A Assembleia Legislativa lança, nesta segunda-feira, dia 13, a partir das 17h, mais cinco volumes da Coleção Gente da Bahia, selo dedicado à preservação da memória de baianos (natos ou por adoção) que marcaram a história recente da nossa terra nos mais variados campos de atuação, fossem expressões da academia, das artes, da política ou simplesmente tipos populares. Serão lançados agora os perfis.

Consolida-se, portanto, a Coleção Gente da Bahia com 16 livros publicados em seus três anos de existência. Cinco títulos se encontram em fase final de edição (Hansen Bahia, Mário Cravo Júnior, Chico Pinto, Sílvio Robatto e a cangaceira Maria Bonita) e têm lançamento previsto para o final de janeiro.

A gênese deste selo foi a necessidade de se manter viva e acessível às novas gerações o legado de pessoas cujas vidas se confundem com o que ficou convencionado chamar como baianidade. Sobretudo neste início de milênio, da informação instantânea, do surgimento de celebridades ? sem obras, fadadas, a imensa maioria, a desaparecer em velocidade alucinante sem deixar rastro.

CULTURAL

O projeto editorial do Legislativo engloba outros selos, abrigando obras de maior porte, como o Ponte da Memória, que relança livros de inegável valor literário/memorialista ou ainda dedicado à recepção de trabalhos inéditos, como o Primeira Edição, contribuindo para a elevação cultural da Bahia e dos baianos. Tudo isso, porém, sem buscar qualquer competição, tendo como meta apenas a supressão de lacunas existentes no mercado editorial local. Neste cenário cumpre lembrar que o formato dos perfis traçados na Coleção Gente da Bahia é jornalístico, com a hierarquização dos dados colhidos distribuídos no texto da maneira mais objetiva possível.

Não é, portanto, coincidência que todos os autores dos livros que serão lançados segunda-feira são jornalistas com atuação no mercado baiano, sendo apenas um deles, Eliezer César, já um escritor publicado e de talento reconhecido. Eliezer traçou o perfil de Gabriel Saraiva, figura conhecida nas redações de Salvador, desde meados do século passado, e dos baianos em geral pelo hábito de trajar sempre paletó e gravatas essas sempre com o escudo do Bahia e do Botafogo, seus clubes do coração.

Marcos Navarro debruçou-se sobre a vida e a obra de Calasans Neto, figura maior do principado de Itapuã, contando nesta empreitada com a colaboração inestimável da viúva do artista, Auta Rosa. Contista bissexto, insistiu, e conseguiu que o seu livro contasse com um caderno em policromia, abrindo o leque gráfico do projeto da coleção, que é assinado por Tamir Drummond. Sobre o erudito maestro Lindemberg Cardoso escreveu Eduardo Bastos, profissional com larga experiência em crítica musical e profundo conhecedor de rock.

O alfaiate Walter Spinelli, sempre presente na memória da Bahia pelo slogan "Adão não se vestia porque Spinelli não existia", teve a vida escrutinada por Patrícia Sá Moura, que já escrevera para a coleção sobre a enigmática Mulher de Roxo, figura que assombrou por décadas a quem passava pela rua Chile e pelo Centro Histórico de Salvador.

O maestro Carlos Lacerda, pianista, band leader e compositor de talento, teve o perfil traçado pela jornalista Maria José Quadros, que acabou contagiada pela vida e obra do músico, também um grande gozador. Ela estendeu a pesquisa até os maiores guardiões da obra de Lacerda, o cantor Luiz Vieira, que gravou Jiboeirinha, seu maior sucesso, e o maestro paulista Henrique Gregori que colecionou as partituras originais de todas as canções escritas por Lacerda.

O lançamento acontecerá no saguão Nestor Duarte, da Assembleia, que é contíguo ao plenário, local em que os autores autografarão seus livros. Do alto de seus 80 anos, Gabriel Saraiva já confirmou presença. É o único dos biografados ainda vivo. Os demais títulos publicados nesta coleção traçaram os perfis do artista plástico argentino/baiano Carybé; do cantor, radialista, compositor, humorista e homem de televisão Gordurinha; do cantor e compositor popular Riachão; do jornalista, escritor e acadêmico Guido Guerra; da Mulher de Roxo; do professor e artista plástico Juarez Paraíso; do abade dom Timóteo; do pai da capoeira angola, Mestre Pastinha; do senador Nélson Carneiro, autor da emenda constitucional que permitiu o divórcio no Brasil; do antropólogo, escritor e militante comunista Edison Carneiro e do cineasta Roberto Pires.