Cultura

TRADIÇÕES JUNINAS EM EXPO NO PALÁCIO DA ACLAMAÇÃO ABRE NA SEXTA-FEIRA

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| 07/06/2011 às 10:15
Oratório para Santo Antonio do Instituto Feminino da Bahia é uma das peças expostas
Foto: DIV
 

Durante o mês de Junho não será necessário se distanciar de Salvador para mergulhar no universo junino. A exposição Tradições Juninas - Um misto de fé, de concepção do museólogo Guilherme Figueiredo, levará para o Palácio da Aclamação grande parte das tradições envolvidas nas comemorações a São Pedro, São João e Santo Antônio. Essa tríade de santos guiou todo o processo de construção da exposição e é exatamente daí que vem o misto de fé. A abertura será no dia 10 de junho, às 17h30h, no Palácio da Aclamação, e ficará em cartaz até o dia 10 de julho.


Realizada pela Secretaria de Cultura do Estado através da DIMUS/IPAC, a exposição revisita a linguagem que dá um gosto característico às histórias dessa época, tão vivenciadas no Norte/Nordeste do país. "As pessoas que vão para o interior do estado, saem em busca dessa tradição junina. Portanto, é justo que aquelas que ficam em Salvador também possam entrar em contato com esta tradição", afirma Figueiredo. A diretora de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (DIMUS/IPAC), Maria Célia Moura Santos, destaca que essa mostra apresenta aspectos dos saberes e fazeres relacionados às facetas de um dos nossos mais importantes patrimônios, que é o São João.


Já na abertura da exposição, o público poderá contar com atrações relacionadas às festas dos santos populares. Na entrada, um trio de forró recepcionará os visitantes. Depois de passarem por todo o espaço museal poderão conferir, às 18h, os forrós de Gerri Cunha e Eugênio Cerqueira, trazendo o São João mais cedo para a cidade. As apresentações acontecerão num coreto, montado especialmente para a exposição, dentro doo jardim do Palácio. E ainda tem muito mais.

Quem for conferir a exposição tem um plano de visita a ser executado. Logo no hall de entrada do Palácio da Aclamação foi montado um altar de dois metros em homenagem a Santo Antônio, um dos padroeiros dos festejos. Ao lado dele, um artesão ficará modelando imagens dos famosos santos da tradição junina.


A exposição também abre espaço para o relacionamento entre os devotos e os santos juninos, numa espécie de convivência que é quase familiar, cheia de intimidades, principalmente com Santo Antônio e São João: é o universo das simpatias.  Serão expostas, em textos ampliados, cerca de 80 simpatias. As pessoas que visitarem a exposição também poderão deixar sua contribuição, escrevendo suas simpatias que deram certo.


Segundo Guilherme Figueiredo, diversos museus colaboraram para a formação dessa estrutura junina. O Museu de Arte da Bahia (MAB) cedeu telas relacionadas com a temática da festa; imagens foram cedidas pelos Museus Wanderley Pinho e Abelardo Rodrigues; os postais referentes ao universo do romance junino, que tiveram seus textos ampliados para fazerem parte da exposição, vieram do Museu Tempostal; o Museu Carlos Costa Pinto colaborou dando a autorização para a reprodução, em forma de imagem, de uma escultura de São José, que terá aproximadamente 1,90m de altura. Já o Museu do Instituto Feminino cedeu um vestido de noiva, referência clássica das mulheres que recorrem a Santo Antônio como grande ajudante para conseguir um marido, já que ele é o santo casamenteiro.


Atrações nos finais de semana


Às sextas, sábados e domingos, o Jardim do Palácio da Aclamação vai se transformar num grande arraial e o público poderá prolongar um pouco mais a sua visita. O universo lúdico junino, apresentado pela composição dos artefatos presentes na exposição, ganha reforço com as comidas, músicas e artesanatos típicos do período, trazidos por uma da Feira do Instituto do Mauá que será montada dentro do jardim. Serão erguidas 30 barracas de culinária e artesanato, que transportam a movimentação típica dos interiores para o centro da cidade. As barracas terão objetos de argila, tecido, crochê, colcha de retalhos, fuxico, etc.


Um cenário inspirado nas cidades do interior, decorado com bandeirolas coloridas e balões, criarão a composição visual. Mas, o ambiente musical também será responsável por trazer o São João para perto. Junto com a feira, o público poderá conferir shows num coreto montado especialmente para a apresentação das mais diversas atrações. Respeitando sempre o repertório junino, e com o foco no forró pé-de-serra. Trios nordestinos e muitas bandas de forró farão a festa dos visitantes. "A importância dessa feira é que atribuímos a qualidade de patrimônio aos festejos dos santos e mostramos que os bens tangíveis e intangíveis não estão dissociados, eles estão dialogando o tempo todo", explica Maria Célia Moura Santos. Nas sextas e sábados, todas as atividades vão das 14h às 20h, e aos domingos, das 14h às 18h. E o melhor, é tudo de graça.



Raízes das comemorações


SANTO ANTONIO - A fama de "santo casamenteiro" surgiu porque Antônio dava o dote para as moças que não tinha dinheiro para o casamento. É por esse motivo que ele se tornou o padroeiro das noivas. O dia sagrado do santo é 13 de junho. Este ano a data cai numa segunda-feira, dia em que normalmente os museus permanecem fechados, mas em função da exposição, o Palácio da Aclamação funcionará normalmente nesta data, permitindo que os devotos de Santo Antônio professem sua fé.


SÃO JOÃO - A principal associação a São João, comemorado no dia 24 de junho,  é a fogueira. As raízes desse símbolo estão fincadas numa tradição católica que tem sua origem em um acordo feito pelas primas Maria, mãe de Jesus, e sua prima Isabel. Para avisar a Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel combinou de acender uma fogueira sobre um monte, já que as duas moravam distantes e não havia como se comunicarem. A fogueira, então, surge como um sinônimo de comunicação entre as duas primas e torna-se um dos mais indispensáveis elementos na comemoração da festa de "São João".


SÃO JOSÉ - Mesmo que esquecido durante as celebrações de Junho, São José também possui interferência nessa época e será lembrando na exposição. É no dia 19 de março, dia de São José, que planta-se o milho colhido no São João. É esse signo, o milho, que vai representar a fartura do casamento, proporcionado com a ajuda de Santo Antônio.


SÃO PEDRO - São Pedro, que tem como data consagrada o dia 29 de junho, encerra o período das comemorações juninas. O santo também se faz presente na exposição: é o padroeiro das viúvas, dos pescadores e representa a perda dos casamentos.





SERVIÇO:


Tradições Juninas - Um misto de fé

Onde: Palácio da Aclamação, 1330, Campo Grande, Salvador-BA.

Quando: Abertura, dia 10 de junho, às 17:30h.

Visitação: de 10 de junho a 10 de julho. De terça a quinta, das 10h às 18h. Sexta-feira, das 10h ás 20h. Sábado, das 14h às 20h. Domingos e feriados, das 14h ás 18h.

Entrada Gratuita

Realização: DIMUS/IPAC