Cultura

DOM FRANQUITO DIZ QUE COQ AU VIN DO CHEZ BERNARD É LEMBRAR DE PARIS

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| 29/04/2011 às 13:59
Coq au vin do Chez Bernard, mais conhecido como galinho ao vinho
Foto: BJÁ

   A convite da madame Bião de Jesus, com caixa sem sofrer a "marolinha" da crise financeira, estivemos em noite de aniversários no Chez Bernard, a velha casa da Gamboa repaginada, ainda o melhor francês da capital baiana, cidade que esteve mais para ser holandesa do que francesa, em tempos idos da colonização.


   Instalado em 1963 pelo cozinheiro Bernard Goethals, que acá chegou para trabalhar no Hotel da Bahia nos efervescentes anos de agito na cultura local e mudanças no perfil da economia baiana, o bistrô caiu nas graças da elite e se tornou, como ainda é nos dias atuais, um cantinho parisiense com vistas para o Sena local, a Baía de Todos os Santos.


   Se não há barcos sobre as águas do Sena em jantar onde se aprecia a Torre Eifel e outros monumentos da capital de monsieur Sharkosy, ao som romântico de acordeons, no Bernard a música é francesa, o ambiente lembra Tolouse Lautrec e a comida continua deliciosa.


   Sem saudosismo, preferia a época de Guillard e daquela entrada retô onde ficávamos bebericando vinho e esperando o vagar de uma mesa de cara com a Baía de Todos os Santos. Às vezes, duas ou mais garrafas, a matar do tempo, até que essa exigência fosse atendida, de preferência, no momento do almoço onde a tarde era um niño.


   Quando saiamos do Bernard, a ladeira da Gamboa estava irreconhecível, mais escura com os raios da noite.


   Agora, com os Odebrecht também está legal. Ficou mais amplo e menos acanhado do que era e tudo está novíssimo, sem perder a cara de um cantinho de Paris.


   E, quem vai ao Bernard, até por dever de honrar às tradições, bebe-se um francês red cabernet sauvingnon, degusta-se a entrada de pães e queijos, e saboreia-se o tradiconal à mesa.


   De minha parte, a pedida foi um "Coq au vin", que vem a ser um galo ao vinho com purê e aquele molho semi-picante que só a cozinha francesa é mestra. Galinho de derreter na boca. Nada que lembra o "galinho de Quitino". Mais saboroso ainda é quando se adiciona a cada garfada uma moderada dose de cabernet.


  Meu menor Agapito, o Deus do Amor, que estava a completar 17 primaveras, algumas quadras atrás de mim em anos de existência, saboreou um "Filé bourdelaise" e eu acá perguntei se era melhor do que o do Porto Moreira.


  - Meu pai, não queira brigar com Moreira. Não direi nada. Deixe eu comer meu filé em paz!, respondeu.


   E madame Bião, francesa de Ubatã, apreciou um "Canard rôti en cocotte", o gracioso pato que fez a fama do Bernard.


   Mais nada pedimos e agradecidos ficamos com a bela noite.


   Adiante, ao nosso olhar, a Baía de Todos os Santos com navios ao largo, o Solar do Unhão sendo acalentado pelas águas das marés e a abóboda da Igreja do Bonfim, ao longe, bem nítida entre o casario da baixa.


   Distraido estava que nem vi a madame Bião sacar seu cartão, o poderoso, e pagar la cuenta.

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Restaruante Chez Bernard

Rua Gamboa de Cima, 11, Aflitos

Salvador/ Bahia

Fone (71) 3328.1566

Preço médio do prato: R$60,00

Preço médio do vinho: R$110,00

Aceita todos os cartões

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