Cultura

CASA MUSEU SOLAR SANTO ANTONIO COM MOSTRA DA ARTE DE JOÃO DI SOUZA

Vide comentário de Dimitri Ganzelevitch
| 26/11/2009 às 09:20
Expo abre no próximo dia 2 no Centro Histórico de Salvador
Foto: TV Cultura
  No próximo dia 2 será aberto na Casa-Museu Solar Santo Antonio a exposição individual de João Di Souza, jovem baiano radicado em São Paulo.

  João di Souza saiu, no princípio do milênio, de Itabuna para São Paulo de carona, com dez reais no bolso e duzentos sonhos na cabeça. Queria ser bailarino. Um novo Gene Kelly, talvez?


  Pequenos contratos, figuração em programas de televisão, bicos sem futuro, desânimo...


  Até pegar nos pinceis esquecidos no cavalete do amigo Tito, que o hospedava, e começar a trilhar outras formas de expressar sua sensibilidade. Ao mesmo tempo descobrirá, antes mesmo que os clássicos e modernistas brasileiros, a escola dos muralistas mexicanos e a incontornável, sofrida, musical e metafísica Frida Kahlo.


Desde a modesta participação, em 2002, numa coletiva da galeria Anna Blume (SP) até a presente exposição individual na Casa-Museu Solar Santo Antônio, o jovem baiano andou com botas de sete léguas. Impressiona sua biblioteca de livros de arte, livros que invadem o apartamento inteiro e que são as referências/influências  claramente anunciadas. ´

Aqui estão, num piscar de olho, não somente os mexicanos, mas Pierre et Gilles, Velásquez e outros que, disfarçados de alegres malabaristas circenses, entram numa ciranda bem nordestina encharcada de exagerados coloridos.


Apresentar estes grandes e generosos estandartes celebrando, com devido onirismo, baianas, santos e estrelas da MPB é uma lógica coerência com as propostas ecléticas da Casa-Museu. Vão se misturando as expressões populares da fé e da fama, tão ostensivas nas festas de largo que neste exato instante começam em Salvador. Uma sensualidade implícita chega sem pestanejar para logo deixar espaço a um erotismo explicito. Ambas marcas indeléveis do povão nordestino. 


João di Souza freqüenta com assiduidade todos os centros culturais, todas as galerias de arte contemporâneas de São Paulo, sem porém jamais abandonar os paradigmas telúricos de sua infância. Estamos frente a um artista que poderá evoluir muito no seu vocabulário, mas com certeza permanecerá fiel a sua linguagem.


Dimitri Ganzelevitch