Cultura

AS ELEIÇÕES NA BAHIA E A UTILIZAÇÃO DA INTERNET, POR TASSO FRANCO

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| 30/09/2009 às 09:09
A internet terá um peso significativo nas próximas eleições na Bahia e no Brasil
Foto: Fine

            Tenho comentado neste site que as eleições majoritárias e proporcionais de 2010 terão uma forte influência do ambiente web (internet), ainda que não seja na proporção do que aconteceu nos Estados Unidos, ano passado, com a vitória de Barack Obama. Mas, será infinitamente superior ao cenário de 2006 (Lula x Alckmin), no plano nacional; (Souto x Wagner), no território baiano e, tanto isso é verdadeiro que, os pré-candidatos às eleições no estado, postulantes ao Senado, à Câmara Federal e a Assembleia Legislativa estão organizados e se preparando para isso.

           

O número de computadores no mundo atingiu 1 bilhão. Em dois anos deverá dobrar. No Brasil, são aproximadamente 42 milhões. A estimativa para 2012 aponta que o país terá 100 milhões de computadores. Num ambiente dessa natureza onde é possível acessar informações de maneira rápida e globalizada, acompanha-se a crise da diplomaria brasileira em Honduras em tempo real da mesma forma que o monitoramento do trânsito na Avenida Paralela, candidatos que não participarem desse processo vão perder eleitores e se distanciarem da nova realidade presente.

           

Há de se dizer que a população mais pobre e o "grotão" não têm acesso a esse movimento. É verdade que sua participação ainda seja restrita, mas, não é desprezível. A rede é implacável e tem uma capilaridade enorme. Além disso, a democratização da informação se expandiu nos últimos dois anos de forma impressionante na Bahia, com as lan-houses, os centros digitais públicos, o barateamento dos computadores e os webs-jornais e as páginas eletrônicas de toda natureza.


            Estabeleceu-se uma nova cultura em evolução com diferentes estágios de localidade para localidade, embora, ninguém esteja imune ou indiferente a ela. É claro que em Salvador representa uma situação e em Tapiramutá outra. Mas, ainda assim, são como vasos comunicantes porque existe uma rede e essa cultura web não representa um modismo e sim uma necessidade, inclusive no que é mais fundamental na vida humana, a área profissional, a disputa pelo mercado de trabalho.

           

                        Veja também o seguinte: nas eleições de 2006 votaram os primeiros jovens nascidos na década de 1990, então, com 16 anos de idade, quando a cultura web no Brasil já estava estabelecida. Na Bahia, como sempre as situações chegam com atraso de anos, mas, ainda assim, foi essa geração de jovens da cultura web que votou em Wagner e/ou em Souto. Agora, em 2010, essa turma está com 20 anos de idade, na idade da definição profissional e perfeitamente enquadrada na contemporaneidade, a nova era.


Segue-se até a turma nascida até 1994 e que completará 16 anos, em 2010. Esse contingente eleitoral entre 16 e 20 anos é também responsável por um novo modelo cultural antenado com o produto do mundo onde estão crescendo. E que mundo é esse? Das oportunidades globais espelhadas não mais no ambiente Bahia ou Brasil. Minha geração, por exemplo, não tinha sequer informações que fossem capazes de vislumbrar essa situação e quando um de nós fazia um MBA nos Estados Unidos ou um curso de graduação na Sorbone era uma tremenda exceção. Hoje, o quadro é diferente e disputa-se uma vaga tanto em Feira de Santana quanto em Mendoza. Além do que, a cultura web expandiu-se no âmbito da família, em todas as gerações.


 Não foi à toda a chiadeira dos baianos quando a Ford se estabeleceu na Bahia, nesta década, e os sindicalistas reclamavam que os locais não teriam vez na empresa. Havia, no estado, falta de mão de obra capacitada para isso. Esse atraso é histórico. Eu e outros abnegados jornalistas e programadores instalamos o primeiro jornal com sistema computadorizado na Bahia, em 1993, o Bahia Hoje, do empresário Pedro Irujo, quando programação de sistemas compartilhados data de 1971. Ou até antes disso. Bil Gates teve acesso à programação em tempo real, em 1968.


Então, o que parecia um sonho virou realidade. A deputada Fátima Nunes (PT) é uma política vinculada às bases populares. Poderia desprezar a internet observando-se a tese de que esse seu contingente não tem acesso a rede. No então, este ano, Fátima criou sua página web e transmite informações em tempo real para as comunidades que representa e para a imprensa, diariamente. O deputado Luis de Deus, DEM, é outro exemplo. Atua em Paulo Afonso e "grotões", além de ser um político à moda antiga. Mas, também criou a sua página.


Diria que o político baiano, na atualidade, que tira mais proveito da rede no campo majoritário é o senador César Borges usando desde o twitter a vídeos. Daí que ocupa um impressionante espaço em todas as mídias graças a essa agilidade. O ex-governador Paulo Souto solta cada veneno no seu twitter que não é brincadeira. Isso era impensável, em 2006. O líder do governo na ALBA, deputado Waldenor Pereira, PT, é outro que faz um bom uso da rede e sua mãe, dona Terezinha, acompanha a vida política e pronunciamentos do filho diretamente de Conquista pela web e ainda manda recadinhos.


E agora, o que fazer? Quem não fez corra atrás. Marina Silva já deu o exemplo do sucesso da rede em sua pré-campanha. O recado está dado.