Os projetos vencedores foram anunciados no Diário Oficial, nos primeiros dias de agosto. Desde então, espera-se para a edição dos projetos, os livros contemplados.
Em vão. Não adianta e-mails, telefonemas, nada. Ninguém informa nada.
A espera torna-se uma agonia, em função dos compromissos assumidos, do final do ano, do chamado ‘exercício findo'. Nada, nem um alô, nenhum raio de esperança.
E o tititi rasteiro alastra-se, sem que ninguém assuma um ai. ‘Não há verba', ‘o governo não está pagando', ‘nenhuma perspectiva', ‘ tão guardando a grana para a campanha de paroano', ‘ a Fazenda não está liberando nada' ... Calote geral?
Ora, nem é tanto dinheiro assim e fazer e editar livros é uma arte nobre... e essencial nesta Bahia de uma cultura tão rica e que já foi tão pródiga. Hoje em dia, autores, gráficas e editoras vivem a mendigar... muitas atreladas aos Governos para não fechar as portas ou morrer de fome. Ah, fica um sentimento de frustração imeeeenso!
Mas... e livro rende voto ?
O que se sabe é que o dinheiro sempre aparece para projetos que nada têm a ver conosco, com o fazer local, com a cor de nossa pele. Como a caríssima exposição interativa de uma ‘artista' européia que recebeu uma carta do amante dando-lhe um fora, e... ela, muito doída e sabida, transformou a amargura num evento pra ganhar dinheiro.
Ora, pois, homi quá sinhô me deixe!
Mas é só um exemplo, entre tantas instalações que aparecem por aí e nada dizem.
Bem, voltando à questão da verba do Edital de 2008 (!!!) a situação é tão vexatória que os editais de 2009 sequer foram lançados. Como, se nem falam em pagar os vencedores de 2008, não é mesmo?
O mais estranho nesse caso é que, a despeito das afinidades político-eleitoreiras, nesse campo da cultura a nossa histórica Bahia vai na contramão do país. Enquanto o ministro Juca Ferreira, baiano, anuncia medidas eficazes estimulando a autoria, a edição e a leitura de livros... - essenciais na formação dos jovens - , por aqui ... editores, gráficas e os autores novos padecem. O autor baiano tem de se mudar, buscar editora no Sul.
As editoras vivem à míngua. As gráficas, a absoluta maioria de má qualidade, penam. As livrarias fecham as portas, buscam diversificar as atividades para sobreviver...
E assim vamos nós, viva o bundalelê, o carnaval vem aí, pra quê mais?
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Na semana passada, ainda sem fugir do tema ‘cultura', a Arfoc comemorou 60 anos e sua nova diretoria (Luis Hermano, Walter Lessa...) realizou um encontro na Câmara Municipal com a presença de Evandro Teixeira, de Sérgio Vital Jorge - fotógrafos reconhecidos e premiados mundialmente -, quando foi feita uma homenagem ao decano Gervásio Batista, fundador da Arfoc, o fotógrafo dos presidentes da República, de Getúlio Vargas a Lula, baiano que é uma história viva.
Pois bem, o plenário da Câmara estava quase vazio. Neca de vereador, neca de prefeito, neca de ninguém da área cultural do Estado. Nenhum reconhecimento. Ah, Bahia tão ingrata com seus filhos!
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O artista plástico Emanoel Araújo fala disso na bela e forte entrevista que saiu na revista Muito do jornal A Tarde, nesse fim de semana. Leitura obrigatória. Viva Emanoel !
A gente precisa tomar vergonha. A Bahia precisa resgatar sua identidade, dar valor à sua história, ter orgulho de sua negrice, de sua branquice, de sua caboclice, de sua mistura.
Ou viramos um lixo de rebolados e gritinhos em cima de trio-elétrico.
Os livros servem para perpetuar a cultura, o fazer de um povo. A leitura forja uma civilização.
Queremos Ruy (o Barbosa e o Espinheira Filho), queremos Castro Alves, Jorge Amado, João Ubaldo Ribeiro, Joca, Aninha Franco ...
A Bahia se alimenta de fé e de letras !!!
Estão nos matando, aos poucos, de fome.
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Pensamento digital,
gosto de livros.
Manuseá-los, guardá-los à vista.
Riscadas no papel
As palavras emanam outros encantamentos.
A mesma palavra dita
Soa perene, escrita.
Na tela inteligente
ela é fugidia
... Zás, mutante
Escorregadia.
Outra serventia !
O signo na pedra carrega uma eternidade
que não o poema escrito na areia.
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E mais:
O grito chama a atenção
Assusta
Mas não tem o poder de um sussurro
Seduz
Impregnamos de força as palavras ...
escolhendo-as, formatando, sonorizando
engatando-as
enfeitiçando-as com o pensamento
soprando-as ao vento
ou calando-as
a curar nos barris dos sentimentos.
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Liberdade é conhecimento.
Ler liberta
Leia livro, seja livre !
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Outra:
Não é o tamanho da palavra...
É a grandeza do seu dizer.
Amor e paz
Só.