Cultura

O LOBISOMEM CARNAVALESCO COMO DICA PARA 2011, POR TASSO FRANCO

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| 02/03/2010 às 10:22
Bem que falei! Está aí Lady Gala, em Londres, com seu modelito lobisômico
Foto: EGO

Está em cartaz em alguns cinemas de Salvador o filme O Lobisomem (The Wolfman, EUA, 2010) com Benício Del Toro no papel do lanzudo e Emily Blunt como a donzela que se apaixona pelo pé-de-cabra, por seu lado animalesco, selvagem, com o diretor Joe Johnston tentando reviver o terror gótico que funde horror a paixão e atrai tanto a imaginação de autores em todo mundo, especialmente na Europa onde também brotaram Drácula, Frankentein e o Médico e o Monstro, entre outros bastante conhecidos.


Em tempos de palpites carnavalescos para 2011, o professor Jaime Sodré já sugeriu o nome de Lazzo Matumbi para ser o Rei Momo com o epíteto de "El Magnífico", muito justo por sinal, fica aqui a dica para nossos artistas e compositores sobre o personagem lobisomem, o qual, embora com ancestralidade européia é uma figura bastante conhecida dos brasileiros e diz-se que, em cada cidade baiana há, pelo menos, um lobisomem.


Eu mesmo conheço o lobisomem de Serrinha e seus descendentes, uma vez que meu avô Joniniano Alves Franco, certa ocasião, lá pelos idos de 1950, lutou com um deles para evitar furtos de suas galinhas, sendo ferido no braço, zunhado, e tendo que ser curado com mastrúcio pisado com infusão de leite. E meu avô só se salvou porque um cachorro peduro que criava, de nome Diamante, agarrou na pata do demo e ele se sentiu acuado e fugiu.


Na imaginação fabulosa há também um lobisomem em cada homem, esse lado selvagem, machão, e comenta-se que Dourado do BBB10 personifica esse exemplar. Vê se Carlito Tevez, que aqui jogou no Corinthians e está no futebol inglês, não tem a forma de lobisomem! Não diria que é igual porque o lobisomem que conheço, lá da Serra, é mais simpático do que ele e mora embaixo do Pontilhão da Bomba, uma passagem da estrada de ferro, este descendente direto do que entrou em luta corporal com meu avô.


Ora, o Carnaval é sátira pura, irreverência, brincadeira. Neste 2010 o destaque para esse tipo de glosa carnavalesca deu-se com um personagem do Chapeuzinho Vermelho, o Lobo Mau na versão da Banda O Báck, que é uma figura do medievo alemão catalogada pelos irmãos Grimm, no século XIX e que se tornou popular em todo mundo ocidental com diferentes versões e até com tradução de lobo bom, de João Gilberto em bossa nova.


O lobisomem, portanto, é um prato apetitoso para os compositores porque envolvem a fantasia, o horror, donzelas, carneirinhos, galinhas, raposas, cruz e tudo mais e existe uma representação estética fabulosa permitindo fantasias variadas, máscaras, adereços e assim por diante. Já imaginaram uma das nossas estrelas da música axé vestida num lobisomem "fashion" com uma boa música de ancoragem? É sucesso na hora porque permite a charge, a troça, a movimentação de indústria carnavalesca e assim por diante.


O Carnaval de Salvador tem se pasteurizado nas últimas décadas. Raramente sai uma sátira do tipo Lobo Mau. São sempre grupos empacotados vestindo abadás e raras máscaras e fantasias. Isoladamente ainda vê-se aqui e acolá, uma pessoa ou um pequeno grupo com uma troça, uma brincadeira, e até o "new-peleguismo" baiano sepultou a irreverência da Mudança do Garcia. De maneira que o lanzudo como mote seria legal.


Outra coisa: o lobisomem é um personagem baiano também de Salvador. Aqui na capital do Barão do Coco Verde e dos "Dendês no Sangue", estes personagens que residem no Rio/SP e que só amam a Bahia na época do Carnaval, há vários lobisomens. Na Fazenda Grande do Retiro mesmo tem um deles. Na Boca da Mata o representante desta espécie está sempre aprontado e até no Cosme de Farias tem um lanzudo. Até no BAXVI de ontem viu-se um lobisomem assistindo o jogo em Pituaçu.