Cultura

SECULT PROMOVE NOVO ENCONTRO COM REPRESENTANTES COMUNIDADES INDÍGENAS

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| 01/03/2009 às 14:03
Representantes dos kiriris estarão presentes em Salvador, dia 10/3
Foto: Foto: Arquivo

No próximo dia 10, terça-feira, a partir das 10h, uma série de eventos realizados na Praça do Campo Grande e no Teatro Castro Alves vão dar continuidade ao E-14 - Encontro das Culturas dos 14 Povos Indígenas, evento realizado de 16 a 19 outubro de 2008, na Aldeia Tuxá, em Rodelas. 


O E-14 reuniu cerca de 500 pessoas, dentre os quais 266 representantes indígenas dos povos Atikum, Kaimbê, Kiriri, Kantaruré, Pankararé, Pankaru, Pataxó, Hã-Hã-Hãe, Payayá, Truká, Tumbalalá, Tupã, Tupinambá, Tuxá E Xucuru-Kariri.


"Vamos reunir grande parte da comunidade indígena que participou do E-14 para a primeira reunião de trabalho, após o encontro, entre o Governo do Estado e as lideranças indígenas", diz o coordenador do Núcleo de Culturas Populares e Identitárias da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult-BA), Hirton Fernandes.
 
"Nosso objetivo é o encaminhamento conjunto das demandas apontadas pelos grupos que se reuniram durante o E-14, como a realização de diversas atividades, entre elas, a estréia do documentário rodado durante os três dias de evento, que será exibido na sala principal do TCA."


Fernandes explica que a idéia é que as atividades sejam um desdobramento construtivo da experiência vivida durante o E14 e que a reunião seja um ponto de partida para o desenvolvimento de um trabalho conjunto entre os povos indígenas e o Estado.

A programação no dia 10.03 começa às 10h, com uma exposição de arte popular indígena, realizada em parceria com o Instituto Mauá, na Praça 2 de Julho (Campo Grande). Na ocasião, artefatos em madeira, barro, instrumentos musicais e utensílios estarão à venda.


Às 17h30, cerca de 150 indígenas de diversos povos da Bahia se reunirão aos pés da estátua do Caboclo, na mesma Praça, para a realização do ritual do Toré. O Toré é um ritual sagrado, comum a todos os povos indígenas da América, no qual seus participantes entoam cânticos tradicionais e ancestrais para buscarem integração com as forças da natureza.


Exposição


Como parte da programação do E14+, a exposição "Os Tupinambá de Kirimuré" será aberta às 19h, no foyer do Teatro Castro Alves. Organizada pela professora Maria Hilda Baqueiro Paraíso, doutora em História Social pela Universidade de São Paulo e professora do departamento de História da Universidade Federal da Bahia, a exposição pretende sinalizar a presença indígena na área da Baía de Todos os Santos, por eles chamada de Kirimuré, nos séculos XVI e XVII.


"Através de recursos visuais e fotografias, a exposição vai identificar os locais onde os indígenas haviam construído suas aldeias, os espaços dos aldeamentos administrados por particulares e por jesuítas, apontar onde ocorreram as várias revoltas indígenas e os aldeamentos que compunham o sistema de defesa da Cidade do Salvador nesse período", explica a doutora. "Queremos que a exposição revele o destino desses indígenas, a expropriação de seus territórios, suas formas de resistência e seu papel na edificação, defesa e desenvolvimento da capital da América Portuguesa", completa Maria Hilda.


Documentário reflete
os anseios dos povos
indígenas da Bahia


Com direção geral de Walter da Silveira, um documentário de 52 minutos aborda as tradições culturais dos povos indígenas, através de entrevistas e imagens, que revelam mitos e lendas, crenças, pinturas e o ritual do Toré, entre outras manifestações que aconteceram durante o E14 - Encontro das Culturas dos 14 Povos Indígenas. A exibição terá início às 20h, na sala principal do Teatro Castro Alves.


Além de ser um documento audiovisual do Encontro, que contou com a participação de mulheres, jovens, pajé e lideranças das varias etnias, o documentário tem um tom político, ao tratar da questão da aldeia dos povos Tuxá, local onde foi realizado o evento. Há 20 anos, os Tuxá foram relocados da Ilha da Viúva, onde era localizada a sua aldeia, por conta da construção de uma usina hidrelétrica, aspecto também abordado no documentário.


A iniciativa de reunir esses povos indígenas - reconhecidos ou em processo de reconhecimento - partiu da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e a construção e realização do Encontro é o resultado de articulações da SECULT/Núcleo de Culturas Populares e Identitárias em parceria com as Secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Educação, Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda, Meio Ambiente, além da Funai - Fundação Nacional do Índio e suas representações estaduais, lideranças indígenas Pataxó, Kiriri e Tuxá, as Universidades Federal e Católica da Bahia, além da ANAI Associação Nacional de Apoio Indigenista.