Está em cartaz no MASP, em São Paulo, O Mundo Mágico de Marc Chagall - O Sonho e a Vida. A mostra apresenta séries de gravuras produzidas entre as décadas de 20 a 50.
Sob a curadoria do museólogo Fábio Magalhães, a mostra é uma versão reduzida da exposição que passou por Belo Horizonte e Rio de Janeiro no ano passado.
"Em São Paulo o foco está somente nas gravuras. O grosso da mostra é composto por três séries: "As Fábulas de La Fontaine", "A Bíblia" e "Dafne e Cloé", fundamentais para entender a sua trajetória", diz o curador.
As duas primeiras séries foram feitas em metal, já a última, Dafne e Cloé foi feita em pedra, na técnica denominada litogravura, que se tornou a preferida de Chagall até a sua morte.
De acordo com Magalhães, nessa série, ele chegou a uma qualidade de cor excepcional. Eram necessárias entre 20 e 25 matrizes diferentes para chegar ao resultado desejado. Assim ele conseguia colocar na gravura tudo que havia feito nos estudos em guaches.
É a maior exibição dedicada ao artista no país, desde a sala especial na Bienal Internacional de São Paulo, em 1957. As peças foram garimpadas de instituições russas e suíças, além de coleções particulares.
Marc chagall nasceu na Rússia em 1887, foi naturalizado francês, morreu em 1985 aos 98 anos, em Saint-Paul de Vence, no sul da França. Sua vida foi marcada por grandes adversidades, sobreviveu a guerras, revoluções e ao nazismo, passando por fugas e exílio.
Na arte conviveu e se envolveu com poetas e pintores modernos da época, entre eles Apollinaire, Léger, Modigliani e Pablo Picasso. Experimentou os vários movimentos da arte européia: o cubismo, o fauvismo, o expressionismo e o surrealismo.
Questionou as regras estéticas estabelecidas, e intensificou a sua relação com a poesia e a literatura. Moldou todo esse conhecimento ao seu jeito e criou uma arte pessoal e totalmente original.
Ao construir a sua própria linguagem incorporou várias tendências, como a tradição da arte popular russa que explorou com cores fortes e figuras flutuantes.
Criou um mundo colorido de mitos e magia, cheio de estranhas criaturas e inusitados temas, como uma vaca tocando violino, um peixe voador e tantas outras figuras encantadoras e poéticas.
Chagall fez uma arte bela, no puro sentido da palavra, e por esse motivo foi vítima de preconceito da vanguarda, que entendia que a arte sedutora seria uma arte mais fácil de produzir, e assim, marcada como uma arte menor.
Seu estilo é tão marcante que não houve seguidores, não fez escola. Apesar disso é considerado um dos maiores pintores do século passado e um dos grandes coloristas da história.
Essa importante exposição fica em cartaz no MASP, em São Paulo, até o dia 28 de março. Como é raro ver obras de Chagall no Brasil, realmente é uma oportunidade única.