Nesta segunda-feira (25), o projeto Curta Dança, às Seis no Pelô - Contemplado pelo edital Tô no Pelô 2009, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - apresenta o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos, interpretado pelos dançarinos Edu O. e Lucas Valentim. O evento acontece no Largo Pedro Arcanjo - Pelourinho, às 18h, com entrada franca.
Vencedor do Prêmio Festival Vivadança 2010, o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos é inspirado em um episódio vivido por Edu O. durante uma viagem à França. O dançarino explica que estava almoçando na casa de uma família tradicional quando, na hora do café, depois de todo ritual da refeição francesa, a matriarca pediu à empregada: "Odete traga meus mortos!".
A princípio Edu O. ficou assustado com o que ouvira, mas logo em seguida foi informado de que esta era uma solicitação habitual daquela senhora que lia diariamente a parte de óbitos do jornal enquanto tomava seu cafezinho, a fim de saber se algum conhecido havia falecido e de observar a forma como o obituário foi escrito, sempre discordando e dizendo que não queria o seu daquele jeito.
Assim, um fato aparentemente triste tornava-se o momento mais engraçado do dia da família, que passava a relembrar histórias e pessoas. A morte perdia a carga de sofrimento, cedendo espaço para lembranças de vidas cheias de experiências. Para aquela senhora, o falecimento do outro possibilitava a reflexão sobre sua própria existência: "A partir desse fato, eu construí o espetáculo, junto com o coreógrafo e dançarino Lucas Valentim, refletindo sobre os ritos de passagem, o partir, a ausência, a presença, o lugar do outro em nossas vidas e nossos mortos (pessoas e situações passadas) marcando nossos corpos e nosso estado de espírito. A morte em Odete, Traga Meus Mortos representa, portanto, essas ausências de pessoas, lugares, situações e objetos", explicou Edu.O.
SÍMBOLO DA TRANSFORMAÇÃO
Apesar de a morte ser um tema complexo, sempre carregado de peso e de tristeza, principalmente para a cultura ocidental, o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos visa mostrá-la como símbolo de transformação e de possibilidade de recomeço: "o fim é na verdade apenas um ceder espaço para algo novo que bate à porta, sem foice e sem corda", explica Edu O., que complementa: "é para falar das pequenas mortes diárias, inevitáveis e necessárias, que eu e Lucas nos juntamos, inspirados pelo episódio da família francesa, para refletir sobre a necessidade daquela senhora contatar com "seus mortos" para refletir sobre a vida.
Com duração de aproximadamente 40 minutos e trilha sonora executada ao vivo por Somdoroque, o espetáculo traz uma coreografia ancorada na dualidade de papéis/funções entre os dois dançarinos e é marcado por uma dramaturgia corporal que transita entre humor e lirismo, com certa dose de improvisação em cena. Música, luz, espaço e dança irão interagir para dar significado ao espetáculo, expondo situações de emoções, de dramaticidade e de humor.
Sobre Curta Dança, às Seis no Pelô
Desde a primeira segunda-feira de outubro (04), o projeto Curta Dança, às Seis noPelô - contemplado pelo edital Tô no Pelô 2009, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia - está transformando o Pelourinho em palco para uma série de espetáculos de dança com alguns grupos representativos desta expressão artística na capital baiana. O projeto estreou com os dançarinos Leandro de Oliveira e Rafael de Oliveira Neto, com o espetáculo Trilhas Urbanas. Na segunda-feira seguinte (11), foi a vez de Majú Passos e Marcelo Galvão subirem ao palco e apresentarem Dois Gumes e, no dia 18, o Grupo de Dança Contemporânea (GDC) apresentou o espetáculo inédito Pop-Up: Ventana 1. Durante as próximas semanas, o Curta Dança, às Seis no Pelô vai realizar mais três apresentações, sempre às segundas-feiras (25 de outubro e 01 e 08 de novembro), às 18h, no Largo Pedro Arcanjo - Pelourinho, com entrada franca.
Idealizado pela Mazurca Produções, o Curta Dança, às Seis no Pelô é o único projeto envolvendo esta expressão artística contemplado no referido edital e visa fortalecer o espaço para produção e circulação desta linguagem artístico-cultural na capital baiana. Além disso, o projeto vem realizando um trabalho de formação de plateia junto à comunidade do Pelourinho, através de visitas a ONGs, instituições, escolas e fundações.
Todos os grupos convidados a fazer parte do Curta Dança, às Seis no Pelô surgiram na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia (UFBA). São eles: Mazurca Criações com os espetáculos Dois Gumes e Interações; o Grupo de Dança Contemporânea (GDC), que apresentará o espetáculo inédito Pop-Up; o Bamberg Cia de Dança, trazendo Benção; os dançarinos Leandro de Oliveira e João Rafael Neto, com Trilhas Urbanas; e a dupla Edu O. e Lucas Valentim com o espetáculo Odete, Traga Meus Mortos.
Mazurca Produções
Fundada em 2006, a Mazurca Produções é uma empresa soteropolitana especializada em produção cultural que fomenta a cultura baiana nas suas diversas áreas, com destaque para dança, música e artes visuais.
Serviço:
O quê: Curta Dança, às Seis no Pelô