Cultura

OFICINA DE FOTOS COM POPULAÇÃO DA CHAPADA INTEGRA MOSTRA DO IPAC

Veja
| 24/05/2011 às 14:50
Conhecimento das riquezas locais são apresentadas com as oficinas
Foto: Divulgação
"Com a era digital, crianças, adolescentes e muitos adultos não sabem como é o processo fotográfico, desde o tratamento da imagem até a revelação, por isso fizemos cursos para os participantes experimentarem o processo completo da fotografia analógica e digital", afirma Elias Mascarenhas.
 
Foi com essa proposta que os fotógrafos Elias Mascarenhas e Lázaro Menezes, integrantes da equipe educacional do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) passaram por seis municípios da Chapada Diamantina, na região central da Bahia, realizando oficinas durante o ano passado (2010) para populações urbanas e rurais.
 
"Montamos laboratórios fotográficos em Palmeiras, Seabra, Morro do Chapéu, Iraquara, Lençóis e Wagner, oferecendo vagas para jovens moradores, professores da rede pública e privada de ensino, guias de turismo, funcionários das prefeituras e líderes comunitários da região", explica Elias. Com essa programação os participantes aprenderam história da fotografia, como e o que fotografar, além do manuseio de máquinas e a revelação das fotos.
 
O resultado final integra a exposição "Circuitos Arqueológicos", idealizada pelo IPAC em parceria com o departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), que percorre os seis municípios. Com 60 itens, entre fotografias, objetos, documentos antigos, painéis de pinturas rupestres e mapas com roteiros de visitação para turistas, a exposição reúne resultados das oficinas de fotografia, conservação de objetos, educação patrimonial e arqueologia, todas promovidas via parceria IPAC/Ufba.
 
Desde 2008 IPAC e Ufba realizam pesquisas e mapeamento do acervo arqueólogico-cultural da região para criar circuitos arqueológicos que possam ser visitados por turistas. "O objetivo é fazer com que os patrimônios arqueológicos passem a ser incluídos no turismo cultural do Estado", esclarece a coordenadora de Educação Patrimonial do IPAC, Ednalva Queiroz.
 
As oficinas de fotografia do IPAC passaram também por comunidades quilombolas, lugares simples onde as pessoas nunca tiveram contato com máquina fotográfica ou sequer haviam tirado fotos. "Os moradores da zona rural, principalmente as crianças, ficaram muito entusiasmados com a oficina, mostrando vontade e interesse de aprender", diz o instrutor Lázaro Menezes.
 
A auto-estima e conhecimento das riquezas locais também foram despertadas com as oficinas. "Os moradores não davam valor ao seu município, achavam que não tinham nada de interessante para fotografar. Nos cursos, eles passaram a ter outro olhar, valorizar o lugar onde moram e o resultado é conferido nas exposições," comenta Mascarenhas. Na localidade de Parnaíba, os fotógrafos ensinaram até a se fazer fotos com latas de leite em pó, com alunos fotografando monumentos, igrejas e prédios antigos. O número chegou até a 30 pessoas por turma.
 
O projeto IPAC/Ufba mapeou 57 sítios arqueológicos e propõe oito roteiros culturais na Chapada que passam por cidades do século 19, belas paisagens, rios, antigas estradas, cavernas e sítios de pinturas rupestres. "As oficinas conscientizaram populações dos seus bens arqueológicos e naturais que são vetores identitários e de desenvolvimento local", comenta Ednalva Queiroz.
 
Já foram realizadas exposições em Wagner e Iraquara. No próximo dia 28 (maio, 2011) será realizada em Seabra, a 451 km de Salvador. As próximas cidades serão Lençóis no dia 3 e Palmeiras 4 de junho. A programação será finalizada em 8 de julho na cidade de Morro do Chapéu. Mais informações na Coordenação de Educação Patrimonial do IPAC, via telefone (71) 3116-6741 e 3116-6737 ou endereço eletrônico ipac.educacao@gmail.com. Dados sobre o IPAC estão no site www.ipac.ba.gov.br.