Cultura

RUA DO BISPO, MISTO QUENTE DE PUTEIRO E COMÉRCIO, CRÔNICA TASSO FRANCO

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| 14/04/2011 às 09:27
A Rua do Bispo é uma lingua da história no centro histórico de Salvador
Foto: BJÁ

  O Terreiro de Jesus e às ruas de acesso à Igreja de São Francisco foram concebidos como espaços de ligações na expansão do centro histórico de Salvador, ainda na época de Mem de Sá, o terceiro governador geral do Brasil (1558/1572). 

  Na linha Leste da cidade, a partir da Ladeira da Praça, existem as ruas 28 de Setembro, Guedes de Brito, 3 de Maio, do Bispo e o Largo do Cruzeiro de São Francisco. É muita história, dos primoórdios da cidade, entre 1549/1601, o alvorecer do Século XV, apóis a Idade Média.


  A Rua do Bispo, em alguns documentos comerciais também é chamada de Monte Alverne em homenagem ao Santuario della Verna, local de peregrinação católica pertencente à Ordem Franciscana, Chiusi della Verna, na província de Arezzo, na Itália, e se inicia nos muros do Convento de São Francisco seguindo até a Praça da Sé.

  É uma língua da história com transversais do Saldanha, da Oração, do Seminário e da Ladeira de São Francisco que nasce na Baixa dos Sapateiros. Nessas áreas, especialmente no Seminário e na Oração prosperaram antigos puteiros na segunda quadra do Século XX.

  Hoje, esse quarteirão está inserido no projeto de recuperação do Centro Histórico de Salvador, sem data para ser concluido, e, vê-se placas do Projeto Monumenta na Oração e no Semiário, áreas abandonadas.

  A Rua do Bispo é misto quente onde existem casas comerciais, em sua maioria do ramo de peças de eletrônica e materiais elétricos, pousadas para turistas estrangeiros, motéis, bares, casarões de moradores e prostituição, a sede do 18º BPM, um órgão da Prefeitura e restaurantes.


  Andar pela Rua do Bispo só em determinadas horas do dia. Ainda assim, em alguns trechos, até o limite da Rua do Saldanha, ou lá nas proximidades do 18º BPM.

  No mais é correr algum risco de ser furtado ou abordado por uma prostituta. Um "boquete" rápido nessas imediações custa R$30,00 e se for num motel do local, algo em torno de R$50,00. Os motéis locais cobram em édia R$20,00 por uma rapidinha.


   Na boca da Rua do Bispo, na Sé, está a Cafeteria e Restaurante CGC, um local agradável e bom se frequentar. Pode-se almoçar uma malassada e tomar um expresso gastando-se apenas R$20,00.

   De tudo se acha em elétricos e eletrônica no "bispo" e imediações, desde válvulas a fios e outros equipamentos. É o local onde se vende mais barato esse tipo de produtos, em Salvador.


   A história conta que a Rua do Bispo tem esse nome porque sua eminência, o bispo, o real, de carne e osso, percorria esse trecho à pé até o Palácio Arquiepiscopal da Sé ou Palácio do Arcebispado de Salvador, construido a partir de 1705, que era, originalmente, a residência do arcebispo, o qual também é bispo e padre.

  Havia um passadiço entre o palácio e a antiga Catedral da Sé, demolida em 1933. E, com isso, as "picaretas do progresso" demoliram o passadiço para dar passagem aos bondes.


  No século XVIII, não havia carros, só carruagens e cavalos, o arcebispo ia a pé entre o palácio e as igrejas do Terreiro de Jesus e também na linha Sul da cidade, em direção ao Santo Bento. 

  Daí que, esta nobre rua passou a se chamar de Rua do Bispo, aquele em que a autoridade religiosa máxima da Bahia, dava suas caminhadas de fé. Não fazia "cooper" porque também não existia essa prática. Mas, a depender do horário, suava em bicas.


  Hoje, o Palácio do Arcebispo está fechado e se deteriorando. O arcebispo, que passou a morar no Campo Grande, até que a igreja vendeu a área na época de dom Lucas Moreira Neves para erguer a Mansão dos Cardeais, atualmente, reside em outro sítio e despacha na Cúria Metropolitana, no bairro da Fazenda Garcia, em área adjacente a Rádio Exelsior da Bahia.

  Claro, o arcebispo, nem bispo, nem padres, andam mais na Rua do Bispo. De vez em quando vê-se religiosas (freiras) almoçando um comaquilo que tem por lá.


  Mas, o certo é que a Rua do Bispo está lá firme e forte, preservando a nossa hisória e vale a pena conhecê-la.