Cultura

MOSTRA HANSEN BAHIA 95 ANOS ABRE NESTA SEGUNDA FEIRA EM SÃO FÉLIX

vide
| 19/04/2010 às 12:19
Hansen e Ilsen na cerimônia de casamento
Foto: Arquivo
Em São Félix, na casa onde o artista alemão Hansen Bahia viveu os últimos
anos de sua vida ao lado da esposa Ilse Hansen, será possível conferir a
partir de hoje, às 17 horas, todas as xilogravuras, matrizes e pinturas que
foram restauradas em 2009 através de um investimento da Embaixada da
República Federal da Alemanha no Brasil.

Na exposição “Hansen Bahia 95
anos”, que aconteceu no ICBA (Instituto Cultural Brasil-Alemanha) até 3 de
abril, apenas as obras de Hansen foram expostas, mas agora, no dia em que
Hansen completaria 95 anos de idade, o público vai poder conferir também as
obras restauradas de Mario Cravo, Carybé, Genaro e de um artista etíope
(desconhecido), além de todos os objetos que fazem parte da intimidade do
artista alemão e do acervo da Fundação Hansen Bahia”, explica a curadora da
exposição “Hansen Bahia 95 anos – parte 2”, Lêda Deborah. A exposição segue
até março de 2011.

Segundo o coordenador executivo da Fundação, Raimundo Vidal, o investimento
de R$ 85 mil para restauração das obras da casa de Hansen corresponde ao
segundo patrocínio do Governo Alemão à Fundação Hansen Bahia nos últimos 20
anos. Na década de 90, também com a intervenção do Consulado da Alemanha na
Bahia, aquele país contribuiu com aquisição de computador, construção da
reserva técnica de São Félix, restauro e emolduramento de obras para
exposição. “No dia a dia da Fundação, vale destacar, é o Governo do Estado
da Bahia, através do Fundo de Cultura, que mantém viva a memória e conserva
o acervo do artista plástico alemão mais respeitado na Bahia”, destaca
Vidal.

A Fundação Hansen Bahia possui aproximadamente 12 mil peças de Hansen Bahia,
mil de Ilse Hansen, além de muitas assinadas por outros artistas, os quais
faziam parte do acervo pessoal do artista alemão. No total, são 13 mil obras
de arte. Somando-as aos objetos (ferramentas de trabalho do artista,
mobiliário e acessórios, dentre outros), o acervo total dos dois museus (o
de São Félix e o de Cachoeira) está estimado em 18 mil peças.



Artista alemão

O período de iniciação artística de Hansen Bahia coincidiu com o
desenvolvimento da gravura alemã e com o começo de vários movimentos
artísticos importantes na Europa, a exemplo do expressionismo, ao qual foi
fiel em sua produção. Autodidata na técnica que lhe garantiu sucesso
internacional, Hansen talhava a madeira com precisão e perfeição partilhada
por poucos.

Em 1950, deixou a Alemanha e veio conhecer o Brasil. Em São Paulo, trabalhou
como artista gráfico. Cinco anos mais tarde, mudou-se para a Bahia, onde
viveu e produziu intensamente. A paixão pelo estado fez com que o gravador,
depois de conquistar reconhecimento internacional, incorporasse o nome da
terra e assumisse a assinatura Hansen Bahia.

Amante da nova terra, Hansen Bahia não se contentou apenas em naturalizar-se
brasileiro. Doou à Bahia, especificamente à cidade de Cachoeira as obras
relevantes do seu acervo e criou a Fundação Hansen Bahia, através de
testamento, em abril de 1976. Apenas dois meses depois de inaugurar a
primeira sede da fundação, o artista faleceu no dia 14 de junho de 1978,
deixando para a Bahia o seu legado mais valioso: um enorme acervo de obras
de arte e trinta livros publicados.