O Terno de Reis, ainda é tradição viva em Lauro de Freitas. No primeiro dia da festa, comemorada nesta quinta-feira, 6, moradores, muitos idosos e crianças, liderados pelo bumba-meu-boi e ao som de marchinhas e samba de roda, saíram pelas ruas do centro da cidade, alegrando admiradores e curiosos. Crianças seguiam a brincadeira, atraídos e receosos com a figura do boi.

As Matriarcas, com roupas coloridas, chapéus enfeitados, colares e adornos, sambavam com vigor de juventude. As músicas eram acompanhadas por timbau, zabumba, caixa, pandeiro, maracá e as tradicionais "tabinhas".

De porta em porta, o cortejo parava e, com músicas sugestivas, pediam ajuda em dinheiro ou em bebida para a tradicional Feijoada do Boi, que acontece tradicionalmente uma semana após o reisado. Com sorriso no rosto e samba no pé, os moradores abriam as portas e janelas "para ver a banda passar". Moradora da Rua São Jorge há mais de quatro décadas, Neide Matos Santos, de 64 anos, todo ano sai na porta, com filhos e netos, para participar da brincadeira. "Acho lindo! Todo ano contribuo com o pouco que eu posso".

O diretor da Divisão do Patrimônio Artístico e Cultural da Secretaria Municipal de Cultura, Gildásio Vieira de Freitas, participa das festas de Reis desde quando morava em Salvador. Quando se mudou para Lauro de Freitas, há 30 anos, se integrou aos grupos locais e nunca deixou de participar. Segundo ele, a tradição vai se perpetuando, com apoio da Prefeitura: "Há 40 anos as pessoas achavam que ia acabar. Mas a força da cultura popular persiste". Freitas, que é diretor do Departamento do Patrimônio Artístico e Cultural da Secretaria de Cultura e Turismo de Lauro de Freitas e faz parte do Conselho de Cultura do Município, acredita que é preciso mais incentivos da para que a tradição não se enfraqueça.

Vivaldina Santos Conceição, a popular Dona Dadinha, é uma das principais representantes do Terno de Reis em Lauro de Freitas. Aos 68 anos de idade, lidera o grupo cantando as músicas que aprendeu com seus pais e avós. Com apenas dez anos já participava dos eventos culturais da cidade. "Samba de roda, afoxé, candomblé. O que for dança estou no meio". O segredo para não ficar rouca após horas cantando, segundo ela, é colocar, de tempo em tempo, pitadas de sal na boca. Sua filha, Edilene Santos Conceição, é quem se fantasia com o Boi. "Ela é da brincadeira" - sorri a mãe. Desta forma, a tradição do "tempo dos mais velhos", vai se perpetuando no município.

Outra importante tradição de Lauro de Freitas são os Mascarados que, também em janeiro, começam a enfeitar as ruas do centro da cidade.