Cultura

CUIDADO: A CRISE MUNDIAL É BEM MAIS GRAVE, POR MARCO GAVAZZA

Vide
| 04/03/2009 às 08:01
Lula com 84% de aprovacao popular e trancado no Camarote da Sapucaí
Foto: Foto: Arquivo
 

Lendo jornais revistas dos últimos dias, fiquei com a impressão de que não é apenas o clima e a economia do nosso planeta que estão endoidecendo.  O próprio mundo parece não se importar mais com coerência ou sensatez, padecendo daquilo que os psiquiatras elegantemente chamam de desordem mental quando se referem à maluquice mesmo. Por exemplo: os Estados Unidos, paraíso, meca e berço da iniciativa privada, partem para a estatizaçao dos bancos, vendo nisso a única saída para segurar o mergulho em que entrou a sua até então indestrutível economia. 

Difícil imaginar  o Citi como um banco estatal, mas é isso que vai acontecer. Depois que -e se- passar a crise, pode ser que devolvam os bancos aos seus antigos acionistas.  Digo "pode ser" porque dificilmente Fort Knox deixará de se encantar com uma situação em que não precisa injetar trilhões de dólares para manter os empregos dos banqueiros e além disso começa a receber o que eles ganhavam e que não era pouco. 


Enquanto isso, o emirado de Dubai da noite para o dia deixa de ser a maior concentração de fortunas da Terra para se transformar num forte candidato a Terceiro Mundo, no quesito Alegorias, com seus imensos edifícios e mega shoppings. Milhares de automóveis de luxo foram abandonados no aeroporto por gente que saiu de lá às pressas, deixando para trás também mansões, iates, jatinhos e tudo mais que não puderam colocar numa mala. Com a queda dos investimentos, ficaram endividados e a lei por lá prevê cadeia para quem deve. Ficaram apenas os habitantes locais -menos de 15% da população- pois estes são impedidos de sair do oásis efervescente. Pior ainda; para eles a cadeia está pronta para recebe-los bastando para isso abrirem a boca e se queixar.


Mais piração: o povo judeu que viveu os efeitos da intolerância levada aos últimos extremos pela Alemanha do III Reich, começa a demonstrar  a mesma intolerância contra cidadãos de Israel, de origem árabe. Na verdade, são árabes que já estavam na terra prometida antes que ela se tornasse oficialmente o Estado de Israel em 1948.  Autoridades alertam para o perigo representado por este grupo que representa 20% da população de Israel e que é considerado "uma bomba relógio demográfica armada em solo israelense". Qual a seqüência disso?  Um repeteco histórico e alucinado? Um Holocausto praticado por Israel contra árabes?  Tudo é possível.


Vamos em frente. O marketing agora usa a internet como um poderosíssimo instrumento de negócios.  Não para realizar vendas, mas para descobrir o que as pessoas estão querendo, quando e como. É simples. Se eu, você e mais alguns milhares de internautas digitamos no Google a palavra -por exemplo- bicicleta,   empresas como a Hitwise, pertencente a um certo Bill Tancer, recebem do buscador um pacote com o volume diário desta busca e através de cruzamentos com outras informações de seu banco de dados descobrem que estamos preocupados com as despesas de um automóvel e procuramos alternativas para nossa movimentação. Basta vender esta informação aos fabricantes de veículos -ou aos de bicicletas, ou a ambos- para que eles tomem as devidas providências.  Ou seja, se digitarmos no Google   água e desidratação, pode ser que logo apareça no mercado pacotinhos de água em pó; ou seja água desidratada, bastando que se adicione água ao pó para que ele se transforme em... água.


Aqui no Brasil a coisa também está interessante. O Presidente Lula, com 84% de aprovação popular, chega ao sambódromo da Sapucaí disfarçado de turista, escondido, sem permitir ser anunciado, entrando sigilosamente no camarote do Governador do Rio com Dona Mariza.  Lá instalado, fica trancado numa sala com ar condicionado assistindo tudo pela televisão, com a recomendação de só aparecer na frente do camarote no início do desfile de cada escola, quando os aplausos são gerais e não se ouve nada além deles. Tudo isso com medo de levar uma inesquecível vaia transmitida ao vivo pela Globo para todo o país. E os 84% de seus aprovadores onde estavam?


Enquanto isso o Rei Roberto Carlos, que não aparece em público nem para votar, resolveu requebrar num camarote da mesma Sapucaí, distribuindo beijos e acenos para quem passasse em sua frente.


Já no exército brasileiro, explode a denúncia da existência de um ou mais grupos de militares traficando armas apreendidas ou entregues pela campanha de desarmamento. As armas que chegam aos quartéis são desviadas antes de serem destruídas ou trancadas em depósitos, voltando para as ruas alegremente nas mãos de representantes do crime organizado.  Um militar de alta patente alega que isso deve ser ação isolada de alguns colegas que passam por "dificuldades financeiras", já que um sub-tenente do exército,  por exemplo, ganha coitadinho, um soldo de apenas R$ 4.500,00 reais.  Você sabe o que faz um sub-tenente do exército em seu dia a dia de paz? Nem eu. Mas ambos sabemos como é difícil arrumar 4,5 paus por mês fora dos quartéis.


E como estamos falando em armas, é interessante saber que enquanto  nosso parque industrial civil se abastece de tecnologia no exterior para fabricar produtos como geladeiras, automóveis e televisores com algumas inovações funcionais, a nossa indústria bélica é uma das poucas no mundo que fabrica -e insiste em fabricar apesar de acordos mundiais as proibirem- as chamadas bombas clusters, armas de guerra que lançadas de bombardeiros, abrem-se antes de chegar ao solo, lançando em uma vasta extensão, milhares de pequenas bombas variando entre 100 gramas e 1 quilo de explosivos. Uma parte delas não explode ao tocar o chão e passa a funcionar como minas, matando gente anos e anos depois de terminado um conflito.  Quem imaginaria que este Brasil brasileiro, este mulato simpático, cheio de paz e festa, é um avançado fabricante de armas de alta tecnologia?


Finalmente, chegando mais perto ainda e fechando o zoom em nossa Salvador, vemos o publicitário Sérgio Guerra, nosso tão conhecido  Guerrinha, numa entrevista conduzida de tal forma que ele se posiciona e parece ser muito mais um adido militar ou um consultor estratégico em política, atuando em Angola, que um ex-produtor gráfico e homem de propaganda formado aqui mesmo, na antiga D&E sob o delicado comando do saudoso Geraldão e em outras agências locais.  É claro que Guerrinha batalhou muito, montou a Link com outros sócios e fez dela uma grande e respeitável agência, conquistando contas nacionais e inúmeros prêmios. Ganhou suas merecidas recompensas materiais e todos nós sabíamos disso. O que a gente não sabia é que a propaganda havia se transformado num pequeno detalhe de sua bem sucedida carreira.


Êta mundo doido.