Cultura

MARCELO SIMÕES AUTOGRAFA "VOO PARA A ESCURIDÃO" NA LIVRARIA CULTURA

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| 13/12/2010 às 23:59
Marcelo Simões autografa na Livraria Cultura do Salvador Shopping
Foto: BJÁ
  O livro "Voo para a Escuridão", do jornalista e publicitário baiano Marcelo Simões, foi lançado nesta segunda-feira (13, na Livraria Cultura do Salvador Shopping (Avenida Tancredo Neves, 2915 - Caminho das Árvores. 


  O texto conta o drama vivido por Jak Harb, preso durante exatos 400 dias e lançado, sem piedade, em um mundo de pavor e sombras. Publicada pela Geração Editorial, a história poderia ter saído da cabeça de um romancista, com o risco do personagem parecer artificial, de construção óbvia e fácil, por causa da teia de estereótipos e bolsões de preconceitos que o envolvem: colombiano, comissário de bordo, homossexual, flagrado quando recebia dólares de um traficante em um hotel nas imediações do aeroporto de São Paulo e lançado, sem piedade, nos labirintos do Presídio de Guarulhos II e da Penitenciária de Itaí.

 Mas o livro mostra, no melhor estilo do jornalismo literário, a insensibilidade humana e a crueza da vida com suas armadilhas, revelando um autor que persegue e denuncia a injustiça aonde ela estiver,  sem medo de enfrentar a dúvida ou o preconceito.

É da história de Jak e sua passagem por uma prisão no estado de São Paulo que o especialista em marketing político Marcelo Simões - que fez a campanha de Aloísio Mercadante ao governo de São Paulo e reforçou a equipe de João Santana no segundo turno da campanha de Dilma Roussef para presidente - tirou o tema para seu primeiro livro.


"Vôo para a escuridão" conta, com lances de romance de suspense, a dramática história de um personagem injustiçado, mas também - de forma nunca vista - a falência do sistema carcerário paulista e o amplo domínio de uma facção criminosa - o PCC - dentro dos presídios.


"A liderança do PCC dentro dos presídios, inclusive do presídio estrangeiro é inequívoca", diz Marcelo Simões. "Isso revela a falência do sistema penitenciário em São Paulo e, acredito, em todo o Brasil, onde outras organizações criminosas agem como o PCC. As regras do PCC são seguidas à risca, tanto para a boa convivência lá dentro, como para o desenvolvimento de ações fora do presídio".


cárcere, sem culpa.


O que restou desse período dramático na vida desse filho de libaneses foram as memórias destes 400 dias no cárcere brasileiro, afinal relatadas no livro ("Voo para a Escuridão - o drama de um comissário de bordo nos porões de uma prisão brasileira", de Marcelo Simões, Geração Editorial, 240 páginas, R$ 34,90).


O livro conta como Jak Harb viveu na prisão em péssimas condições de higiene, no meio de extrema violência e a cada dia tendo que lutar para sobreviver. Viu presos se cortando com estiletes para serem atendidos no ambulatório e outros morrendo, por atendimento precário. Uma vida nada normal para quem frequentava os melhores hotéis do mundo e é dono de pousada boutique na paradisíaca ilha caribenha de San Andres, diante de um mar azul-turquesa e sol durante quase todo o ano.


A tarefa diária de dividir espaço com homicidas, assaltantes e líderes da maior facção criminosa do estado de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital), não era as das mais tranquilas, para quem poderia em um dia acordar na Europa, tomar café nos melhores bistrôs e dormir após uma festa em alguma capital latina.

O que ele menos entendia era a acusação - fazer parte de uma quadrilha internacional de traficantes de drogas. Ele afirma que não conseguia ser ouvido nem pela polícia nem pelos magistrados brasileiros, para os quais qualquer colombiano só poderia ser mesmo traficante.


No hostil ambiente carcerário, ainda teve que ocultar sua opção sexual, pois logo percebeu que os homossexuais levavam vida ainda pior que os demais.

Passado o trauma da prisão, agora em liberdade e de passagem pelo Brasil, Jak faz planos para seguir a vida, mantendo a pousada em San Andrés e viajando para a Índia, para uma tournée mística. Está acionando na Justiça a companhia aérea na qual trabalhava - e que não lhe deu assistência jurídica - e pensa ainda se processa ou não o Estado brasileiro, que o tratou tão mal na prisão.