Cultura

LIVRO "CANUDOS; NOVAS TRILHAS" PERCORRE CAMINHOS CONSELHEIRO ANTONIO

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| 21/11/2010 às 12:08
Coordenação de Roberto Nunes Dantas e Manoel Antonio dos Santos Neto
Foto: DIV

O livro "Canudos: novas trilhas" percorre caminhos antes seguidos por conselheiristas e tropas militares que travaram batalhas sangrentas nos anos de 1896 e 1897, para registrar, além de logradouros que entraram para a posteridade, lugares paradisíacos. Por sua riqueza histórica, cultural, ambiental e religiosa, a região é referenciada na publicação como qualificado atrativo turístico.


"Diria que esta visão foi propiciada pelas nossas freqüentes andanças nos sertões de Canudos, desde inícios da década de 1990, e sempre na companhia de colegas historiadores, "canudólogos" por excelência", depõe Roberto Nunes Dantas, coordenador geral da publicação, que tem lustrações e capa de Ducca Rios e projeto gráfico da Origem Comunicação e Cultura.

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            A obra publicada pela Petrobras acolhe este viés e sinaliza que o visitante interessado pode fazer uma ponte entre passado e presente e reproduzir, por exemplo, algumas das trilhas históricas palmilhadas pelas quatro expedições militares republicanas, que combateram os seguidores do peregrino Antônio Conselheiro.

A primeira destas investidas, comandada pelo tenente Pires Ferreira, é avaliada no livro em detalhes, como no informe sobre a composição da tropa, com número de oficiais (3), praças (104), guias (2) e médico (1). A tropa de Salvador, tendo partido de Salvador, desembarcou na estação férrea de Juazeiro e, desta localidade, demandou para Canudos.


            Foram aproximadamente 150 quilômetros, passando por lugares como Lagoa do Boi e as fazendas Favela, Juramento, Rancharia e Mari, até se debaterem, de surpresa, com os místicos contendores do Bello Monte, na antiga de Vila de Uauá.


Inédito


 O coordenador Roberto Dantas acredita que o trabalho de reconstituição desta e das outras trilhas atinentes as demais expedições é inédito, "sobretudo porque havia o objetivo de se produzir uma publicação acadêmica, em especial considerando-se quase todos os deslocamentos efetuados pelas tropas militares enviadas para os sertões baianos".

            O estudioso explica que o livro - que começa a ser distribuído em bibliotecas públicas, escolas, comunidades e cidades relacionadas à pesquisa da reconstituição das trilhas - reconhece o valor histórico da região e aponta para singularidades como o bioma caatinga, as imponentes serras, os bucólicos sítios permeados de lajedos e rios intermitentes. Para o historiador, o turismo apropriado para Canudos seria o de qualidade, em oposição ao quantitativo, viabilizando a presença de pesquisadores, estudiosos e curiosos nas cidades históricas.

            "História-cultura-religiosidade é o tripé básico para a concepção de um turismo a ser cuidadosamente introduzido na região", considera Roberto. Na área cultural, a proposta é a de estimular cantadores populares, zabumbeiros e tocadores de pé-de-bode, poetas e cordelistas, bandas de pífaros e de forró, ternos de reis e de ciganas, grupos de samba-de-roda, aboiadores e repentistas, violeiros e autênticas quadrilhas juninas.

Estética

"Canudos: novas trilhas" tem ilustrações e capa de Ducca Rios, projeto gráfico da Origem Comunicação e Cultura. "Atrelamos conteúdos históricos relevantes com ilustrações e formato estético propícios, porque sensíveis", detalha Roberto Dantas. A capa conta com uma imagem da capelinha edificada em 1689, por frades franciscanos, no ponto mais alto da Missão de Maçacará, uma das mais antigas do Brasil.

O livro tem o selo do projeto "Cenários e Caminhos Históricos da Guerra de Canudos - Novas Trilhas", que nasceu de pesquisa de um projeto antecedente, "A Caminho dos Sertões de Canudos", idealizado e coordenado por Dantas e por Sergio Guerra, professores/pesquisadores da Universidade do Estado da Bahia - UNEB.


SERVIÇO:

Canudos: novas trilhas

Coordenação Geral: Roberto Nunes Dantas e Manoel Antônio dos Santos Neto

Pesquisa: Roberto Nunes Dantas (trilhas/registros imagéticos), Manoel Antônio dos santos Neto (trilhas), José Carlos da Costa Pinheiro (arquivo)

Geografia /Georreferenciamento e Geoprocessamento: Rodrigo Moate Severo

Turismo/Roteiro Turístico sertanejo: Fernanda Santos Groba e Débora Menezes Miranda

Colaboradores/Consultores: Thiago Fragata (São Cristóvão, SE), Dedega Cordeiro (Monte Santo-Ba), João Felipe (canudos, Ba), Gildemar Sena (Uauá, Ba)

Projeto Gráfico: Origem Comunicação & Cultura

Ilustrações e Capa: Ducca Rios