Cultura

UMA BREVE HISTÓRIA DO BRASIL PARA LER DE UM FÔLEGO, POR TASSO FRANCO

VIDE
| 22/10/2010 às 11:01
Livro resumo da História do Brasil desde a colonização aos dias atuais, sem pieguismos
Foto: BJÁ

   O livro de Mary Del Priore e Renato Venancio intitulado "Uma Breve História do Brasil", Editora Planeta, 339 páginas, pontuando entre os mais vendidos nas listas de jornais e revistas nacionais é um excelente trabalho.

   Como o próprio título define trata-se de um resumo sobre os acontecimentos que marcaram a vida brasileira desde a época das navegações portuguesas na rota do Oriente, final do sécúlo XV, até os dias atuais com o governo do presidente Lula e traços do Brasil do século XXI.


   É raro um livro sobre a história do Brasil que ofereça uma visão geral de todos os movimentos nacionais, e ainda mais raro quando se tem em mãos um documento que aborda o Brasil colonial, o Império, a República Velha e a República Nova a partir de 1984, com Tancredo Neves, Sarney, Collor, Itamar, FHC e Lula.


   Normalmente os historiadores que produzem esses resumos históricos se limitam até movimentos da República Velha e redemocratização do país após a ditadura de Vargas, e não abordam os militares no poder a partir de 1964, a guerrilha, a democracia em massa e até os dias atuais.


   Evidente que existem livros específicos sobre esses temas e até análises sobre governos mais recentes, como "Honoráveis Bandidos", de Palmério Dória, sobre a personalidade José Sarney; e "Lula do Brasil, de Richard Bourne, entre outros.


   Mas, tudo num volume só de forma resumida e didática, bom de se ler, sem ufanismo e colocando os fatos em seus devidos lugares por dois professores doutores universitários em história, desapaixonados, ainda melhor para o leitor.


   Há pequenas falhas como dizer que os primeiros religiosos aportaram no Brasil com Mem de Sá, em 1549 (?) e pouco entusiasmo sobre Salvador como primeira capital da colônia e cidade. Porém, no geral, o livro é bom.


   Uma das questões abordadas com bastante precisão são a origem dos quilombos e quilombolas e o papel de Zumbi dos Palmares, sem as tintas que o movimento negro, hoje, costuma dar, e os momentos da última fase colonial com a revolução industrial inglesa que acelerou a luta contra o tráfico de escravos no Brasil, além dos movimentos de libertação que começaram a surgir, desde a Inconfidência Mineira passando pela Conjuração dos Alfaiates na Bahia, até desembocar na proclamação da independência do Brasil de Portugal, em 1822.


   Evidente que há uma relação muito forte com esses movimentos da independência a partir da instalação da Casa de Bragança no Brasil com a vinda da família Real, em 1808; a implantação do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 1815; a Revolução do Porto, em 1820; e, a partir de 1821, com o movimento constituicionalista brasileiro proclamando-se a independência de Portugal.


    Sobre as lutas pela Independência da Bahia, em 1823, os autores colocam dentro do contexto nacional enfocando também o Pará, Pernambuco, Piauí, Ceará e Rio Grande do Sul dedicando pouquíssimas linhas.

    Os méritos do Brasil como Nação se devem a Dom João VI (por graça e obra divina da invasão das tropas de Napoleão Bonaparte a Portugal, em novembro de 1807) que organizou a base até retornar a Portugal, em 1821; e a Dom Pedro I, o qual louco por mulheres e aventureiro nato, valente e impetuoso, soube manter a unidade nacional, até seu retorno a Portugal e renúncia ao trono em abril e 1831.


   Tanto isso é verdadeiro, e não essa lorota de que a Independência da Bahia consolidou a Independência do Brasil, mas apenas ajudou no processo, que o Brasil se manteve integrado com a Regência até que Dom Pedro II atingiu a maioridade, o que aconteceu no episódio chamado "glope da maioridade" vivido nos embates do movimento escravista de libertação, quase uma guerra civil, o rei assumindo o poder aos 15 anos de idade.

   O segundo Império que vai de 1840/1889 é momento venturoso e a Guerra do Paraguai e a Abolição da Escravatura têm muito a ver com a Proclamação da República.

              
    É preciso entender e estudar essa época com afinco para não menosprezar o movimento abolucionista brasileiro, hoje, tão lançado às traças pelo new-africanismo pátrio.