Cultura

“AS VELHAS” ESTREIA NO TEATRO SESC-SENAC PELOURINHO

Veja
| 04/11/2010 às 19:10
Duas mulheres atravessam o sertão lutando por terra, marido e filhos, no espetáculo As Velhas, que estreia no dia 18 de novembro (quinta-feira), às 20 horas, no Teatro Sesc-Senac Pelourinho. A montagem do texto clássico de Lourdes Ramalho tem direção de Luiz Marfuz (Policarpo Quaresma, A última sessão de teatro) e, no elenco, conta com os atores Anderson Dy Souza, Andréa Elia, Cláudia Di Moura, Fernando Santana, Jefferson Oliveira, e Jussara Mathias.
 
A temporada segue de quinta a sábado, às 20 horas, até 4 de dezembro  (com exceção do dia 25 de novembro). Os ingressos custam R$14 (inteira) e R$7 (meia).  A realização é da Cardim Projetos e a produção de Kalik Produções Artísticas.
 
Contemplado com o Edital Manoel Lopes Pontes de Apoio à Montagem de Espetáculos de Teatro - 2009, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Secult - Secretaria de Cultura, o espetáculo As velhas é baseado em texto que trata de questões universais como amor, ciúme, vingança e poder que, embora persistam, "são vistas sob outros ângulos, a exemplo da virgindade, das frentes de emergência, da indústria da seca", explica Marfuz.
 
Subjetividade e humor
 
Para o encenador, o espetáculo é diferente de outras montagens que miram na temática sertaneja. O diretor diz ter imaginado que o corpo e as emoções dos atores deveriam caminhar por uma estrada subjetiva, como numa busca de resposta - sob vários  pontos de vista - à pergunta: O que tantos anos de desmando e descaso no sertão fizeram com o corpo e coração do sertanejo?
 
Além disso, a peça teatral explora a vertente cômica ou tragicômica do espetáculo, desde a raiz do texto original. Marfuz fala que acentuou "este traço na encenação: saber rir nas situações mais dramáticas; aprendi isso fazendo Beckett". Assim sendo, endossa, o riso é tão demolidor quanto a tragédia e universal para quem está no sertão ou nas geleiras.
 
Espiral de vingança
 
Mariana (Cláudia Di Moura) e Vina (Andrea Elia) se envolvem em uma espiral de vingança e solidariedade que termina por revelar a beleza trágica do sertão. Em meio às agruras da indústria da seca e do desejo feminino à flor da pele, o espetáculo mostra o contraste entre o sertão de fora e o que se esconde no interior da alma sertaneja.
 
O drama da autora potiguar apresenta o linguajar típico do falar nordestino, o que, na época de sua criação (1975), era uma novidade e uma tentativa de inserção de uma "língua" ausente dos palcos brasileiros. "Hoje a televisão explora isto ao limite, banalizando esta descoberta. Então fiz uma opção, deixando os atores falarem como eles são.
 
A encenação é centrada no ator, nas possibilidades vocais e corporais de mostrar identidade com a terra, com os animais, com as plantas, enfim, com a adversidade sertaneja. Em busca da proximidade com o público, será instalada uma estrutura cenográfica no Teatro Sesc-Senac Pelourinho, em formato de semi-arena.