Cultura

ASSEMBLEIA LEGISLATIVA LANÇA MAIS 5 LIVROS DA COLEÇÃO GENTE DA BAHIA

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| 14/12/2009 às 22:28
Mestre Vicente Pastinha entre os biografados nesta terça, 15, na ALBA
Foto: WORDPRESS

A Assembleia Legislativa lança nesta terça-feira, às 16h30min, outros cinco livros da coleção "Gente da Bahia". As publicações trazem os perfis biográficos de baianos como o artista plástico Juarez Paraíso, o abade Dom Timóteo Amoroso, o capoeirista Mestre Pastinha e os irmãos Nélson e Edison Carneiro, este antropólogo, aquele senador da República. Esta coleção já publicou seis títulos e procura resgatar a memória de personalidades das mais diversas áreas da vida da Bahia, ícones de sua época e daquilo que se convencionou chamar de "baianidade".


O presidente do Legislativo, deputado Marcelo Nilo, idealizou esta coleção, priorizando esse trabalho de pesquisa e divulgação da história pessoal de baianos ilustres "ainda que nem todos tenham nascido aqui, mas que tenham adotado a Bahia ou sido adotados", evitando-se o esgarçamento progressivo dessas memórias. Ele assegura que a edição de livros foi a ação que mais satisfação lhe deu no exercício da presidência da Assembleia Legislativa e gosta de citar a máxima de Monteiro Lobato: "Um país se faz com homens e livros".


A coleção "Gente da Bahia" não foi instituída com a pretensão de ser uma biografia completa, mas de oferecer às novas gerações informações básicas sobre cidadãos (nascidos aqui, ou que adotaram e foram adotados pela Bahia e pelos baianos), que se sobressaíram em suas áreas de atuação. Transformando-se, na falta de palavra melhor, em personagens que, amalgamados tornaram-se o cerne da Bahia do misticismo, do sincretismo, da cultura, musicalidade, da criatividade, rebeldia e inovação que a tornou mítica, louvada em prosa e verso em todo o Brasil.


Os lançamentos acontecerão no saguão Nestor Duarte, no prédio principal do Legislativo, local onde os autores irão autografá-los. Os volumes serão distribuídos gratuitamente. A solenidade desse ato será quebrada com a apresentação de um grupo de capoeiristas ligados ao estilo Angola (o professado pelo Mestre Pastinha), trazidos por Gildo (Alfinete) Lemos Couto, "semente verdadeira de Pastinha", que, auxiliados por três tocadores de berimbau jogarão um pouco de capoeira no local.
 

Os livros que serão lançados hoje foram escritos pelo poeta e escritor, Cláudius Portugal (Juarez Paraíso - Um mestre na arte da Bahia); pelo publicitário e professor universitário, Fabiano Oliveira (Dom Timóteo - A força de um abade amoroso e Nélson Carneiro - Um parlamentar à frente do seu tempo); pelos jornalistas Otto Freitas e José de Jesus Barreto (Pastinha - O grande mestre da capoeira Angola); e pelo jornalista Biaggio Talento e o historiador Luiz Alberto Couceiro, Edison Carneiro - O mestre antigo).

Em março outros cinco livros da coleção serão lançados. Naquela oportunidade tendo como biografados o gravador Calasans Neto - escrito pelo jornalista Marcos Navarro; o maestro Lindemberg Cardoso - pelo jornalista Eduardo Bastos; o alfaiate Walter Spinelli - pela jornalista Patrícia Sá Moura; o pianista e compositor Carlos Lacerda - pela jornalista Maria José Quadros; e o geógrafo e cientista Milton Santos, escrito pelo jornalista Waldomiro Júnior.


MESTRE PASTINHA

 

Dessa turma de personalidades - a grande maioria nascida e alguns adotados pela Mãe Preta Bahia -, todas marcantes dentro do mundo cultural baiano desses seis/sete últimas décadas, apenas Juarez Paraíso continua em plena atividade, pintando, criando, dando aulas, orientando gerações. Ler esses perfis é mergulhar na compreensão da história  dessa terra tão singular, sobretudo pela mistura de tantos signos culturais. Esses eleitos

foram/são protagonistas, cada um no seu fazer, do cabedal baiano que tanto nos orgulha e diferencia.


O Mestre Pastinha, sem dúvida o menos ilustrado dessa turma, deixou uma herança angoleira que se espalhou pelos cinco continentes e também ensinamentos de um sábio mulato nascido e criado nas ruas e becos do centro histórico de Salvador. Sua academia de Capoeira Angola foi uma referência no Pelourinho:

‘Tudo o que penso da capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da academia. Em cima só essas três palavras: Angola, Capoeira, Mãe.  E embaixo, o pensamento: Mandinga de escravo em ânsia de liberdade; seu princípio não tem método; seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista'.