Cultura

FRANKLIN CARVALHO LANÇA ENCOURADO E RESSUCITA VAMPIRO DO NORDESTE

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| 01/06/2009 às 12:28

Você já imaginou alguém ressuscitar um vampiro? Imagine o caso de um vampiro nordestino. Foi o que fez o escritor e jornalista Franklin Carvalho no livro O Encourado, um conto de natal, ao resgatar um monstro do folclore brasileiro que não é registrado nem mesmo por Câmara Cascudo, que pesquisou a fundo o folclore nacional. O livro será lançado no próximo dia 9 de junho, às 18h30, na Galeria do Livro, no Espaço Glauber Rocha/Unibanco, na praça Castro Alves.


O escritor conta que há alguns anos achou um fragmento de texto que atribuía a descoberta do Encourado a uma pesquisadora chamada Nina Balle e saiu pelo mundo virtual tentando saber mais sobre o vampiro nordestino. Em todos os sites com referência à criatura, aparecia sempre a mesma informação, usando as mesmas palavras. Franklin entrou em contato com editores de páginas sobre vampiros brasileiros, mas eles não tinham nada a acrescentar. Sem mais notícias, o escritor criou uma origem para o bicho e imaginou até uma discussão sobre a "autenticidade" da fábula.


No livro, o Encourado nasce da batata da perna do seu pai e vira um vagabundo, conhecendo todas as praças nordestinas. Com o tempo, ele vai tomando gosto pelo sangue e sentindo a dor de ser rejeitado por todas as pessoas. Viaja pela pré-história, convive com personagens bíblicos e entra em crise, pasmado. No meio de sua trajetória, acaba se apaixonando pelas gravuras de Mauritius Escher, um holandês do século XX - por todo o livro, as paisagens surreais do desenhista aparecem afinadas com o texto, como fez o escritor italiano Italo Calvino, que escreveu um conto, o Castelo dos Destinos Cruzados, ilustrado, paulatinamente, pelas figuras das cartas de baralho.


No O Encourado, Franklin, que já publicou o livro de contos Câmara e Cadeia, usa uma linguagem extravagante, poética, mas bastante acessível. Ali pode se notar a fluência de Macunaíma e da literatura de cordel que tanto inspirou Ariano Suassuna. Nina Balle, que é outra personagem que o escritor não conseguiu localizar em suas pesquisas na web, aparece no conto como presença indispensável para o entendimento de tudo. E Franklin fala, finalmente, pela boca de uma personagem: "o mundo sem monstros é tão assustador..."