O Movimento Virada Cultural reúne mais de cinquenta atrações de várias linguagens, entre artistas e grupos, pela preservação do Teatro Jorge Amado (Pituba). A maratona de apresentações gratuita acontece nesta sexta-feira, dia 18 de junho, começando às 10h da manhã e com promessa de varar a madrugada do sábado. Tudo para que participantes, incluindo o público, possam assinar uma lista de presença em apoio ao espaço cênico da Pituba.

 "Estamos nos aproximando do dia de entrega do TJA à Desenbahia. Embora estejamos negociando com ela e com a Secretaria de Cultura do estado da Bahia uma condição especial de funcionamento até dezembro, respeitando sua pauta, o imóvel irá a leilão a qualquer tempo e logo será público que se trata de um leilão aberto a qualquer participação", explica a diretora da casa de espetáculo, Fernanda Tourinho.

A venda em leilão significa que o teatro corre o risco de desaparecer caso o adquirente não tenha interesse em mantê-lo como equipamento cultural. O movimento dá corpo a personalidades que têm um posicionamento, mas não tinham como se expressar publicamente. A idéia que aglutina os manifestantes é sensibilizar órgãos públicos e privados, para que seja pensado um modelo de gestão viável, que possa garantir o equipamento.    

"Imaginamos que empresários, por exemplo, pudessem se sensibilizar com a situação, compondo uma associação de amigos do teatro, nos moldes do Theatro Municipal do Rio de Janeiro", vislumbra a também produtora Fernanda, temerosa diante da possibilidade do espaço cênico baiano ser demolido. Para a administradora, o Teatro Jorge Amado ocupa uma lacuna, pois é uma casa comercial de médio porte com uma caixa cênica com grande qualidade.

Programação

Manhã - 10 h - Projeto Axé (Banda Axé e Axebuzú)

Tarde -  13 h - Projeto Axé (Capoeira e Axebuzú)

               14 h - Cia de Dança JKL  

   14h30 - Grupos teatrais Estudantis   15 h - Amilcar Ibarra - AMÍ (mímico)

               15h30 - Gil Santana  16 h BTCA

Noite -  18h/Sarau Cultural - Clube dos Hienas, Debora Moreira, George Mascarenhas

             18h30 BTCA 

             19h - Ronco da Madrugada , Orkestra Rumpilezz , Alexandre Leão

             19h30 BTCA 

             20h - Toni Duarte  

             20h30 - Tenison Del Rey , Gerson Guimarães, Paulo Vascon, Gerônimo, Daniela Tourinho, Xangai, Diogo Lopes, Beto Mettig, Zeca Abreu, Aninha Franco, Rita Assemany, Fernando Guerreiro, Residentes do Teatro Vila Velha, Vivianne Laert, Marianna Freire, Iara Colina, Marcia Andrade, Divina Valéria, Dino Brasil, Paula Hazin, Bubba de Campos, Marcos Balena, Marcelo Moacyr, Ana Paula Albuquerque, Gil Vicente, Evelin B., AC Costa, Rui Manthur, Karina de Farias, Deco Simões, Arte Sintonia, Mabel Danneman, João Figuer, Daniel Becker, Tereza Costalino, Andreia Elia, André Becker

Presenças confirmadas:

Deolindo Checcucci (diretor  teatral), Fernando Guerreiro (diretor teatral), Clécia Queiroz (atriz, cantora), Gerônimo (cantor/compositor), Renato Piaba (humorista), Luis Miranda (ator), Janaina Costa (produtora), Edd Bala (ator), Edna Pereira (produtora), Eliana Pedroso (bailarina/produtora), Cortejo Afro, Marlúcia Moraes (produtora), Marília Gil (produtora), Fabíola Mansur (Médica), Angelo Davi (empresário), Célia Aguiar (fotógrafa), Carlos Amorim (IPHAN), Fernando Oberlaender (artista plástico/produtor), Selma Santos (produtora), Ricardo Carvalho (professor/ator), Margot Azevedo (empresária/produtora), Grupo Oração Pela Arte (OPA), Escola de Pais do Brasil, Fred Soares (produtor), Tereza Sales e Heron Maia (produtores), Dalmo Peres (produtor), Lia Robatto (dançarina), Kalila Pinto (escritora/atriz), Monica Brandi (produtora), Virgínia Da Rin (produtora), Milena Leão (produtora), Paulo Atto (diretor teatral/produtor), Vadinha Moura (diretora de teatro/atriz/produtora), Ildázio Tavares (dramaturgo/poeta), Fernando Marinho (Sated), Edu Fagundes (ator/dançarino), Dep. Javier Alfaya

HISTÓRICO

De 1997, ano de sua inauguração, que contou com a presença dos três grandes amigos, Jorge Amado, Calasans Neto e Caribé, até 2009, o TJA realizou 3.764 apresentações de eventos culturais e recebeu um público de 1.017.729 pessoas. Somente em 2009 foram 373 apresentações no espaço que conta com varas móveis, pé direito altíssimo, ciclorama e uma acústica que permitiu, ao longo desses anos, inúmeras gravações de CD e DVD dos mais variados artistas, além da preferência de muitos espetáculos cênicos de qualidade vindos de outras praças.

"O Teatro Jorge Amado trouxe ao público de Salvador a possibilidade de assistir a temporadas de espetáculos em tournée nacional para além de um único final de semana no TCA", destaca a diretora Fernanda Tourinho. "E também possibilitou aos artistas locais a permanência em cartaz por alguns meses, contribuindo assim para a profissionalização de produtores, diretores, atores e técnicos baianos, que antes disputavam pautas mínimas na Sala do Coro e no Teatro ACBEU (hoje também fechado)", conclui.

Atrações locais - Vários espetáculos baianos cumpriram longas temporadas no Teatro Jorge Amado, a exemplo de Os Cafajestes, Volpone, O Vôo da Asa Branca, Vixe Maria Deus e Diabo na Bahia, O Indignado, Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, Bolero, Na Bagunça de Seu Coração, Lábaro Estrelado, Bodas de Sangue, Dom Casmurro, Esperando Godot, Mulher Popular Brasileira, Bastidores do Carnaval, Eternamente Braguinha, Divorciadas, Evangélicas e Vegetarianas, Como Raul Já Dizia.

A lista ainda inclui Nada Será Como Antes, Setembrina, Comédia do Fim, A Falha, 1,99 , E Aí, Comeu? , Álbum de Família, Atire a Primeira Pedra, A Bofetada, Intimidades Sem Censura, A Princesa e o Únicornio, História Cantada, Abismo de Rosas, Pluft o Fantasminha, Do Outro Lado do Muno, O Mágico de Nóis, Um Dia Um Sol, Na Lua, na Rua, na Sua, O Mágico de Oz, Histórias Mimadas, O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, O Lixo é um Tesouro,  Pedro e a Cobra de Fogo, O Mistério de Feiurinha.

A casa também recebeu muitos shows e eventos culturais como as várias edições do projetos Terça do Jazz, Viva Voz, Nossa Língua Portuguesa - o Baianês (produção do TJA) e também shows memoráveis de Saul Barbosa, Noeme Bastos, Rebeca Mata, Margareth Menezes, Roberto Mendes e convidados, Alexandre Leão, Gerônimo e Luiz Caldas em temporada. Mariene de Castro, Vânia Abreu e Vanessa da Mata tiveram pauta no espaço, antes de assumirem grandes shows no TCA. "E a Orkestra Rumpilezz fez do palco sua casa durante 6 meses em 2009", contabiliza Fernanda.

Montagens do país - Dos muitos espetáculos de outros estados que investiram em temporada no TJA podem ser citados O Ignorante, de Pedro Cardoso, Vau da Sarapalha (PB), Volúpia (RJ), A.M.I.G.A.S de Luana Piovani, As Sereias da Zona Sul, de Miguel Falabela, O Grelo Falante, Chico Anysio, Doce Deleite, com Reinaldo Gianechinni, Parem de Falar Mal da Rotina, com Elisa Lucinda,  Bonifácio Bilhões, com Benvindo Siqueira e Jorge Dórea,  Rossicléia, da comediante cearense, 7 Conto, de Luís Miranda. Juca Chaves figura entre os artistas que fizeram temporadas no teatro.

O Teatro Jorge Amado firmou-se como opção de lazer cênico a uma população que estava mais distante do centro da cidade, inclusive à região metropolitana do litoral Norte. Tornou-se referência entre as escolas de ensino fundamental e médio que passaram a investir mais nos espetáculos amadores de seus alunos, desenvolvendo neles o gosto pelas artes cênicas e a criatividade. Possibilitou a retomada dos "projetos a Escola Vai ao Teatro", ampliando o mercado para as produções de espetáculos infantis locais e formando entre crianças da pré-escola os futuros fruidores de arte dramática.

O espaço também foi utilizado para que seminários e eventos corporativos pudessem agregar espetáculos teatrais a suas realizações, ampliando mais uma vez o mercado dos artistas profissionais da Bahia. E finalmente pode manter a tradição dos eventos anuais das escolas e companhias de dança locais, que passaram a investir em espetáculos cada vez mais caprichados para a apresentação de seus alunos.