Cultura

EXPO "GENTE DE QUILOMBO" ABRE AO PÚBLICO NA CASA DA MÚSICA, EM ITAPUÃ

VIDE
| 25/04/2011 às 11:38

O olhar dos fotógrafos Álvaro Villela, Márcio Lima e Rita Cliff sobre a vida em comunidades quilombolas, distantes dos centros urbanos, está na exposição ‘Gente de Quilombo', que será aberta novamente ao público na próxima segunda-feira (25), às 18h, na Casa da Música, em Itapuã.

É a segunda temporada de exposição, que teve início no Palácio Rio Branco integrando o Encontro com as Culturas Populares e Identitárias, realizado em outubro do ano passado pela Secretaria de Cultura do Estado (Secult), com patrocínio do Ministério da Cultura (Minc).

A exposição reúne imagens das comunidades de Barra e Bananal (Rio de Contas), Mangal Barro Vermelho (Sítio do Mato) e Rio das Rãs (Bom Jesus da Lapa), que foram os primeiros quilombos baianos a garantir a titulação da terra. As fotografias revelam rostos, lugares, horizontes e gestos transformados em poesia visual, sem perder a força documental e sem deixar de traduzir a história de luta do povo quilombola.

‘Gente de Quilombo' evidencia a relação dos quilombolas com o território onde seus ancestrais fincaram raízes. "O que cada um trouxe em suas câmeras foram registros estéticos e éticos de um povo. Povo num sentido comum à Idade Média, como pessoas que pertencem ao lugar", define a curadora da exposição, a artista plástica Lanussi Pasquali.

Ela acredita que a intensa migração do campo para a cidade ocorrida no Brasil a partir da década de 40 nos roubou a noção de pertencimento, mas que este sentimento sobrevive entre alguns povoados, notadamente as tribos indígenas e os quilombolas.

Único dos fotógrafos de ‘Gente de Quilombo' que tinha convivido com a comunidade retratada (Barra e Bananal) antes do projeto, Álvaro Villela acredita que os rostos, mais do que qualquer aspecto cultural, traduzem este pertencimento e o histórico de luta. "A força das suas faces me parece ser a herança mais marcante da ancestralidade dos quilombolas".

Márcio Lima e Rita Cliff fizeram os primeiros contatos com os quilombos de Mangal Barro Vermelho e Rio da Rãs, respectivamente, já com a exposição em mente, mas isso não os impediu de mergulhar no cotidiano dessas comunidades. Com formação antropológica, Rita afirma que um momento de receio diante de uma presença estranha, "estrangeira", é normal, mas que logo os quilombolas permitem que o visitante tome parte do dia-a-dia local.

Álvaro Villela passou pelas faculdades de biologia e jornalismo, mas descobriu a sua profissão na fotografia. Autor do livro ‘A natureza do Homem no Raso da Catarina', publicado em 2006, ele também venceu o Prêmio Foto Arte Brasília (edição 2009) na categoria ensaio fotográfico. Trabalhos seus foram incluídos no acervo do Museu do Homem do Nordeste - Fundação Joaquim Nabuco (PE).

Márcio Lima começou a fotografar em meados da década de 80, em Recife (PE), cidade onde nasceu. Ao longo da sua carreira, expôs trabalhos na Espanha, Portugal e França, e recebeu várias premiações, entre eles, o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger (edição 2003). Atualmente tem obras no acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia e Museu de Arte de São Paulo.

Rita Cliff tem formação em antropologia e descobriu a fotografia a partir da utilização deste recurso na documentação das suas observações científicas. Entre os destaques da sua carreira, aponta a cobertura do Encontro de Intelectuais Negros, publicada na Revista Palmares, e o projeto ‘Mapeamento de Terreiros de Candomblé de Salvador'.