Cultura

EDUFBA LANÇA "GABRIELA, BAIANA DE TODAS AS CORES", DE SONIA REGINA

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| 30/11/2009 às 18:10

A Editora da Universidade Federal da Bahia (EDUFBA) convida a todos, na próxima quinta-feira (03), às 18 horas, para o lançamento do livro Gabriela, baiana de todas as cores, de autoria da escritora e artista plástica Sonia Regina Caldas, na Galeria do Livro & Arte.


Resultante da tese de doutorado de Sonia Regina Caldas, o ensaio vem cumprir o papel de proporcionar aos estudiosos de literatura uma visão pormenorizada das ilustrações e das capas de várias edições do romance Gabriela, cravo e canela, no Brasil e no mundo.


O grande desafio é promover incessantemente um canal de experiências e de intercâmbios culturais, incentivando e sistematizando a produção de estudos, teses e ensaios realizados a partir da obra de Jorge Amado, contribuindo dessa maneira para a divulgação de novas idéias e conceitos, estimulando a formação de uma consciência quanto à importância da literatura para a fixação de uma memória cultural.


Gabriela, baiana de todas as cores  traz um passeio pelas várias capas das edições do romance amadiano Gabriela, Cravo e canela. Faz leitura das imagens culturais da baianidade nas capas brasileiras e, por ilação, nas capas estrangeiras, os ícones que sugeririam o imaginário do Brasil e do seu povo. Este trabalho tenta responder algumas questões tais como: Baianos e estrangeiros a lêem a mulher baiana da mesma maneira? Os críticos de outras culturas e mesmo de outras regiões do País lêem a Bahia como uma região exótica? As representações das capas deste livro de Amado fazem a leitura da Bahia e metonimicamente do Brasil?

A partir da percepção de que o livro é uma mercadoria como as outras, dado o seu aspecto "nobre", considerando suas origens e finalidade, foram observadas várias modificações gráficas importantes em cada edição. A partir dessas constatações, Sônia Regina levanta a hipótese de que estas modificações influenciariam na dialogicidade da obra literária com o leitor e, consequentemente, no reconhecimento profissional de Amado. Com essa perspectiva, a autora observa como a obra literária Gabriela, Cravo e Canela, expressão de uma cultura,  vem sendo mostrada através do discurso das capas e como aparecem as fissuras de sentido devido às diferentes condições de leitura.

Dada a importância da capa como embalagem de um produto, a autora verifica que esta, como rotulagem da obra Gabriela, cravo e canela, era modificada  em edições nacionais e, radicalmente, em algumas edições estrangeiras, alterando o enfoque, a depender dos interesses editoriais.


Este trabalho observa quarenta e oito capas, sendo selecionadas para análise nove capas brasileiras e nove capas estrangeiras.


Os critérios e as implicações para a análise dos discursos dessas capas foram: a origem das capas, data da edição, autoria, técnica artística usada na ilustração e informações que poderiam promover uma aproximação com as condições de produção do autor da capa e com a cultura local. Foram ainda contempladas a situação do contexto social no momento de lançamento da edição e uma resumida biografia dos ilustradores, ou de quem assinava a capa, apesar de, na maioria das vezes, não ter sido encontrado registro destes profissionais nas edições, fato que sinaliza para uma falha dos editores.


A autora relaciona o livro com um dos sentidos que este possui, que é o de "luz" para a humanidade, e estabeleceu um diálogo interessante entre o livro e a cor, como produto da luz, para fazer ver as múltiplas cores da Gabriela.


Trata-se de um trabalho de análise dos processos constitutivos dos vários tipos de linguagem, dos efeitos de sentido, das ideologias infiltradas, da influência das ilustrações e do dialogismo com o público-alvo das diferentes culturas. O texto fica à disposição dos leitores, como sugestão para uma reflexão sobre os processos de produção de sentidos e de como aquilo que parece ser evidente ou sem-sentido se entrelaça, se transforma e pode estabelecer novos gestos de interpretação. Vale à pena ler!