Cultura

MAB ABRE RETROSPECTIVA GENARO DE CARVALHO NA PRÓXIMA SEXTA-FEIRA

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| 30/11/2010 às 12:04
Uma das obras de Genaro de Carvalho que estarão expostas no MAB
Foto: DIV

  Genaro de Carvalho (1926-1971), um dos mais importantes artistas baianos e precursores do Modernismo em nosso estado, finalmente ganha uma retrospectiva sobre sua obra no Museu de Arte da Bahia (MAB), a partir do dia 03 de dezembro (sexta-feira), às 19h.

A exposição Genaro de Carvalho - de Memória: uma Retrospectiva, que tem organização geral de Nair de Carvalho, curadoria de Alejandra Munõz e realização da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, através da Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural do Estado da Bahia (DIMUS/IPAC), tem como objetivo não apenas homenagear este grande artista, mas, principalmente, apresentar a obra de Genaro, em toda a sua riqueza, para as novas gerações.


Artista multifacetado, reconhecido por suas pinturas desenhos e murais, Genaro que deu à tapeçaria um novo status, elevando-a a condição de obra de arte e tornando-se o fundador da moderna tapeçaria brasileira.  Genaro produziu ainda estampas, figurinos, sapatos, objetos de design e móveis que, pela primeira vez, estarão ao lado de algumas das suas principais obras, montando um panorama completo de sua trajetória, com cerca de 70 peças em exposição até o dia 13 de fevereiro de 2011, no MAB (Corredor da Vitória).


A partir de uma perspectiva crítica e com a permanente companhia e carinho de Nair, viúva de Genaro e guardiã de grande parte de seu acervo, a proposta curatorial buscou identificar temas e momentos do percurso artístico que permitem uma aproximação à produção de Genaro. "Entre a precocidade artística e a ausência prematura, Genaro deixou um legado difícil de definir ou classificar. É possível que a maioria das pessoas que tenham alguma referência dele lembre-se de suas tapeçarias.

Genaro, porém, foi um artista abrangente e incansável, exímio pintor, desenhista exigente, talentoso muralista, designer à frente do seu tempo, e, além disso, um pioneiro tapeceiro"
, afirma a curadora da exposição, Alejandra Muñoz, pesquisadora e professora da Faculdade de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, que contou com o projeto expográfico de André Vainer para realizar esta exposição.



GENARO E OS "TRÊS MOSQUETEIROS" DO MODERNISMO NA BAHIA

(Por Nair de Carvalho)

"Os Três Mosqueteiros!" Era assim que Nair costumava chamar os três amigos: Genaro de Carvalho, Mario Cravo Jr. e Carlos Bastos, que foram os pioneiros do modernismo na Bahia. Juntos, eles enfrentaram o academicismo que dominava as artes plásticas na metade do século XX. Artistas da ruptura, eles renovaram a produção local ao criar uma nova linguagem artística, valorizando a nossa história e cultura, mas, ao mesmo tempo, propondo o diálogo com as vanguardas de outras partes do mundo. Com eles, a Bahia fez o ingresso, ainda que tardio, na modernidade. Pouco depois, e já ao lado de outros grandes nomes como Carybé, Jenner Augusto, Rubem Valentim, Lygia Sampio, e dos representantes da segunda geração de modernistas (entre os quais, encontram-se Calazans Neto, Juarez Paraíso, Hansen Bahia, Sante Scaldaferri, entre outros), Genaro e seus colegas contribuíram para a construção de uma identidade visual que, até hoje, é fortemente associada à maneira de se ver e, representar, a Bahia.


"Mário Cravo, já referido como escultor, Carlo Bastos (atualmente domiciliado no Rio) e Genaro de Carvalho foram os artistas que mais contribuíam para a relativa aceitação que a pintura moderna já conseguiu na Bahia. É claro que, apesar da distância, a obra de um Portinari, de um Burle Marx, Segall, Guignardi, ou de um Pancetti, também contribuiu de maneira ponderável. Mas nada como ver o próprio filho da terra enveredando por caminhos novos", escreveu, em 1954, o historiador e crítico de arte José Valladares, no álbum comemorativo da CIDADE DO SALVADOR - "Belas Artes na Bahia de Hoje" (Habitat Editora, São Paulo). Uma das mais importantes personalidades da cultura de nosso estado, Valladares foi o primeiro diretor do Museu de Arte da Bahia, onde iniciou a coleção de obras modernistas que marcaria o início do acervo do Museu de Arte Moderna da Bahia.


Hoje, a intenção da mostra no MAB é justamente atualizar nossa percepção sobre a obra de Genaro. A curadora da exposição faz uma provocação: "Genaro foi um grafiteiro reprimido. Não? Feche os olhos e tente imaginar, na Salvador de 1950, alguém com 22 anos, recém-chegado de Paris, e um muro com 44 metros de extensão no hotel mais chique da cidade. Agora, abra os olhos e olhe para o mural do Hotel da Bahia e imagine o seu hall cheio de plantas tropicais pintadas; hoje, infelizmente perdidas".


Para tornar essa exposição possível, com a quantidade e variedade das peças expostas, foi fundamental o apoio de amigos, colecionadores, galeristas e empresários, cujas obras, verdadeiras preciosidades, estão algumas delas pela primeira vez, acessíveis ao grande público. São peças raras que possuem mais do que um valor de mercado, um grande valor sentimental e, em alguns casos, fortes laços afetivos. Estes laços, na verdade, permeiam toda a exposição, que não aconteceria se não fosse a abnegada dedicação, a determinação e a paixão de Nair de Carvalho, que preservou ao longo de todos estes anos grande parte do acervo de Genaro e participou ativamente da organização dessa mostra.  "Há cinco anos, começou a ficar mais forte o desejo de fazer essa exposição. Foram mais de 30 anos escrevendo sua biografia, e quase 40 anos cuidando deste acervo belíssimo. Este é um grande momento", finaliza.  



SERVIÇO

Onde: Museu de Arte da Bahia - MAB (Av. Sete de Setembro, 2340, Corredor da Vitória, Salvador-BA). Tel: 71 3117-6908/6902

Quando: Abertura dia 03/12 (sexta), 19h. Visitação: até 13 de fevereiro, de terça a sexta, das 14h às 19h, fim de semana e feriado, das 14h30 às 18h30.

Quanto: Entrada Gratuita

Realização: DIMUS/IPAC/SECULT