Assim como as protagonistas do seriado americano Sex and the city, as
autoras do livro Homem é tudo palhaço! (Editora Desiderata) - Ana Paula
Mattos, Nara Franco e Roberta Carvalho - têm o poder nas mãos. Munidas do
faro aguçado para mentiras e cansadas do número repetitivo e já previsível
dos homens-palhaços, especialmente em se tratando da falta de tato e
habilidade na hora da conquista, elas dominam o picadeiro.

Tudo começou a partir de uma brincadeira entre amigas de denunciar os tropeços e vacilos "por vezes absurdos e hilários" dos homens ao lidarem com o sexo oposto:
"Parece que deu um defeito coletivo na espécie macho-alfa. É um tal de
marcar e não aparecer, de prometer e não cumprir, de dar pânico quando a
situação exige apenas "bom dia, quer um café?"

O livro surgiu a partir de um blog homônimo lançado em 2002 onde as
autoras (que se auto-intitulam "donas do circo") relatavam suas experiências
desastrosas com homens, buscando achar graça na desgraça e solidarizando-se
umas com as outras numa espécie de sessão de rodada de chopp virtual regada
a muito bom humor e alto-astral. "Percebemos que não tínhamos uma antena
cósmica que atraísse todo e qualquer tipo de bizarrice humana. Palhaços
estão por todos os lados e em todos os cantos", afirmam.

O blog, que passou a receber contribuições de mulheres de todo o país, foi aos poucos ganhando fama e popularidade, sendo citado em matérias de jornais, revistas,
programas de TV e sendo premiado em 2009 com o terceiro lugar entre os cem
melhores blogs brasileiros no ranking do website Autenticidade Top 100.

ILUSTRAÇÕES

Homem é tudo palhaço!, que conta ainda com as ilustrações de Mauro
Souza, traz textos inéditos e alguns selecionados a partir de relatos de
experiências vividas pelas autoras e suas amigas postados durante todos
esses anos na página virtual. Em capítulos como Minhas sinceras
cambalhotas, O famoso numero do desaparecimento e Palhaços na pista,
elas buscam identificar as armadilhas de discurso dos homens comprometidos,
traçar um panorama das inúmeras técnicas possíveis de abordagem,
diagnosticar os diferentes níveis da palhaçada masculina e atentar suas
leitoras para quando estão sendo enroladas e ludibriadas por Bozo e seus
companheiros de ofício.

Separado em verbetes, o livro é repleto de pérolas reflexivas (como
"Se um homem fala forte e firme, tem caráter. Se uma mulher fala forte e
firme, é histérica. Se um homem chora, é sensível. Se uma mulher se
emociona, é descontrolada"), e, no divertido Dicionário Palhaço,
classifica os inúmeros tipos de palhaços existentes, tais como o Palhaço
Vovô-Garoto (“nem todo mundo nasceu pra ser Evandro Mesquita né? Tem homem
que com 40 ainda acha que tem 20”) e o Palhaço Chef (sua arte é te
cozinhar: ele te deixa em banho-maria, coloca molho, refoga, assa, frita,
coloca sal e pimenta, mas comer que é bom... nada!).

Homem é tudo palhaço! é, assim, um divertido registro dos encontros
"e, principalmente, desencontros" nos relacionamentos de hoje em dia,
dando uma bem-vinda revisitada no notório e eterno problema de comunicação
entre homens e mulheres. O jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, que
assina o prefácio, confirma: "Somos, homens e mulheres, todos, um grande
bando de palhaços dando cambalhotas na cama, rodando a baiana na vara de
família e gritando no meio da noite, no ouvido do respeitável público, a
quem não vamos trais nunca mais e com quem agora a relação vai ser para
valer. Vamos ter dois filhos, vamos fazer sexo quatro vezes por semana e, da
mesma maneira que pedíamos a benção aos pais quando crianças, vamos dizer eu
te amo, mon amour, meu bem ma femme".