Cultura

NA INTERNET ROLA O SOM DESCOLADO DE ANDRÉ ABUJAMRA, POR CÉSAR RASEC

vide
| 05/05/2011 às 09:14
Abujamra casa bem letra e melodia em som universal
Foto: Fábio Yamaji

  Nas minhas pesquisas musicais, sacando o que rola na cena brasileira e distante do mercado massivo, ou seja, bem longe do tal jabaculê das rádios, "tropecei", já tem um tempão, na obra de André

   Abujamra, paulista antenado nascido em 1965 e filho do diretor de teatro e ator Antônio Abujamra.


   Para quem curtia o som de Walter Franco, Jorge Mautner, Jards Macalé, Lenine, Sérgio Sampaio, Mutantes, dentre outros descolados da MPB, foi uma grata surpresa.

Reafirmo, agora aqui no Bahia Já, que a pegada pop de Abu, como chamo-o carinhosamente, é de causar impacto positivo aos ouvidos mais exigentes.


O danado consegue casar bem letra e melodia, mantendo, quando faz sentido manter, a irreverência, remetendo até ao estilo anárquico dos Mamonas Assassinas.


Sua capacidade de misturar sons, fazendo o som local migrar para o som universal, e vice-versa, remete ao que chamo de vanguarda das misturas sem amarras. Sua estreia aconteceu na
década de 1980, junto com Maurício Pereira, com a banda Os Mulheres Negras.


Com o fim do duo com Maurício Pereira, já em 1992, Abu partiu com um gravador para uma viagem por várias localidades do mundo. Depois de coletar diferentes sonoridades, criou uma banda

com essas influências universais e mais os sons brasileiros. Assim surgiu a banda Karnak, que marcou presença na cena paulistana.


Integraram o gigante Karnak: André Abujamra (voz e guitarra); Marcos Bowie (trompete e voz); Hugo Hori (flauta, sax e voz); Kuki Stolarski (bateria); Eduardo Cabello (guitarra); Guilherme Kwasinski (ator); Luiz Macedo (guitarra); Paulo Gregori (performances teatrais); Carneiro Sândalo (bateria); James Müller (percussão); Lulu Camargo (teclado e samplers); Sérgio Bártolo (baixo); Mano Bap (baixo e guitarra); Lloyd Bonnemaison (saxofone); Tiquinho (trombone); Zuzu (dançarina do ventre) e Juliano Beccari (teclado e samplers).


Ao dar um tempo à banda Karnak, Abu partiu para a carreira solo chegando, em 2010, ao terceiro trabalho, o CD Mafaro. O disco tem a participação especial de Luiz Caldas, parceiro na canção "Tem Luz na Calda da Flecha". Também participam do disco Zeca Baleiro, Evandro Mesquita, Xis e Curumin.


Dentre as facetas de Abu, ressalto o seu trânsito com desenvoltura pelas redes sociais, fazendo da
Internet uma precisa extensão de sua proposta mercadológica.


Assim, conquistando ouvintes, um por um, este paulista consegue fluir com suas canções instigantes. Uma prova foi o show Mafaro, lotado, aqui em Salvador, no SESC do Pelourinho. Foi impressionante ouvir a galera jovem cantar suas canções, obras que não circulam nas rádios comerciais.

Mafaro é uma mistura de música brasileira com reggae, rock, levadas dos Bálcãs, ritmos indianos, africanos e latinos. Se você quer ser uma esponja sonora, faça como Abu e vá absorvendo a
música por onde você passar. Assim verás que há vida fora das rádios comerciais, espaços que tanto irritam os nossos ouvidos por tocar exaustivamente um som quase que totalmente plastificado.