Cultura

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA HOMENAGEIA OS 67 ANOS DE MAKOTA VALDINA

Veja
| 13/12/2010 às 17:17
A mostra apresenta 60 imagens de 11 fotógrafos baianos com diferentes olhares
Foto: Elza Abreu
O Teatro Vila Velha recebe no dia 15 de dezembro, às 19h, a exposição "A Cultura Negra e Suas Cidades - Uma Homenagem a Makota Valdina". A mostra fotográfica reúne um acervo com 60 imagens registradas em diversas locações como Salvador, Cuba e Paris, por diferentes fotógrafos e tem por finalidade celebrar a beleza da cultura negra e homenagear os 67 anos de Makota Valdina. As fotos estarão à venda durante a mostra. Na abertura, haverá coquetel e pocket show com o cantor e percussionista Peu Meurray. A entrada é gratuita. 
  
  Os onze fotógrafos da exposição "A Cultura Negra e Suas Cidades - Uma Homenagem a Makota Valdina" são Pingo Carvalho, Maiara Nascimento, Elias Nunes, Roberta Castro, Moema Franca, Guilherme Cortizo Bellintani, Pablo Florentino, Isabel Gouveia, Elza de Abreu, Luiz Cesar e Salamanda. 

  Uma das organizadoras da exposição, Amaranta Cesar, destaca o ponto comum entre eles. "Esses fotógrafos emprestaram suas miradas sobre a cultura negra e suas cidades para homenagear Valdina. Todos eles reconhecem a importância dela, todos já a ouviram falar e sabem do poder de suas palavras. As imagens nos mostram a força do povo negro, em diversos lugares, como Salvador, Cuba e Paris", afirma. 

  "Makota Valdina tem nos ensinado a olhar para essa força e essa beleza, a entender as mais belas lições herdadas dos nossos ancestrais africanos. Esta exposição porta os rastros dessa ancestralidade, que Makota cultua de maneira tão bela e fundamental. Ela é uma grande sábia, que tem nos mostrado caminhos para transformar nossa vida, buscando valores que estão na natureza, no tempo, nos mais velhos", explica Amaranta. 

  Makota Valdina 

  Aos 67 anos, Makota Valdina, nascida Valdina Oliveira Pinto, no bairro Engenho Velho da Federação, onde mora até hoje, educadora e ativista socioambiental, militante  de grande sabedoria, conhecedora das línguas e tradições religiosas de matriz africana, Valdina encarna a voz, o sentimento e desejos de expressivos segmentos da cidade de Salvador.   Atualmente é membro do Conselho Estadual de Cultura e tem feito quase todas as semanas palestras e reuniões na Bahia, no Brasil e em outros países,  sempre na perspectiva do respeito às diferenças religiosas, de afirmação da igualdade e da justiça e da valorização das especificidades da nação de candomblé angola-congo, de matriz bantu.
 
Ambientalista que lutou durante anos em favor da preservação do Parque São Bartolomeu, santuário natural e religioso de Salvador que, infelizmente, continua abandonado pelo poder público e sendo ocupado  e depredado de diversas formas. Makota Valdina reconhece na luta socioambiental algo indispensável para a obtenção de vida digna das pessoas.  "A natureza é a essência do candomblé", ensina.
 No início da década de 70, Valdina abandonou o catolicismo, e em 1975, foi iniciada na religião do Candomblé. No Terreiro Tanuri Junsara, liderado pela Sra. Elizabeth Santos da Hora, ela cumpriu e aprendeu os rituais da Casa e da sua Nação Angola e alcançou a condição de Makota - espécie de "assessora" da Nengwa Nkisi, da Mãe do Terreiro. Com a iniciação, recebeu seu nome de origem africana, tornando-se a Makota ZIMEWAANGA.  
 Um dos pensamentos de Makota é de que a comunidade de terreiro não deve fechar-se em si mesma, buscando, ao contrário, relacionar-se com os organismos políticos e sociais externos que sejam necessários à manutenção e consolidação das tradições vivenciadas no terreiro - tradições que, por outro lado, ela defende que sejam, estas sim, resguardadas exclusivamente ao contexto religioso de quem as pratica.
 Reconhecimento
 Com a sua palavra calma e firme, que ilumina, com a sua indignação veemente que entusiasma, a Makota Valdina tem impressionado inúmeras plateias nas conferências e palestras que realiza no Brasil ou no exterior. Mas, como faz questão de frisar, no cotidiano das suas relações num terreiro de candomblé, está o seu local predileto de ensino e aprendizagem.
 Valdina Pinto já recebeu diversas condecorações por seu papel na preservação do patrimônio cultural afrobrasileiro, como o Troféu Clementina de Jesus, da União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO). Troféu Ujaama, do Grupo Cultural Olodum, em Agosto/2004, recebeu a Medalha Maria Quitéria, a maior honraria da Câmara Municipal de Salvador, em dezembro de 2005 recebeu da Fundação Gregório de Mattos, o Troféu de Mestra Popular do Saber. Makota Valdina é, atualmente, a conselheira ‘mor' da Cidade de Salvador, convidada a avaliar e avalizar plataformas de governo, campanhas eleitorais e mandatos parlamentares, ou ONG's e eventos em defesa das tradições de origem africana e do Meio Ambiente.