Cultura

BOA MORTE É TEMA DE LIVRO DO IPAC

Veja
| 13/10/2010 às 17:11

Até final de novembro (2010) será lançado o livro Festa da Boa Morte que trata da irmandade religiosa existente em Cachoeira (BA) desde início do século 19 e formada, historicamente, por mulheres negras e mestiças. Com 120 páginas, a publicação traz o resultado das pesquisas do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) que fundamentaram o registro da festividade como Patrimônio Imaterial da Bahia, ocorrida via decreto do governador Jaques Wagner publicado no Diário Oficial do Estado em junho deste ano.
 
Estudos histórico-antropológicos, entrevistas, iconografias, bibliografias, pesquisas em jornais e texto exclusivo do renomado antropólogo e museólogo Raul Lody, são atrações do livro aguardado por estudantes, professores, pesquisadores universitários e apreciadores dessa manifestação cultural. Festa da Boa Morte será a segunda publicação da coleção Cadernos do IPAC que já lançou, também, Pano da Costa em abril deste ano, que trata dessa indumentária que foi o principal produto africano exportado e consumido na Bahia nos séculos 18 e 19.
 
"A coleção Cadernos do IPAC reúne trabalhos de especialistas da instituição que tem no seu regimento o dever de promover a produção científica com a qual trabalha e colaborar na formulação de políticas de educação patrimonial, e esses livros já são produtos educativos e de difusão cultural", explica o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça. O dirigente destaca ainda a parceria com a Fundação Pedro Calmon, responsável pela revisão e editoração das obras. Ambos os órgãos são vinculados à secretaria estadual de Cultura (SecultBA). Na primeira tiragem serão impressos três mil exemplares, enriquecidos com dezenas de fotografias e um documentário especial em DVD encartado no volume, com imagens da festa, depoimentos de historiadores e  das irmãs da Boa Morte.
Para o gerente de Pesquisa Legislação Patrimonial do IPAC, que coordenou o projeto, Mateus Torres, o livro fortalece o reconhecimento oficial do Governo da Bahia pela manifestação religiosa que, além da sua relevância cultural e mística, estimula o turismo e o diálogo internacional na região, com visitas anuais de centenas de pesquisadores e turistas de todo o mundo.
 
A irmandade sempre teve por devoção Nossa Senhora e buscava resgatar mulheres negras da escravidão, pagando cartas de alforria, oferecendo proteção e facilitando a fuga de escravos para os quilombos. Segundo estudiosos, a irmandade pode ser até do século 18, já que as pesquisas do IPAC garantem que já em 1820 a irmandade estava na cidade de Cachoeira, vinda de Salvador, fugindo do general Madeira de Mello que perseguia as irmandades negras na capital baiana. "Para reforçar mais a dimensão cultural desse importante evento, a festa acontece em uma cidade decretada, desde 1971, como Patrimônio Nacional, além de ser sede da Universidade Federal do Recôncavo que até 2011 deve ter mais de dois mil alunos de artes e cultura", diz Torres.
 
O livro será distribuído gratuitamente em escolas das redes de ensino estadual e municipal, universidades, bibliotecas e entidades culturais. Depois da Festa da Boa Morte, a série Cadernos do IPAC lançará edições sobre o Carnaval de Maragojipe, Desfiles de Afoxés e Festa de Santa Bárbara. Mais informações na Gepel/IPAC através do Tel. 3116-6741.

Assessoria de Comunicação - IPAC - em 04.10.2010Jornalista responsável Geraldo Moniz (1498-MTBa) - (71) 8731-2641Texto: jornalistas Ronaldo Macedo e Geraldo Moniz ASCOM/IPAC: (71) 3116-6673, 3117-6490, ascom@ipac.ba.gov.br. Acesse: www.ipac.ba.gov.br