Cultura

LUKAS KINTÊ VAI REPRESENTAR BAHIA NO FESTIVAL RAP POPULAR BRASILEIRO

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| 27/07/2009 às 18:44
Lukas Kintê, morador de Paripe e grande destaque da noite no Pelourinho
Foto: Genilson Coutinho

As rimas engajadas, as letras de protesto e as batidas inconfundíveis do hip hop ecoaram pelos quatro cantos do Pelô no último final de semana, quando foi realizada a etapa baiana do Festival Rap Popular Brasileiro que elegeu um representante do estado para a disputa nacional que acontecerá no próximo dia 26 de setembro, no Rio de Janeiro. O evento foi realizado pela Central Única das Favelas - CUFA com o apoio do Programa Pelourinho Cultural (Ipac/Secult)


Foram 30 grupos de rap de Salvador e do interior inscritos, deste total foram selecionados apenas doze para a eliminatória que aconteceu na sexta-feira. No sábado, restaram oito grupos que tiveram apenas vinte minutos para convencer os jurados que tinham condições de representar a Bahia na finalíssima.  Os finalistas da etapa baiana foram os grupos Outra Vidda, Mc Haggar, Convicção da Missão, Suspeito 1 2 Mc's, Mc Calibre, Lukas Kintê, Nova Sagga e Da Rua.


A banda Outra Vida foi quem abriu a noite de sábado do festival com a música "Bota a cara na lata". "Que os orixás abençoem a gente e façam desta noite a melhor possível". Foi com essas palavras que o Nego Raif abriu o show do grupo e deu boas vindas ao público que ainda chegava ao Largo Tereza Batista. "A gente quer representar a boa música da Bahia, seja o rap, reggae ou o rock", afirmou Nego Raif.


DESTAQUE

Um dos grandes destaques da noite foi o grupo Nova Sagga, formado por quatro Mc's e um DJ com idades entre 11 e 17 anos, que conquistou o público com versos maduros e letras que exaltam a cultura rap e marginalização dos moradores das zonas periféricas da cidade.


"Não desistirei da minha batalha, pra mim o rap não é fogo de palha", diz uma das músicas do grupo. Mas a música que concorreu no festival foi a intitulada de "Realidade do Gueto" que traz versos fortes e impactantes como "no gueto muita gente morre, preto leva tiro e ninguém socorre". Essa nova geração do rap não conquistou somente o público, os jurados premiaram os garotos com o 2º lugar.


O destaque da noite ficou por conta do rapper Lukas Kintê, morador de Paripe, que com a música "Surpresa" caiu no gosto da comissão julgadora, faturou a etapa baiana do festival e conquistou o direito de representar a Bahia na grande final, dia 26 de setembro, no Rio de Janeiro.


Kintê revela que são iniciativas como essas da Cufa e do Pelourinho Cultural que dão maior visibilidade ao rap baiano, proporcionando o surgimento de novos grupos do gênero. Ele fala ainda da alegria de representar o rap da Bahia. "Parabéns a todos que participaram dessa grande confraternização do hip hop, espero representar muito bem todos que estiveram aqui", conta Kintê com um imenso sorriso no rosto.


Fabiane Rodrigues, moradora do Nordeste de Amaralina e fã das rimas politizadas do rap acredita que a Bahia precisa de festivais que valorizem a cultura de rua. "O rap ainda é muito marginalizado e todo tipo de incentivo para abrir a cabeça das pessoas para esse ritmo é importante. Parabéns ao Cufa e ao Pelourinho por abraçar a nossa causa", conta Fabiane.