Cultura

DANIELA FAZ CONDENSADO EM CANIBÁLIA E SHOW NÃO EMPOLGA PAULISTANOS

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| 10/08/2009 às 12:27
O espetáculo Canibália estreou no final de semana em SP depois de Lauro de Freitas
Foto: IG

Daniela Mecury estourou no início dos anos 90 com o álbum O Canto da Cidade, mas ao contrário dos artistas de axé que se lançaram no mesmo período, a cantora permitiu-se experimentar diferentes sonoridades com o passar das décadas.


Sua nova turnê, "Canibália", que estreou em São Paulo na última sexta, parece condensar todas essas vertentes musicas que a cantora de axé sintetizou em sua carreira, naquilo que foi descrito pela mesma como uma "celebração da nossa mestiçagem".

Vestida com uma blusa e saia brancas, Daniela surgiu dançando ao som de seu trio de percussionistas e acompanhada por uma trupe de dançarinos em clima austero. Aos poucos todos circularam a cantora e posteriormente deitaram-se ao seu redor.


O silêncio seguido de aplausos e em poucos segundos a roda de samba estava montada no palco. Enquanto os bailarinos sambavam Daniela cantava clássicos como "Preta Pretinha", dos Novos Baianos. Nessa primeira parte da apresentação a canção "Ilê Pérola Negra" foi a melhor recebebida pelo público que, majoritariamente sentado, reagiu balançando os braços como se estivesse seguindo o trio elétrico de Daniela no circuito Barra-Ondina.


O clima de animação cessou com uma versão de "O Que Será", de Chico Buarque, que a artista cantou num palco todo iluminado por holofotes azuis e acompanhada apenas de tambores e um triângulo.


Logo após esse recesso a animação voltou com o hit "Batuque" e uma cover de "O Que é Que a Baiana Tem", clássico de Dorival Caymmi imortalizado na voz de Carmem Miranda. Na versão de Daniela, a famosa canção recebe uma roupagem contemporânea com uma batida "sampleada" que, para surpresa dos descrentes, alcançou um resultado surpreendente - uma prova de que os experimentos anteriores da cantora com a música eletrônica chegaram a um nível de refinamento.


"Sou latina, sou baiana, sou cantora de axé", disse Daniela antes de apresentar a música "Sol do Sul", composta após uma passagem da cantora por uma Londres nublada - sem dúvida uma das melhores canções desta nova turnê.


Já sem um pedaço da saia e com as coxas à mostra, a artista canta "Quero a Felicidade", composição inspirada pelo povo angolano e sua dança típica, o Kuduro, que tanto a baiana quanto os dançarinos ensinaram aos presentes em passos que mexem o quadril de forma rápida.


Porém, nem a energia da dança de Angola ou mesmo o sucesso "Rapunzel" foram suficientes para fazer os paulistanos levantarem de suas cadeiras - até então apenas os braços dos presentes acompanhavam a animação daqueles que estavam no palco.

Metade da apresentação já foi concluída e a voz da cantora não dá sinais de cansaço, o que é impressionante, pois Daniela - que já não é uma jovem de 20 anos - não pára de pular, correr e dançar em momento algum.


Após uma breve pausa, animada pelos percussionistas da banda, a cantora voltou ao palco de vestido preto, o que marcou visualmente uma mudança de clima de show, que deixou o branco da Bahia para entrar numa atmosfera mais urbana.


Num medley voltado ao rock, Daniela fez covers de Legião Urbana ("Tempo Perdido"), Roberto Carlos ("Se Você Pensa"), Raul Seixas ("Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás"), Chico Science ("A Cidade"), Titãs ("O Quê") e Elis Regina ("Como Nossos Pais"), deixando a banda encerrar com o riff de "Black or White", de Michael Jackson.


Se no começo a apresentação foi uma "mesa branca" de umbanda, nos seus últimos momentos preto e vermelho tomaram o figurino dos dançarinos e mudaram a cara e o clima da noite. Foi nessa hora que Daniela pediu educadamente que a plateia paulista se levantasse "só um pouquinho" (Da redação do IG)

CENÁRIO


O cenário do show e o design da capa do novo CD são assinados pelo artista plástico Gringo Cardia. O figurino de Daniela, assinado por Martha Medeiros, dialoga com a música e os movimentos. Já o figurino dos bailarinos e músicos foram criados pela própria artista. Daniela Mercury e mais sete bailarinos são coreografados por Jorge Silva, reconhecido coreógrafo baiano que traz ao espetáculo movimentos assimétricos e inovadores da dança contemporânea.