Cultura

GERMINA A SEMENTE DO REGGAE DE BOB MARLEY NO BRASIL, POR CÉSAR RASEC

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| 11/05/2011 às 09:07
Bob Marley morreu de câncer em 11 de maio de 1981 e são 30 anos de legado
Foto: DIV
   Quando falamos de reggae, o primeiro registro que surge na minha mente é o nome do jamaicano Bob Marley, astro maior do gênero. Ele nos deixou em 11 de maio de 1981. O tempo voa, parece que foi ontem o dia de sua despedida da Terra, local onde a semente do reggae germina cada vez mais.


  A data da morte de Bob Marley continua presente entre nós, não como um fim ou dor irreparável, mas como a continuidade de uma missão musical que segue, segue no mantra do som. O seu legado sonoro permanece ecoando no presente por conta das suas canções que alimentam o espírito e nos convida à dança e à reflexão.


   São 30 anos sem a sua presença física. Se estivesse vivo, estaria com 66 anos (nasceu em 6 de fevereiro de 1945). Morreu nos EUA por causa de um câncer.


   Bob Marley, gênio criador, foi também ativista cultural dentro de seu país, a Jamaica, uma terra marcada pela pobreza. Para suas canções serem tocadas nas rádios jamaicanas foi preciso agir, lutar, brigar e não se render aos mandos e desmandos dos "barões" da comunicação radiofônica.

   O resultado final já se sabe: a semente do reggae vingou e hoje é um filão musical bastante rentável e com milhares de admiradores e de fãs em todo o mundo, além, claro, dos artistas.


   Cantor, compositor, guitarrista, violonista e percussionista, Bob Marley popularizou o reggae e deu voz à religião rastafári. Foi um grande defensor da maconha, usado-a no sentido da comunhão, apesar de não ser consenso o seu uso entre alguns rastafáris.


   Um prova inconteste em defesa da cannabis, tornando-a pública, está na capa do disco "Catch a Fire", com Marley fumando um considerável baseado. Em algumas de suas canções ele menciona o uso espiritual da erva.


   Aqui no Brasil, não sendo diferente do contexto mundial, Bob Marley permanece cultuado. No estado do Maranhão, o reggae virou religião, sendo tocado em locais públicos em potentes equipamentos sonoros.


   Na Bahia da mandinga, o reggae sobrevive no Pelô e graças à perseverança de Edson Gomes, do Adão Negro, do grupo Diamba, de Sine Calmon, do Kaymen, da Irmandade Brasmorra, do Arrots, dentre outros. Em Salvador, o 11 de maio é lembrado como Dia Municipal do Reggae e com atividade na Câmara Municipal.


   Desde 2003, acontece anualmente na capital baiana o maior evento de reggae da América Latina, o República do Reggae. Com uma pausa em 2008, o festival já trouxe grandes nomes do reggae como Alpha Blondy, Gregory Isaacs, U-Roy, Andrew Tosh, Groundation, Lucky Dube, Tribo de Jah e Ponto de Equilíbrio.


   No contexto histórico do reggae baiano, não poderíamos esquecer as figuras de Jorge Alfredo e Chico Evangelista, fundamentais na cena do reggae local e brasileiro. São dois nomes destacados na evolução do ritmo jamaicano. A dupla estourou com a música "Rastapé", em 1980, no Festival MPB da Shell e Rede Globo.


   Por conta do sucesso de Rastapé, Jorge e Chico lançaram, na sequência do estrelato, o disco "Bahia Jamaica", uma obra primorosa que é matriz para quem estuda e curte o reggae feito no Brasil.


   Na atualidade, abro espaço para o inglês Geoffrey Chambers, que vive aqui em Salvador há pouco tempo e faz do reggae a chave de sua porta musical. No seu CD "By Me", lançado aqui na Bahia no ano passado, Geoffrey se mostrou um autêntico discípulo de Bob Marley.


   Não poderia esquecer do gênio multigenérico musical Gilberto Gil, que regravou pérolas de Bob Marley em "Kaya n'gan daya", álbum lançado em 2003. Gil reinventa o reggae do criador mantendo a originalidade das obras, coisa rara e para poucos.


  "No woman, no cray" moçada que curte o reggae. A semente de Bob Marley só está germinando as primeiras safras. Outras e mais outras safras estão por vir e vão voar sem rumo como "Three little birds".