Cultura

CURTA DANÇA ÀS SEIS NO PELÔ APRESENTA "ODETE, TRAGA MEUS MORTOS"

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| 22/10/2010 às 15:28
Segunda, 18h, Largo Pedro Archanjo, segunda, 25
Foto: Alessanda Nohvais
 

Nesta segunda-feira (25), o projeto Curta Dança, às Seis no Pelô - Contemplado pelo edital Tô no Pelô 2009, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - apresenta o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos, interpretado pelos dançarinos Edu O. e Lucas Valentim. O evento acontece no Largo Pedro Arcanjo - Pelourinho, às 18h, com entrada franca.


Vencedor do Prêmio Festival Vivadança 2010, o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos é inspirado em um episódio vivido por Edu O. durante uma viagem à França. O dançarino explica que estava almoçando na casa de uma família tradicional quando, na hora do café, depois  de  todo  ritual  da  refeição  francesa,  a  matriarca  pediu  à  empregada:  "Odete  traga  meus  mortos!". 

A princípio Edu O. ficou assustado com o que ouvira, mas logo em seguida foi informado de que  esta era uma solicitação habitual  daquela  senhora  que  lia diariamente  a  parte  de  óbitos  do jornal  enquanto  tomava  seu  cafezinho, a fim de saber se algum conhecido havia falecido e de observar a forma como o obituário foi escrito, sempre discordando e dizendo que não queria o seu daquele jeito.


Assim, um fato aparentemente  triste  tornava-se o momento mais  engraçado do dia da família, que passava a relembrar histórias e pessoas. A morte perdia a carga de sofrimento, cedendo espaço para lembranças de  vidas  cheias  de  experiências.  Para  aquela senhora,  o  falecimento  do  outro  possibilitava  a  reflexão  sobre  sua  própria existência: "A  partir  desse  fato, eu construí o espetáculo, junto com o coreógrafo e dançarino Lucas Valentim, refletindo sobre os  ritos  de passagem,  o  partir, a ausência,  a presença, o  lugar  do  outro  em  nossas  vidas e  nossos  mortos (pessoas e situações passadas) marcando nossos corpos e nosso estado de espírito. A  morte  em  Odete,  Traga  Meus  Mortos representa,  portanto,  essas ausências de pessoas, lugares, situações e objetos", explicou Edu.O. 


SÍMBOLO DA TRANSFORMAÇÃO

Apesar de a morte ser um tema complexo, sempre carregado de peso e de tristeza,  principalmente  para  a  cultura  ocidental, o espetáculo  Odete,  Traga  Meus  Mortos visa mostrá-la como símbolo de transformação e de possibilidade de recomeço: "o fim é na verdade apenas um  ceder espaço para algo novo que bate à porta,  sem  foice e sem corda", explica Edu O., que complementa: "é para falar das pequenas mortes diárias, inevitáveis e necessárias, que eu e Lucas nos juntamos, inspirados pelo episódio da família francesa, para refletir  sobre  a  necessidade  daquela  senhora  contatar  com  "seus mortos" para refletir sobre a vida.

Com duração de aproximadamente 40 minutos e trilha sonora executada ao vivo por Somdoroque, o espetáculo traz uma coreografia ancorada na dualidade  de  papéis/funções  entre  os  dois dançarinos e é marcado por uma dramaturgia corporal que transita entre humor e lirismo, com certa dose de improvisação em cena. Música,  luz,  espaço e  dança  irão  interagir  para  dar  significado ao espetáculo,  expondo situações  de  emoções,  de  dramaticidade  e  de  humor. 


Sobre Curta Dança, às Seis no Pelô


Desde a primeira segunda-feira de outubro (04), o projeto Curta Dança, às Seis noPelô - contemplado pelo edital Tô no Pelô 2009, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - está transformando o Pelourinho em palco para uma série de espetáculos de dança com alguns grupos representativos desta expressão artística na capital baiana. O projeto estreou com os dançarinos Leandro de Oliveira e Rafael de Oliveira Neto, com o espetáculo Trilhas Urbanas. Na segunda-feira seguinte (11), foi a vez de Majú Passos e Marcelo Galvão subirem ao palco e apresentarem Dois Gumes e, no dia 18, o Grupo de Dança Contemporânea (GDC) apresentou o espetáculo inédito Pop-Up: Ventana 1. Durante as próximas semanas, o Curta Dança, às Seis no Pelô vai realizar mais três apresentações, sempre às segundas-feiras (25 de outubro e 01 e 08 de novembro), às 18h, no Largo Pedro Arcanjo - Pelourinho, com entrada franca.

Idealizado pela Mazurca Produções, o Curta Dança, às Seis no Pelô é o único projeto envolvendo esta expressão artística contemplado no referido edital e visa fortalecer o espaço para produção e circulação desta linguagem artístico-cultural na capital baiana. Além disso, o projeto vem realizando um trabalho de formação de plateia junto à comunidade do Pelourinho, através de visitas a ONGs, instituições, escolas e fundações.

Todos os grupos convidados a fazer parte do Curta Dança, às Seis no Pelô surgiram na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA). São eles: Mazurca Criações com os espetáculos Dois Gumes e Interações; o Grupo de Dança Contemporânea (GDC), que apresentará o espetáculo inédito Pop-Up; o Bamberg Cia de Dança, trazendo Benção; os dançarinos Leandro de Oliveira e João Rafael Neto, com Trilhas Urbanas; e a dupla Edu O. e Lucas Valentim com o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos.


Mazurca Produções

Fundada em 2006, a Mazurca Produções é uma empresa soteropolitana especializada em produção cultural que fomenta a cultura baiana nas suas diversas áreas, com destaque para dança, música e artes visuais.


Serviço:

O quê: Curta Dança, às Seis no Pelô
Espetáculo: Odete, Traga Meus Mortos