Cultura

REENCONTRANDO A FELICIDADE E OUTROS BONS FILMES, Por DIOGO BERNI

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| 16/05/2011 às 08:54
Água para Elefantes em mundo imaginário e real ao mesmo tempo
Foto: DIV
  Em Reencontrando a felicidade, de John Cameron Mitchell 2010, USA e protagonizado e produzido por Nicole Kidman, observei mais uma produtora atuando, ao invés do contrário. O filme é intrigante, conta a estória de um casal que recém perde seu filho e busca forças para seguir adiante.

  Monótono, às vezes, porém sempre cargamente denso a película observa a questão da evolução, do perdão, e talvez da não-razão em suma. Explicar a não razão, é concluir ou ao menos não ignorar novos horizontes planos, como mundos paralelos, que é o quê a ciência não racional chama de física quântica.

  Enquanto um personagem do casal tenta, de forma menos convencional e por isso mais sofrível "entender" e aceitar a perda do filho por um atropelamento de um adolescente bom, o outro, o homem, abre mão de "sofrimentos menos racionais", ou porque ele não tenha essa capacidade de compreensão da perda da vida mesmo.

  O fato é que Reencontrando a felicidade, apesar da sua protagonista parecer estar curtindo mais a profissão de produtora do que atriz, ainda assim por sua densidade, e abordamento de reflexões de tamanho altruísmo vale ser assistido, mesmo com um final, tipo de pergunta: do que será da vida de agora em diante.

  Mesmo com um final sem fim, apenas uma continuação do que você quer ou não pensar e fazer.
                                                    **
  Filminho mequetrefe "A garota da capa vermelha", dirigido pela Catherine Hardwicke 2010 ( mesma direção da saga crepúsculo, mais de qualidade bem inferior ) rodado nos EUA e Canadá .

  É uma versão diferente e "muderna"do conto da chapeuzinho vermelho e o seu lobo mau. Cenário bonito com bastante neve, atrizes elegantes, sem dúvidas uma boa fotografia e também uma boa dose escandinava de lenda sobre lobos. Mas o roteiro ou enredo fraco: nota 4,33. 
                                                      **
  Como esquecer, da Malu de Martino 2010, é um bom denso drama nacional. Protagonizado pela belíssima Ana Paula Arósio, a película mostra o interior das pessoas, as suas angustias e decepções; não é um entretenimento alegre, longe disso, aborda a fraqueza humana, por mais que pareça a protagonista uma fortaleza de maturidade. Ao pensar maturidade, associamos a sabedoria, o que não sempre assim.

   A película mostra uma protagonista atordoada em um mar de ressentimentos pela perda de sua esposa. Apesar de culta, fria, egoísta, ela sofre pela solidão, jamais imaginaria que pudesse doer tanto, mas sente e quase chega ao suicídio.
Sem sombras de qualquer parâmetro de comparação com estórias desse gênero, o filme mostra de maneira visceral como uma perda pode ser o fim, ou um intenso e constante ato de automutilação por punição de uma coisa que nós, simples mortais, não temos o poder de mudar, a morte de uma pessoa querida.

  Enfim, ela consegue tocar sua vida adiante com outra pessoa permitindo se abrir novamente, mas em determinada pulsação de pensamento ela revê, e se faz só novamente, explicando que não poderia usar uma terceira pessoa como figura somente, estaria sendo interiormente injusta com a terceira e com ela. Bem "Nitcheniana" a película, tão profunda que ainda penso nela, e isto poderia dar mais algumas linhas como: porque existem pessoas pré-detreminadas a querer sofrer e outras que tem muito medo disso. Uns chamam isso de carma, outros dizem vá com calma!

                                                      **
   Gostei da lúdica película Água para elefantes, do Francis Lawrence 2010. Por vezes é bom sair da realidade, mesmo que seja a realidade ficcional que de certo sentido tenta imitar a vida real. Nesse filme não existiu isso, pois se tratava de um mundo a parte: o Circense. Mundo imaginário, mas real ao mesmo tempo, senão porque então eles existiriam? Só acharam ou quiseram viver de uma forma um pouco menos moralista.

   Sobre a película, e não o "mundo da película", és uma comovente estória de amor e de vida dos personagens. Pessoas que praticamente que "caíram"no mundo circense por forças de circunstâncias da vida ou a falta delas.

   O filme aborda a relação do homem com a ganância, com os animais e com a amizade. Além dessas abordagens, mostra uma estória de amor que para os mais céticos só caberia no mundo atípico deles, mas para este que vos escreve acha que és total e fortemente " viver"estórias de paixão e amor nos dias atuais, apesar de Obama matar Osama e a Cláudia Ohana não me dar a mínima chance. O jeito é melindrar outra mama, porque o da Ohana não rola mana.

     O fato é que, "dar" para um love maneiro, apesar de ser difícil, mas quem não chora não mama, e se a questão é mama, o amor ou a paixão vem depois, um problema de cada vez. Problema: amor? Como assim? Não sei, só sei que é assim, sem ser, sem saber, sem me intrometer, mas querendo me "meter".hehe
                                                   **
   No último domingo assisti ao melhor filme da minha vida: de 1974, O poderoso Chefão II, do Copolla, com Al Paccino, Robert de Niro, a mulher de Rock Balboa e companhia. O melhor porque ainda não tive o discernimento de assimilação para "sugar" toda a intensidade, verdade, e acima de tudo genialidade da película atemporal.

   Sei que assisti a algo extraordinário, que mostra que caráter, bom senso e coração não têm definitivamente nada a ver com leis ou regras pré-estabelecidas. Em 1974 e hoje, continuamos vivendo em uma selva, que a cada ano ou dia, se torna mais selvagemmente absurda.

   Vejam só:um filme da década de 70 se torna o melhor meu já visto, por ver na película a mesma situação , pelo menos no sentido das relações pessoais, que hoje e amanha ou quem sabe pra sempre, porque aborda uma questão de existencialidade humana e isso meus caros não muda. O mundo pode até ter mudado, mas as necessidades humanas não, jamais mudarão. O nosso molde já foi feito e jogado a original fora há muito tempo.

* Para contato ciogoberni@yahoo.com.br