossa Senhora das Candeias de Passé, que receberá a imagem, e Jorge Silva coordenador da comunidade local.


Localizada na famosa Rua do Bispo, uma das vias públicas mais importantes da cidade do Salvador nos séculos XVIII e XIX, paralela ao Terreiro de Jesus, a coordenação de restauro do IPAC é reconhecida por reunir alguns dos mais experientes técnicos da área na Bahia. Marceneiros, carpinteiros, artistas plásticos, pintores, restauradores, museólogos, especialistas em azulejos, entre outros perfis profissionais, trabalham nesta equipe.


A entrega das obras integra o início das comemorações pelos 45 anos de fundação do IPAC, criado em 1967, considerado um dos mais antigos e conceituados órgãos de patrimônio do Brasil. A programação comemorativa se dará neste mês de setembro (2011), mas permanecerá até o mesmo mês em 2012, com finalização de obras de restauração de monumentos, lançamento de livros e videodocumentários, realização de palestras e programas de educação patrimonial, entre outras atividades.


"Esforçamos-nos para manter todas as características originais dessas peças que entregamos agora", diz a subgerente de Restauro de Bens Móveis e Integrados (Sures) do IPAC, Káthia Berbert. Os mesmos técnicos já restauram, dentre dezenas de outras obras artísticas da Bahia, a imagem de 300 anos de São Benedito da Igreja de Sant'Anna, em Salvador, que se partiu em 24 pedaços depois de ataque de fanático evangélico, ocorrido em 2007.


Segundo Káthia Berbert, a restauração das peças de Passé, foi efetuada mantendo a historicidade de cada obra, sem perder a identidade artística.  “Cada peça tem sua finalidade, descrição e popularidade. Sendo assim, a repintura não pode ser feita para modificar e sim para manter as características originais”, destaca a artista. 


Embora sejam da Igreja de Nossa Senhora da Encarnação, as imagens seguirão para a Paróquia de Nossa Senhora das Candeias, também em Passé, já que o local de origem passa por reformas. As esculturas entregues amanhã (02) são em madeira. Foram realizados serviços de limpeza, fixação dos estratos – camadas de tinta -, prospecções de pinturas, recomposição de áreas perdidas, reintegração da base e reintegração das áreas douradas. Além disso, foram aplicadas lâminas de ouro, reintegradas as policromias e aplicado verniz de proteção. Com a entrega, a igreja passa a ser responsável pela conservação das peças.


Para a museóloga e restauradora do IPAC, Rozelita Sá Barreto, das esculturas a serem entregues, a Nossa Senhora da Encarnação foi a que mais estava danificada e que necessitou de maior intervenção restaurativa. Esculpida ajoelhada na posição frontal, a imagem tem cabeça levemente inclinada, é de madeira policromada e dourada, com olhos de vidro, altura de 1,18m e largura 0,66m. “Suas características são ainda a cor de pele clara, cabelos encaracolados castanhos, braços flexionados junto ao corpo, mãos cruzadas sobre o peito e com véu bege”, diz Sá Barreto.


Friso dourado e decoração com flores estilizadas douradas, envolvendo a cabeça da santa, complementam a descrição. Túnica azul, desenhos semelhantes a plantas em azul claro e dourado, florões coloridos e parte externa do manto com ornatos preto, azul claro e dourado, e a parte interna em vermelho são outros dados da obra sacra.


Já o Cristo Crucificado é de madeira policromada e dourada, com olhos de vidro e dimensões de 0,30 X 0,23 m. “Ela estava com o antebraço solto, suporte com perda e áreas danificadas pela oxidação de pregos na madeira antiga”, diz a especialista do IPAC. As áreas douradas apresentavam perdas, principalmente no perizônio, que é o pano que veste a imagem de Cristo.