Cultura

LONDRES SE RENOVA E SEPULTA PRETO BÁSICO NAS RUAS, POR TASSO FRANCO

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| 24/01/2010 às 22:18
Até os antigos táxis pretos ganharam novas cores na capital inglesa
Foto: BJÁ

LONDRES - Revejo esta cidade 23 anos após ter morado aqui uma temporada, entre 1987/1988, e sinto que a romana London-London, cantada pelos The Beatles, continua sendo a melhor localidade da Europa. Paris pode ter mais fama e charme com seus bistrôs, cafés e sua intensa vida cultural, mas, a terra de Elizabeth II, a longeva soberana adorada por seus súditos, é mais atraente, sui-generis e única no planeta.

  
Pra começo de conversa, ainda como tradição romana de quase 2000 anos, porque as carroças dos césares trafegavam pela esquerda desde a ocupação logo no início da era cristã, ainda hoje os veículos ingleses têm volantes postos nos carros no lado direito e rodam pela esquerda, diferente de qualquer outra parte do mundo. Os súditos de SM usam casacas e luvas em algumas lojas e restaurantes, normalmente, e tradição é uma palavra tão respeitada quanto batata inglesa, presente no café da manhã, almoço e jantar.

  
Nesse tempo de Bin Laden, entrar no Reino Unido é tão complicado como na época da Guerra Fria. Não tem conversa: mesmo os europeus, passar em qualquer fronteira da ilha, pode ser no porto de Doover ou no aeroporto da capital inglesa, tem que mostrar documentos. Brasileiro, então, necessita dizer para onde vai, quando volta, mostrar a papelada de reserva do hotel, e, em alguns casos até revelar a quantidade de dinheiro que leva. Os agentes de controle alfandegário são uns carrapatos.

  
Quer mais outro detalhe: na Europa toda a moeda circulante é o euro. No Reino Unido, a libra (pound) esterlina com efígie da rainha, que vale entre 1.20 a 1.30 do euro. Pouquíssimas lojas em London recebem euros. E não adianta conversar: ou você passa o cartão ou vá trocar seus euros numa casa de câmbio. Táxi só recebe libras. As casas de souvenirs controladas pelos indianos, em sua maioria, algumas recebem euros e fazem câmbio. Pechincar na Inglaterra! Dependendo da situação pode pechinchar que tem um desconto.

  
Essas são algumas das pequenas sutilezas dos londrinos. Agora, vale a pena uma visita a esta cidade para verificar quanto avançou nesses últimos 23 anos, base da minha referência, quer no transporte público, de excelente qualidade; na educação, saúde e nos códigos de prestações de serviços de toda natureza. Se o valor do táxi for 9.90 libras e você der uma nota de 10 libras, ele lhe volta o troca de 0,10.  Aqueles antigos táxis pretos, horrendos, foram substituidos por modelos mais modernos, pequenos, coloridos e com merchandising postos em laterais, com bastante criatividade.

  
Os velhos ônibus de dois andares (outra peculiaridade que só se vê por aqui) estão com uma frota novíssima e o metrô corta a cidade de ponta-a-ponta, com 300 estações, algumas delas completamente automatizadas. Tudo integrado, bilhete único, com compra que pode ser feita em qualquer das estações. A mobilidade em Londres é 500 vezes melhor que em Paris, esta uma cidade engarrafada, confusa, e mil anos luz à frente de Salvador.

  
Mais uma referência de evolução dos tempos da década de 1980 para cá é que as pessoas mudaram, o homem e a mulher inglesa, apesar do seu sóbrio estilo, estão mais alegres, se vestem e comem influenciados pela contemporaneidade, nada mais daquele preto básico sombrio e de chá com torradas, e a cidade ganhou novos atrativos desde a London Eye (a roda supergigante) a equipamentos extraordinários em casas de espetáculos de toda natureza. A arquitetura da West River Thames é toda em aço e vidro, com prédios e escritórios bastante interessantes. Adeus tijolos e britas.

  
Em rápidas pinceladas é isso aí. Tendo oportunidade não deixe de vir a Londres porque tanto você pode ir ao Museu do Terror quanto tomar um coche com um condutor de casaca. A cidade está recebendo enormes investimentos para abrigar os Jogos Olímpicos de 2012.
 
E, em nenhum outro lugar do mundo há uma monarquia tão adorada, que acalenta sonhos, desperta emoções e movimenta sua indústria turística. Uma diferença enorme para as monarquias da Espanha ou da Holanda. Não se visita a Espanha para ver o rei Juan Carlos. No Reino Unido é uma obsessão. Em frente ao Palácio Real, em Buckingham, são milhões de pessoas por ano que passam nos seus arredores atraídos pela coroa inglesa.