Cultura

FOI NO SUFOCO COM EMPURRÃO DA TORCIDA QUE BAHIA VENCE TINHOSO ATLÉTICO

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| 07/08/2011 às 22:49
A torcida do Bahia empurra o bigodão do teimoso Renê
Foto: iBahia
Foi no sufoco. Diante de cerca de 13 mil torcedores, em Pituaçu, o Bahia não fez um grande jogo no início da noite de domingo, mostrou problemas de marcação e posicionamento no meio campo, mas venceu o tinhoso time do Atlético de Goiás por 2 x 1, somando mais três pontinhos e fugindo mais um pouco da zona de rebaixamento. O placar agradou, claro, mas boa parte da torcida saiu bradando contra o treinador e alguns atletas em campo, sobretudo o lateral Marcos.

Claro, a meia cancha do tricolor foi muito mexida. Fahel marcando, Fabinho ( no lugar de Marcone, inexplicavelmente) correndo muito mas perdido e errando passes. Mais à frente, Lulinha (às vezes sumido em campo) e Ricardinho com a responsa de tocar, virar o jogo, ditar o ritmo, enfiar as bolas para os atacantes. Em momentos da partida parecia que só tinha homens de vermelho e preto ocupando os espaços pelo meio campo. Diones faz falta por ali.

O jogo

O tricolor, em casa, empurrado pela galera, tomou a iniciativa. O time de Goiás se plantava, esperando um erro do adversário para surpreender. O Bahia criou boas chances, desperdiçadas por Jobson, Thiego e Reinaldo de cabeça. Mas o gol saiu por volta dos 30', após uma enfiada de bola de Reinaldo para Jobson: o atacante dominou dentro da área, deu um corte no zagueiro e fuzilou o goleiro com um chutaço de canhota- 1 x 0.

O Atlético equilibrou o jogo, começou a ganhar as divididas e os rebotes. O tricolor viveu de contragolpes, bolas geralmente esticadas por Ricardinho para a dupla Jobson / Reinaldo brigar com os zagueiros.

Com atacantes novos (Juninho e Marcão) o Atlético entrou em cima na segunda etapa e achou o empate logo aos três minutos. Renê Simões colocou Rafael no lugar de Marcos, Jonnes no de Lulinha e , depois, Junior no de Reinaldo, buscando o ataque. O jogo ficou aberto, perigoso, mas o Bahia teve chances de marcar com Reinaldo, Jobson e Jones, que chegou a driblar o goleiro Márcio mas perdeu o ângulo e não finalizou.

Por volta dos 25', a zaga atleticana deu mole num escanteio bem cobrado por Ricardinho, Junior brigou pela bola no alto e Fahel empurrou para as redes, de cabeça - 2 x 1. Daí por diante o Atlético teve mais a bola, mas não conseguiu penetrar. O árbitro Sálvio Spínola deixou de marcar um pênalti claro (mão na bola do zagueiro) em favor do Bahia, que ainda perdeu chances claras de ampliar com Jobson, duas, três vezes, e Ávine. Aos 44', Lomba saiu bem nos pés do atacante Juninho, salvando o gol de empate, aliviando a torcida do susto.
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Destaques para a zaga (Titi e Thiego) que suportou bem o assédio, o lateral Ávine, sempre lúcido, a luta de Fahel, coroada com o gol de desempate, a inteligência e o bom passe de Ricardinho... e Jobson, perigoso, mesmo perdendo alguns gols.
A torcida não perdoou mais uma atuação opaca de Marcos. Fabinho não convenceu ainda. Lulinha sem brilho. E o torcedor pergunta por que o treinador Renê Simões desarrumou o meio campo, que vinha jogando bem com Marcone, Fahel e Diones... O time perdeu a pegada.
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Após o apito final, o atleta Fabinho desabou no gramado, precisando de urgência médica. Segundo o médico do clube, o desmaio foi conseqüência de uma hipoglicemia (queda brusca de açúcar no sangue), certamente provocada pelo excessivo esforço do jogador em campo. Fabinho recebeu cuidados na ambulância do estádio e foi liberado, sem problemas mais graves.
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O Bahia tem um jogo duríssimo no próximo domingo, ainda em Pituaçu, contra o Internacional de Porto Alegre, o Colorado. Um clássico brasileiro. Vai dar casa cheia, com certeza.

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Salgueiro doce

No sábado à tarde, o Vitória não jogou bem mas venceu o Salgueiro (2 x 0), lá em Pernambuco, e distanciou-se da chamada zona do terror, subindo alguns degraus na tabela de classificação. Foi para 11º , 20 pontos, longe ainda do objetivo que é ficar entre os quatro primeiros. A vitória foi um alívio, depois de quatro derrotas seguidas.
Estádio acanhado na cidade de Paulista, campo pequeno e gramado ruim. Haja chutão, erros de passe, de domínio de bola e muita trombada. Mas o time brigou mais pela pelota do que vinha fazendo, foi mais solidário e prático, objetivo, obedecendo as determinações do treinador estreante, Wagner Benazzi, que conhece bem o ritmo de uma segunda divisão - malandro, entrou fechadinho, com três zagueiros, explorando a velocidade dos contragolpes, com Marquinhos. No mais, o Salgueiro mostrou-se uma equipe modesta, candidatíssima a cair para terceirona.

Para alívio da galera rubronegra, o time achou um gol logo aos dois minutos de jogo: o árbitro viu mão na bola de um zagueirão dentro da área e marcou a penalidade, que Neto Baiano converte chutando forte. O Salgueiro foi pra cima, o goleiro Fernando salvou o empate aos 17' e viu um bola chocar-se em seu travessão aos 21'. Mas, aos 31', a zaga e o goleiro do Salgueiro não se entenderam e o esperto Marquinhos deu um totozinho por cima marcando um golaço. Aos 42', Fernando apareceu de novo, salvando a meta baiana.

Na segunda etapa, o Vitória fechou-se mais ainda, defendeu-se o tempo todo. Aos 27 ‘ Fernando fez uma defesa milagrosa, quebrando o ímpeto dos pernambucanos. No final, aos 46', num dos raros contragolpes do Vitória, Geraldo (que entrou em lugar de Lúcio Flávio) perdeu um gol, de cara para o goleiro. E só.

Destaque para a decisiva atuação do goleiro Fernando e a boa partida do insinuante Marquinhos, enquanto teve pernas para correr o campo inteiro.
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O time, agora sob o comando de Benazzi, tem um teste na noite de sexta-feira, no Barradão, enfrentando o Americana, que tem 21 pontos, começou muito bem o campeonato mas vem caindo de produção, perdendo pontos seguidos. Boa chance para vencer mais uma, somar pontos e mostrar um futebol mais qualificado para sua torcida, que anda meio indignada.

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Boca do povo

Três amigos na arquibancada de Pituaçu. O telão anuncia a escalação do time e dois deles, embecados de tricolor, começam uma acalorada discussão sobre os erros e acertos do técnico bigodudo Renê Simões. Lá pras tantas, o terceiro, gordinho e sem camisa, até então calado, se denuncia:
- Esse treineiro de vocês é um conversador !
Na tampa, os dois reagem:
- Êpa, quem abriu a porta do galinheiro?
- É, se saia, véi, que a conversa aqui é de primeira!
Morreu ai.