Cultura

RUA DA FORCA NO CORAÇÃO DA CIDADE É UM LUGAR LEGAL, POR TASSO FRANCO

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| 22/06/2011 às 11:41
Loja de discos raros, "bolachões" e gibis antigos, a Mutantes, na Rua da Forca
Foto: BJÁ
  A Rua da Forca é uma transversal da Rua Carlos Gomes, centro de Salvador, que dá acesso a Praça Inocêncio Galvão (Largo 2 de Julho) na direção da Baía de Todos os Santos; e, no outro prumo, à Praça da Piedade. Teria esse nome porque na época da Colônia e do Império brasis era o caminho daqueles que eram enforcados na Praça da Piedade.

  Os quatro mártires da Revolta dos Alfaiates, primórdios da Independência da Bahia, na Piedade foram enforcados. Mas, não há registro de que tenham passado pela Rua da Forca e sim pela antiga avenida do Estado (hoje Avenida Sete), a partir da prisão do Aljube. Hoje, até os bustos de bronze que reverenciavam esses heróis e postos nesta praça na administração Imbassahy foram furtados.

  A Rua da Forca tem uns 300 metros e, na atualidade, não passa mais veículos. Só pedestres. Até a reforma do Largo 2 de Julho, também abandonado pela Prefeitura, os carros que subiam a Carlos Gomes desciam pelo Mocambinho e, em sentido contrário, a partir do Largo 2 de Julho subiam pela Rua da Forca. Era um espreme-gato danado.

  Em tempos idos, lá pelos anos 1970, na esquina da Forca ficava de um lado, a La Fontana, onde se tomava o melhor chope de Salvador e era ponto de encontro da classe média e de farristas, hoje, sede da loja Central de Bolsas; e, no outro lado, o saudoso restaurante Brazeiro, onde, como o próprio nome dizia, se comia carnes assadas em brasas. Hoje, uma tal de Central do Acarajé, misto quente de comidas e acarajés de baixa qualidade.

  Do outro lado da Gomes havia o pastel do chinês, ainda hoje no mesmo local, vendendo os gordurosos "mata-fome". Às noites, servia-nos nos tempos das farras no centro da cidade. Hoje, serve a turma gay e deslocados do alto Gomes.

  Na Forca, hoje, restam poucas casas residenciais. Mas, elas ainda existem. No mais, se transformou uma rua de restaurantes com preços populares onde se come um xinxim de galinha, um mocotó e um sarapatel a R$9,00 o prato.

  Tem ainda um hotel desses de desafogar o "ganso", um depósito de bebidas, um restaurante natureba (Bahia Natural), uma loja de modas (Yale), o galego que vende ferragens há anos, a churrascaria Uauá, a Bahia Doces, a Flor do Largo e a Bola Verde Café, uma anexo da tradicional padaria Bola Verde do Mocambinho.

  No meio dessa rua existe a Mutantes, uma lojinha de compra e venda de CDs e DVDs usados onde se pode encontrar preciosidades, assim como gibis antigos e "bolachões", discos de vinil e que atende uma clientela muito especial. O dono da casa é Jorge Nour e está nesse espaço há 18 anos.

  - Como sobrevive?, questionei. - Vendendo essas peças raras que você está vendo aí nas pratileiras, de Jonis Joplin e "bolachões" antigos da Jovem Guarda, de Gal Costa e outros cantores.

  O vendedor mais antigo da rua da Forca é João Araújo, acima de 90 anos de idade, com seu tabuleiro de frutas e verduras.

  Então, meu caro, se você quer conhecer um pouco mais de Salvador faça uma visita a Rua da Forca e almoce por lá tomando uma gelada e comendo um sarapatel, de boa qualidade, por apenas, tudo junto, 12 pilas ou reais.