Passei a vista no projeto gráfico e no repertório. Pedi uma dedicatória, pois, sabe como é, sem uma dedicatória fica parecendo que comprei o disco numa loja.
Ao ir para casa, coloquei a bolachinha para tocar no carro e fui me envolvendo com o forró temperado de Zelito, querendo, até, enfrentar engarrafamentos para ficar curtindo mais e mais o seu forró em homenagem ao mestre Genival Lacerda.
De cara, o forró "Radinho de Pilha" me levou para a um passado recente, para os anos de 1980. "Ela deu o rádio e não me disse nada, ela deu o rádio...".
É muito interessante a forma de brincar com as palavras, sutilmente, e com as coisas da sexualidade, sem o apelo chulo dos dias de hoje. Aqui no trabalho, no momento de descontração, Dona Edna canta "Radinho de Pilha" com uma alegria fora do comum, mostrando que a escolha do repertório deu certo.
Depois a tal "Severina Xique Xique", outro clássico de Genival Lacerda, mantém a pegada pra cima do disco bem elaborado e com a acuidade merecida nas festas juninas.
Porém, o "Roque do jegue", um som cult do gênero forró e que pode ser, até, dance music, dentre outras variantes, ficou remoendo o meu cérebro. "De quem é esse jegue, ele quer me morder". É o máximo!
Tudo tocado e muito bem tocado, com o amigo Eugênio Cerqueira nos teclados, Cid Carvalho no baixo, Ninho na zabumba, Nem no triângulo, Sérgio Carvalho na guitarra, Walnei Vilaça na percussão e Jane Ly, Genard Oliveira e Deisy Luciana nos vocais, ajudando Zelito a manter o tempero do forró.
O clássico "Quem dera" (participação de João Lacerda), é bom demais e um convite para dançar juntinho. Outras pérolas são "Chevete da menina", "Caldinho de mocotó", "Americanizado" e "Fio dental".
No papo com Zelito e sua esposa Telma, o "Cabeludo" me disse que não colou "Galeguinho do zoio azul" porque a turma da patrulha ideológica está atuando em todos os setores e agindo pior do que no tempo da censura.
O legal também no disco é a participação do mestre Genival Lacerda (em "Severina Xique Xique" e "Chevete da menina"), que, com muitos anos de uma vida muito bem vivida, mostra que é possível ser picante musicalmente e sem baixar o nível, além de brincar com o andamento do forró.
Zelito ao homenagear o mestre Genival Lacerda nos brinda com um forró bem temperado, um forró que é bom demais! "Cabeludo", desculpe, tive que piratear o seu CD para uma galera aqui do trabalho que adorou o seu som!