Cultura

SINOS DA CÂMARA DE VEREADORES SALVADOR VOLTAM A BADALAR. ALELUIA!

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| 16/03/2011 às 10:15
Iluminação ressalta beleza do prédio da Câmara de Salvador, um dos mais belos
Foto: Valdemiro Lopes

Para a alegria dos funcionários Câmara Municipal, o sino da Casa voltou a badalar. A história e a cultura de Salvador agradecem. Ao longo dos seus 396 anos, o equipamento holandês já foi usado para as mais diversas finalidades: convocar a população soteropolitana para protestos, assistir a deposição de autoridades, comemorar posse de governadores, ou mesmo chamar a população para corridas de touros, jogos de argola e outros eventos que eram realizados na Praça Municipal da cidade.


A iniciativa de retomar a atividade do sino partiu do funcionário Guilherme Santiago que levou a proposta ao presidente da Casa, vereador Pedro Godinho (PMDB). "Passei a ideia para Godinho, que teve muita sensibilidade e abraçou a sugestão de uma maneira incrível. Rapidamente, os problemas técnicos foram resolvidos e o sino voltou a tocar todos os dias. E uma iluminação muito bonita que não havia também foi colocada", declarou.


Funcionário da Casa há 22 anos, Guilherme Santiago também lembrou do funcionamento do sino antes da paralisação das atividades, há pouco mais de 20 anos. "Tinha um funcionário, que já está aposentado, que tocava manualmente às 9h, 12h e 18h. Agora, além de tocar todas as horas, está tudo mais moderno".


Quem se questiona por causa do atraso de dois minutos toda vez que o sino toca não pode reclamar de nenhum funcionário distraído que perdeu o horário. Diferentemente do que acontecia há anos atrás, quando o toque do sino era feito de forma manual, hoje tudo é feito de maneira programada e automática. Dois auto-falantes foram instalados para que o som das badaladas fosse amplificado. Uma iluminação também foi colocada para dar maior visibilidade ao equipamento.


O presidente Pedro Godinho destacou a importância do funcionamento do sino para a instituição e para todos os seus funcionários. "É muito interessante, sobretudo, pelo ponto de vista cultural. Aos poucos, pretendemos fazer o resgate de importantes tradições da nossa Casa. De boas ideias como essa que se constrói uma boa gestão".


História do sino da Câmara


No ano de 1660, o governador Francisco Barreto de Menezes deu início a uma reforma que concedeu à Câmara a imponência que deveria ter um edifício público da sua importância. Anos depois, em 1696, foi construída uma torre e instalado nela um sino. É dessa data a atual estrutura arquitetônica do prédio da Casa Legislativa de Salvador.

Até hoje ainda pode ser lido gravado no bronze do sino as palavras que elucidam a sua origem: "Henderich Wegewart de Jong Macle Mc in Deventer - Ano 1615", significando "Henderich Wegenvart fez-me em Deventer - Ano de 1615".

Em fins do século XIX, mais precisamente no ano de 1885, atendendo ao estilo artístico vigente, a fachada original foi profundamente alterada, ganhando aspecto neo-renascentista. O velho sino cedeu lugar a um relógio elétrico.


Curiosidades


De acordo com o escritor holandês Hendrik Willem Van Loon, em uma data remota, a voz humana foi substituída por uma peça de madeira oca, que atuava como substituta da boca e com fortes sons era usada para espantar os fantasmas. Pouco a pouco, a ideia original foi ficando de lado e o sino passou a ser usado para outros fins.

Também já foi utilizada para anunciar ao escravo o horário de se levantar e de se recolher, mas sem perder o seu caráter original: o de, nos domingos e dias santos, soar demoradamente chamando os fieis às igrejas, limpando a atmosfera de influências negativas que prejudicariam as missões divinas.