Cultura

A NOVA GERAÇÃO DE ARTISTAS VISUAIS NA CENA CULTURAL, POR LIGIA AGUIAR

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| 06/05/2010 às 17:10
Uma árvore dentro do Palácio da Aclamação, a história, a transição
Foto: Carlito Carvalhosa

  Tendência do momento e reduto virtual preferido entre os internautas, as redes sociais estão cada vez mais disputadas: twitter, Facebook, Orkut, Linked, e outras mais.


  Os políticos estão felizes por essa nova janela de comunicação para fazer suas propagandas. As antenas estão ligadas desde que apareceu essa providencial forma de arrebanhar eleitores. Haja políticos navegando nas ondas magnéticas!   


  Por outro lado, artistas e profissionais, principalmente, da área cultural, trocam idéias e discutem assuntos de relevância, num ambiente cordial e de camaradagem. 

   Encontram pessoas perdidas nas teias do tempo; fazem novos amigos; recebem os mais variados convites. Um ponto de interesse comum a todos é a troca de informações e conhecimentos, principalmente no que diz respeito ao fazer artístico.


  Mesmo assim, como em qualquer outro espaço, há os desagregadores e oportunistas virtuais, que se escondem atrás de um PC. O melhor a fazer é acionar a tecla que vai manter você longe desse tipo de investida: delete.


  Falando em cultura, o Palácio da Aclamação, que serviu de residência oficial para antigos governadores do estado, e onde nos faustos tempos aconteciam elegantes saraus, nestes dias, amanheceu descaracterizado: imensos troncos de madeiras e uma árvore viva atravessam seus salões. Sinal dos tempos.


  Essa é a proposta de intervenção artística do paulista Carlito Carvalhosa, chamada de Roteiro para Visitação. Troncos de madeira e uma árvore Aroeira suspensos rasgam o interior do Palácio, hoje transformado em museu.


  Carvalhosa, autor do site specifc - trabalho artístico planejado especialmente para um determinado local - explica "O trabalho é desenvolvido a partir de um material que já foi árvore, adquire a função cultural de poste, costuma passar anos na paisagem sem que se note sua presença e, depois, fica inutilizado. Ao ser colocado dentro do edifício, ele traz toda essa trajetória, um passado que entra em choque com a história do palácio, também em processo de transição", pondera o artista. É ver para crer.


  Já no Palacete das Artes Rodin, um az das lentes refinadas recebe uma homenagem póstuma, pra lá de sensível. As fotos de Mariozinho Cravo em preto e branco, de amigos e familiares, são realmente de tirar o fôlego. São imagens amorosas de pessoas queridas, que assumem o lugar privilegiado de peças clássicas do artista.


  O espaço chamado de canto da casa reproduz parte do atelier do fotógrafo, com objetos pessoais e de trabalho, montagem interessante que reforça a onipresença do artista.


  De mansinho, a nova geração de artistas plásticos chega com garra e determinação na cena cultural baiana.


  Pedro Marighella é um deles. Sabe o que quer. Apresenta um trabalho diferenciado e demonstra a sua capacidade técnica e criativa. Faz sua primeira individual intitulada Ocupação Gráfica Mata, na galeria Acbeu, na Vitória.


  São Desenhos em grande dimensão, numa representação da multidão que se instala em todo percurso carnavalesco, feitos com caneta tipo marcador, realizados diretamente nas paredes da galeria. Essa ilustração tem caráter efêmero. Ao término da mostra os desenhos serão apagados.


  Segundo o artista, "mato seria um tipo de vegetação ou a designação de uma circunstância social entre seres vivos?"


  A mostra é fruto de uma longa pesquisa e observação de vídeos sobre a festa, e faz refletir sobre a violência e o medo que se instaurou na sociedade. 


  Ocupação Gráfica Mata, fica em cartaz até 08 de maio, na galeria  Acbeu, no corredor da Vitória. Muito boa de ser ver.


  Em São Paulo, o frio está castigando, mas a cidade fervilha com uma vasta programação cultural.


  Enquanto isso, o curador Moacir dos Anjos, da 29ª Bienal de São Paulo, anuncia que os líderes do grupo que invadiu e pichou o andar vazio da 28ª Bienal vão participar da edição deste ano, em setembro, com credencial de artista.


  Acusados de vandalismo e terrorismo pela curadoria da edição de 2008, o ato culminou com a prisão da pichadora Caroline Pivetta.


  A questão é que o "pixo" é uma forma de expressão considerada marginal e transgressora, só funciona nas ruas e em locais proibidos. Quer a Bienal, ao tirar o pixo da rua domesticar os pixadores? Ou expiar seus pecados?


  A meu ver, ao consentir a entrada deles na Bienal, entre outras questões, eles não serão mais os mesmos. Daí poderá surgir um novo movimento na arte, e nascer uma nova expressão para denominar essa new art. Com a chegada da primavera saberemos...